O que Embratel e Claro ganhariam com a fusão
Nova operadora teria o potencial de chegar à liderança do mercado em apenas um ano, segundo especialistas
Tatiana Vaz
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
São Paulo -- Bastaria um ano para que a companhia criada pela fusão da Embratel com a Claro despontasse na liderança do setor de telecomunicações. A avaliação é de especialistas que apontam, entre outros trunfos, os ganhos de sinergia gerados pela fusão, que permitiriam cortar gastos e oferecer pacotes de serviços competitivos, com descontos de até 30% em relação à media praticada atualmente no mercado. Em um momento de reestruturação do setor, a fusão seria uma nova dor-de-cabeça para os concorrentes -- em especial, para a Telefônica, que luta para unir sua operação de telefonia fixa com alguma operadora de celulares, como a Vivo ou, num plano B, a TIM Brasil.
Há tempos, o mercado avalia que a união das empresas é uma questão de tempo. O bilionário mexicano Carlos Slim, que as controla, iniciou no ano passado um movimento para reestruturar seus ativos de telecomunicações. O início foi em seu país natal. Era natural, segundo os especialistas, que ele se voltasse para o Brasil em algum momento. Nesta quarta-feira (26/5), o jornal Folha de S.Paulo informou que Slim teria, finalmente, tomado a decisão de fundir a Embratel com a Claro.
A Embratel já vinha, há algum tempo, oferecendo aos clientes corporativos pacotes de serviços junto com a Claro. Uma das sinergias geradas com a fusão será a de estendê-los também para clientes pessoas físicas, com a vantagem da oferta incluir menos burocracia de instalação e preços mais competitivos no chamado "quadriple-play" (telefonia fixa, móvel, TV paga e internet) "A venda de pacotes completos de serviços ao mercado é uma tendência mundial, e é a justificativa para essa reestruturação que o setor de telecomunicações está passando no Brasil hoje", explica Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria que atua no setor. "Ficarão para trás as operadoras que não conseguirem oferecer competitivos nesse sentido".
Com a junção das operações da Embratel e Claro, a nova companhia poderia cortar custos e gerar eficiência operacional, a ponto de esses serviços compartilhados serem oferecidos com preços até 30% menores do que se vendidos separadamente, afirmam os analistas. "Esse novo cenário fará as empresas investirem na melhoria do sistema de telecomunicações como um todo, o que será ótimo para os consumidores", diz Frederico Turolla, professor da ESPM e consultor de gestão da Pezco Consultoria.
Líder em pouco tempo
Não é apenas na oferta de serviços compartilhados que a nova gigante do setor poderia levar vantagem. Dados da Teleco mostram que, até abril deste ano, a participação de markting da TIM estava em 23,72% e da Claro 25,47%. "Com a fusão, acredito que, em um ano, a Claro chegaria facilmente ao topo do segmento", comenta Virgílio Freire, consultor de telecomunicações, ex-presidente da Vésper e Lucent. Para o consultor, com a união das operações não tardaria também para que a nova empresa liderasse o mercado de banda larga no Brasil.
A Embratel, de acordo com Freire, tem a maior rede de fibra óptica do Brasil, resquício da extinta estatal Telebrás, e aluga sua capacidade ociosa de fibras para outras operadoras. "A Embratel já tem estrutura pronta para atender um bom crescimento de demanda por seus serviços, sem precisar de novos investimentos, ao contrário das concorrentes", comenta ele.
Se o plano de fusão for aprovado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a nova companhia deve entrar em operação nos próximos dois meses.