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Empresa responsável pelo 7x1 da Alemanha lança o mesmo serviço no Brasil

A gigante de software SAP conquistou a seleção alemã pouco antes da Copa do Mundo de 2014. Agora, quer oferecer sua tecnologia a clubes brasileiros

Seleção da Alemanha na Copa do Mundo de 2014: alemães atropelaram jogadores brasileiros e cravaram, em terras nacionais, um placar de 7 gols contra 1 (Matthias Hangst/Getty Images)

Seleção da Alemanha na Copa do Mundo de 2014: alemães atropelaram jogadores brasileiros e cravaram, em terras nacionais, um placar de 7 gols contra 1 (Matthias Hangst/Getty Images)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 23 de junho de 2018 às 07h00.

Última atualização em 23 de junho de 2018 às 07h00.

São Paulo - Mesmo o clima de festa gerado pela Copa do Mundo de 2018 não apaga da memória dos brasileiros uma fatídica partida de futebol, realizada quatro anos atrás: aquela em que a seleção da Alemanha atropelou os jogadores brasileiros e cravou, em terras nacionais, um placar de 7 gols contra 1.

Poucos sabem, mas a vitória alemã teve uma boa ajuda da tecnologia - e, mais especificamente, da gigante de software SAP.

A empresa elaborou um programa que ajuda a melhorar o desempenho da comissão técnica e da equipe - e sem precisar elencar os melhores jogadores do mundo para isso. A empresa, agora, quer expandir a mesma solução usada pela seleção alemã para um mercado com muito potencial: o de clubes de futebol brasileiros.

Tecnologia nos pés

A parceria entre SAP e seleção alemã começou pouco antes da Copa do Mundo de 2014, quando o empreendimento recebeu a visita da equipe em sua sede de Palo Alto (Califórnia, Estados Unidos).

Em uma sessão de brainstorm e design thinking - processo de resolução de um problema compreendido por imersão, análise, síntese, ideação e prototipação de uma solução -, a SAP descobriu que o grande problema da seleção era aproveitar sua geração de dados futebolísticos e integrar seus departamentos de esporte profissional.

Até aquele momento, as informações estavam isoladas em áreas específicas da comissão técnica e relatórios eram feitos de forma desintegrada. A cada troca de gestão, esses dados não permaneciam registrados em um sistema para a posteridade. “Não havia um acesso amigável aos que deveriam ver esses inputs - fisioterapeutas, jogadores, técnicos e recrutadores”, afirma Denis Tassitano, diretor de vendas da SAP no Brasil.

Para resolver essa dor, a SAP criou um sistema de gerenciamento chamado Sports One - antigamente chamado de Match Insights. O software na nuvem ajuda clubes a digitalizarem informações em tempo real da performance de seus jogadores e compartilhá-las com diversos departamentos, seja no computador ou no smartphone.

É um grande volume de dados: segundo a gigante, dez jogadores com três bolas geram mais de sete milhões de dados em apenas dez minutos. Essa tecnologia de big data é operacionalizada por meio da plataforma de processamento de dados em tempo real SAP HANA.

A partir dos inputs, é possível gerar análises não só sobre como seu time poderia melhorar - mas como poderia derrotar um adversário específico, como a seleção brasileira. É possível criar perfis de seus jogadores; escolher o treinamento ideal; verificar indicadores de saúde; agendar consultas com fisioterapeutas e médicos; identificar o jogador ideal para ser contratado; e otimizar a preparação do elenco ao assistir vídeos de partidas decisivas, importados de diversos provedores de filmagens.

Com o material, o departamento de análise do clube consegue conferir que o Neymar costuma driblar para a esquerda, por exemplo. A partir desse dado, define como cada jogador alemão deveria marcar o atacante brasileiro.

“A comissão técnica que carrega a inteligência para nossa solução”, afirma Tassitano. “No fim, conseguimos estruturar o clube de forma a depender cada vez menos apenas da habilidade de alguns. A Alemanha consegue estar há muito no tempo no auge do futebol por ter a melhor organização do mundo, mesmo que sua última Bola de Ouro da FIFA [prêmio que reconhece o melhor jogador do mundo] tenha sido em 1990.”

Após a estreia na Copa do Mundo de 2014, a Sports One começou a ganhar mercado. Passar os dois anos seguintes melhorando sua análise preditiva (por exemplo, calcular a chance de uma contusão futura) foi fundamental para conquistar clientes como os times Bayern de Munich, Borussia Dortmund e Manchester City. A solução também é usada em esportes como basquete, esqui, handebol, hóquei e rúgbi.

Para as seleções concorrentes, cuidado: o trabalho com a Alemanha continua na Copa do Mundo de 2018. E, com mais tempo de uso, mais eficiente é o software da SAP. “O sistema usa machine learning, o que significa que aprende de acordo com o volume de informações inseridas.”

A SAP é uma gigante avaliada em 140 bilhões de dólares (na cotação atual, cerca de 528,3 bilhões de reais). A empresa de software não está sozinha no mercado de big data para os esportes, disputando contra players como a também gigante IBM, com um trabalho mais focado no tênis.

Expansão nacional

O Sports One chegou neste mês ao Brasil - e o diretor de vendas da SAP está otimista com o potencial da solução em solo nacional.

Segundo Tassitano, desde os anos 2000, os doze principais times de futebol trocaram de comissão ou de técnico mais de 250 vezes. “Com um sistema unificado como o nosso, toda essa informação pertencerá aos clubes”.

A SAP diz já estar em negociação “com os principais clubes do país” e espera implementar sua solução assim que a Copa do Mundo de 2018 termine. Em breve, talvez possamos preseciar um 7x1 em pleno Brasileirão.

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