Aline Deparis, CEO da Privacy Tools: startup ajuda empresas a se adequarem à LGPD (Privacy Tools/Divulgação)
A Privacy Tools é uma plataforma genuinamente brasileira e dedicada à proteção de dados pessoais. A startup, a primeira privacy tech do país (termo que descreve empresas que aplicam tecnologia para a privacidade de informações), nasceu para pôr à prova a capacidade de empresas em gerir de maneira segura dados e informações de seus clientes — uma tônica que ganhou ainda mais relevância com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Por trás do negócio está a empreendedora gaúcha Aline Deparis, fundadora e CEO da empresa. Além da liderança na startup, a paixão e talento em tecnologia também a levaram a ocupar importantes cargos no universo tecnológico do país, como o de presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação do Rio Grande do Sul (Assespro-RS) e do Conselho das Entidades de TI do estado (CETI-RS).
Nascida em Viadutos, cidade gaúcha com pouco mais de 4.000 habitantes, Deparis começou sua vida profissional logo cedo, ajudando seu pai na administração de duas propriedades rurais produtoras de soja e laranja.
Apesar da inclinação para o agro, ela decidiu seguir uma trajetória diferente: formou-se em administração e logo migrou para a área de tecnologia, onde de fato encontrou a aptidão para empreender.
A primeira incursão na vida empreendedora foi em 2009, ano que fundou o primeiro negócio tecnológico em busca de apoio do programa de incentivo de pesquisas e projetos Finep e da PUC do Rio Grande do Sul. De olho na bolsa de 120.000 reais, ela e um colega fundaram a startup Maven Inventing Solutions, especializada em publicação digital de conteúdo com um software que facilitava a leitura de jornais e revistas online.
O empreendimento bem-sucedido inspirou a executiva a fundar, anos depois, uma empresa de identidade visual baseada em blockchain. A nova empreitada, no entanto, não deu muito certo. Segundo a empreendedora, o principal impeditivo para que o negócio decolasse foi a inexperiência do Brasil com o assunto — já explorado com mais afinco por outras economias do mundo.
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De portas fechadas, o negócio acabou servindo de estímulo para que ela buscasse novas tendências e oportunidades de negócio, mas desta vez, com maiores chance de engrenarem no Brasil. Da ideia nasceu, em 2019, a Privacy Tools, plataforma que facilita a adequação de empresas à LGPD com ajuda de tecnologias como blockchain e inteligência artificial.
“Passamos um ano testando a viabilidade dessa inovação no Brasil e vimos que era hora”, diz a empreendedora. “Depois da aprovação da LGPD, o negócio decolou. “Hoje as empresas sabem que cuidar dos dados é questão de sobrevivência, não há mais aquele processo de convencimento. O crescimento tem acontecido de forma natural”.
A intenção da empresa é nadar de braçada em um mercado ainda pouco explorado, mas que cresce na medida que as companhias são pressionadas a se adequarem a novas legislações: o de proteção de dados.
Os esforços dos primeiros anos já surtiram resultado: de um ano para cá, a Privacy Tools multiplicou por seis, e hoje atende uma carteira com mais de 600 clientes, de empresas de pequeno porte a grandes corporações listadas em Bolsa.
Em março deste ano, a Privacy Tools se tornou a milésima empresa investida da Bossanova, micro venture capital brasileiro. O título veio após uma rodada de R$ 2 milhões, que também teve a participação da gestora Domo.
“Foi um marco não apenas para a Bossanova, mas também para nós. É uma grande alegria ser a milésima empresa”, diz.
Hoje, além de dedicar parte do tempo e esforços em crescimento da empresa — a intenção é quadruplicar as receitas em 2022 — Deparis também pretende ampliar sua colaboração com o ecossistema de tecnologia e startups do país mentorando mulheres que desejam seguir carreira em tecnologia. “Para o futuro, quero posicionar a Privacy Tools como a maior e melhor plataforma brasileira de proteção de dados, e mobilizar todo o ecossistema é parte importante para isso”, diz.
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