Empresa cresce num mercado bilionário que poupa até 50% o custo com aluguel
Fundada em Belo Horizonte, Woba aluga escritórios compartilhados, os chamados coworkings. A aposta, agora, é crescer na organização de eventos corporativos em espaços diferentões, como bares e até cinemas
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 22 de novembro de 2024 às 11h58.
O mercado brasileiro de coworkings continua em expansão. Em 2023, o número de espaços cresceu 22%, saltando de 2.443 para 2.986, segundo o Censo Coworking, realizado pela Woba, uma das empresas líderes na América Latina na locação de espaços compartilhados.
O faturamento do setor ultrapassou R$ 1 bilhão no ano passado, com projeções de que os coworkings ocuparão 30% das áreas corporativas até 2030. Para as empresas, que enfrentam aumentos nos custos fixos, esses espaços oferecem uma alternativa que pode reduzir em até 50% os gastos com aluguel e infraestrutura.
Embora muitas empresas estejam retomando o trabalho presencial, os escritórios compartilhados se tornaram uma opção estratégica, principalmente para operações híbridas. Modelos como o da Woba permitem que uma empresa alugue uma sala de reunião por um dia ou várias estações de trabalho por períodos específicos, ajustando os custos à demanda.
“Os coworkings deixaram de ser só uma solução para startups e passaram a fazer parte da estratégia de empresas maiores que buscam otimizar custos”, afirma Marco Crespo, presidente do conselho da Woba.
Uma ideia de Belo Horizonte que cresceu pelo Brasil
A Woba foi fundada em 2017, em Belo Horizonte, quando ainda se chamava BeerOrCoffee. Roberta Vasconcellos, uma das fundadoras e atual CEO (Chief Executive Officer, ou diretora-geral), teve a ideia ao observar as mudanças no mercado de trabalho e a necessidade de soluções mais econômicas e práticas para empresas de todos os portes. A proposta inicial conectava pequenos escritórios e profissionais autônomos a espaços compartilhados.
Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC Minas, Vasconcellos deu seus primeiros passos no mercado como gerente de contas e vendedora. Em 2009, ingressou na startup Sambatech, onde se envolveu no ecossistema de inovação em Belo Horizonte.
Posteriormente, foi uma das fundadoras do aplicativo Tysdo, uma rede social focada em ajudar usuários a alcançar metas pessoais, antes de criar a BeerOrCoffee. “Minha experiência me mostrou que, para crescer, é preciso entender as dores dos clientes e trazer soluções práticas para as empresas”, diz Vasconcellos.
Em 2022, a BeerOrCoffee passou por uma reformulação de marca e modelo de negócios, adotando o nome Woba e ampliando o portfólio de serviços para incluir eventos e espaços diversificados. “Não queríamos apenas oferecer mesas e cadeiras. Queríamos ajudar empresas a criar conexões mais significativas dentro de espaços bem planejados”, afirma Vasconcellos.
Diferenciais que chamam a atenção
A Woba se diferencia por oferecer mais do que estações de trabalho. A empresa incluiu espaços menos convencionais em seu portfólio, como cinemas da rede Cinépolis e bares comoPirajáe Original, ambos localizados em São Paulo. Esses locais ampliam as possibilidades para empresas que desejam realizar eventos, reuniões ou confraternizações em ambientes fora do padrão corporativo.
Desde 2022, a Woba já promoveu mais de 1.300 eventos, reunindo 42 mil pessoas. A parceria com a Cinépolis, por exemplo, oferece 56 salas de cinema para locação, que podem ser usadas tanto para apresentações quanto para reuniões. “A inclusão de cinemas e bares no portfólio permite atender empresas que buscam algo além do ambiente corporativo tradicional. É uma maneira de usar o espaço para criar novas experiências”, afirma Crespo.
Atualmente, a plataforma da Woba conta com mais de 2.000 espaços cadastrados, 11.000 estações de trabalho, 3.500 salas de reunião e 500 locais destinados a eventos. A empresa também atua na organização dos eventos, oferecendo serviços que incluem escolha de local, suporte logístico e curadoria.
Apoio de investidores e a chegada de Marco Crespo
O crescimento da Woba foi impulsionado por investidores como Kees Koolen, fundador do Booking.com, e pelos fundos Kaszek e Valor . Os aportes viabilizaram a expansão da rede e a criação de uma infraestrutura tecnológica para gerenciar as reservas de forma eficiente.
Em 2022, Marco Crespo, ex-diretor do Airbnb, entrou na empresa como COO (Chief Operating Officer, ou diretor de operações), responsável pela gestão do dia a dia da empresa. Formado em Engenharia pela Universidade Estadual de Campinas e com MBA pela Harvard Business School, Crespo acumulou experiência em cargos de liderança no Gympass e na Yalo.
Dois anos depois, ele assumiu o cargo de presidente do conselho da Woba. Sua chegada foi fundamental para implementar parcerias como a colaboração com a Cinépolis e para melhorar a eficiência da operação da empresa.
Desafios e próximos passos
Apesar do crescimento, a Woba enfrenta desafios. O mercado de coworkings está mais competitivo, com redes internacionais, novos entrantes e operadores locais ganhando espaço. Além disso, a empresa precisa equilibrar personalização e escala, mantendo os custos sob controle.
Os planos para o futuro incluem ampliar o portfólio de eventos corporativos, integrar novos parceiros e criar soluções específicas para pequenas e médias empresas. A meta de alcançar 1 milhão de reservas até o final de 2024 reflete o esforço da Woba para consolidar o coworking como uma alternativa viável para empresas de todos os tamanhos.
Outro projeto em estudo é a criação de serviços financeiros para clientes corporativos, aproveitando a base de dados gerada pela operação. A ideia é ajudar empresas a planejar melhor seus custos com infraestrutura e, ao mesmo tempo, fortalecer o modelo de assinatura da Woba.
“Queremos que nossos clientes encontrem o que precisam de forma simples e prática”, diz Vasconcellos. “O foco é atender melhor e continuar crescendo de maneira sustentável.”