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Empresas com bom resultado são mais corruptas

Pesquisa feita nos Estados Unidos mostra que a exigência por desempenho cada vez melhor leva executivos a agir ilegalmente

Por pressão das expectativas ou sensação de infalibilidade, os executivos podem cometer mais crimes nas empresas (.)

Por pressão das expectativas ou sensação de infalibilidade, os executivos podem cometer mais crimes nas empresas (.)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2010 às 15h39.

São Paulo - A obrigação de entregar resultados cada vez melhores nas empresas leva muitos executivos a recorrer ao crime para corresponder às expectativas. Esta é a conclusão de um estudo feito por integrantes de quatro universidades dos Estados Unidos. Em artigo publicado recentemente no periódico Academy of Management Journal, os pesquisadores mostram que à medida que as empresas ganhavam mais reconhecimento, mais irregularidades eram cometidas.

O levantamento considerou 194 companhias americanas do setor industrial que apareceram no índice S&P 500, que elenca as maiores em valor de mercado, feito pela Standard & Poor’s. O período de análise foi de 1990 a 1999, e as principais fontes de informação foram jornais, documentos da SEC - órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos, como a CVM - e registros da Corporate Crime Reporter - uma newsletter especializada em crimes e infrações cometidas por empresas. Ao todo, os pesquisadores encontraram quase 500 casos de ilegalidades corporativas, sem considerar os atos cometidos em benefício próprio do executivo.

Esse número levou-os a enxergar uma relação direta entre o crescimento da empresa, somado ao seu reconhecimento, e o aumento das ações ilegais tomadas para manter o ritmo de desenvolvimento. A constatação foi verdadeira principalmente entre as empresas mais conhecidas, que figuraram na lista da revista Fortune das 500 mais admiradas.

Complexo de Deus

Para os autores da pesquisa, o fenômeno tem duas possíveis explicações. A primeira é que, com a exigência de resultados cada vez mais positivos, os executivos assumem o risco de serem pegos cometendo infrações para manter a trajetória ascendente da empresa. A segunda possibilidade é que os gestores podem se sentir tão infalíveis que, ao cometerem crimes para manter os bons resultados, não se sentem culpados e ainda consideram que as leis não se aplicam a eles.

Segundo os estudiosos, os diretores das companhias devem aliviar a pressão sobre resultados e metas imediatos, colocando o crescimento em longo prazo como regra. Outra sugestão para evitar tais problemas é instituir, entre analistas e investidores, a consciência de que é preciso moderar as expectativas sobre o desempenho das empresas em relação ao trimestre anterior.
 

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