Rodrigo Galindo, CEO da Cogna: ampla reestruturação da Kroton e nova fase de digitalização da companhia para recuperar a confiança do investidor (Germano Lüders/Exame)
Mariana Desidério
Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 13h32.
Última atualização em 13 de dezembro de 2021 às 13h41.
Após realizar uma forte reestruturação de seu negócio, a companhia de educação Cogna, apresentou hoje a investidores suas apostas de crescimento para os próximos anos, em um clima de que o pior já passou. “2020 foi bem dificil pra organização, tivemos que tomar decisões difíceis. Em 2021 tivemos que trabalhar silenciosamente. Hoje podemos dizer que estamos confortáveis com nossas decisões”, disse o presidente da Cogna, Rodrigo Galindo, durante o Cogna Day, realizado nesta segunda-feira.
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O executivo afirma que a companhia já deve ter crescimento de receita em 2022, vindo principalmente de ganhos de eficiencia. O ano terá algum ganho de receita na subsidiária Vasta, de sistemas para o ensino básico, mas ainda será de queda de receita da subsidiária Kroton, de ensino superior. Já em 2023, o crescimento de receita da holding deve ser mais consistente, já que Vasta continua seu processo de crescimento, e Kroton deve iniciar sua trajetoria de crescimento de receita.
Com os movimentos feitos em Vasta e Kroton, a Cogna manteve seu guidance de ebitda divulgado em 2020, de chegar a 2,4 bilhões de reais em ebitda até 2024, o que significa crescimento médio de 24% ao ano nos próximos anos. O guidance de geração de caixa para 2024 também foi mantido, com meta de chegar a 1 bilhão de reais em 2024.
Na parte de ensino superior, a principal novidade apresentada aos investidores é a criação de uma divisão focada em cursos de medicina, a KrotonMED. A divisão nasce com sete instituições de ensino, receita de 482 milhões de reais em 2022, 636 vagas e 3.000 alunos em cursos de medicina, e potencial de crescimento de 75% em número de alunos. A meta com a divisão é atender melhor a esse público, que tem um ticket médio de até 9,5 mil reais mensais, e também facilitar novas aquisições no segmento.
Já na parte de Kroton, o presidente Roberto Valério fez um balanço das metas apresentadas em 2020 e por onde a companhia caminhou desde então. “Fizemos uma análise profunda de potencial de mercado curso a curso, o que nos ajudou também na otimização imobiliária”, disse o CEO da Kroton, Roberto Valério. A reestruturação da Kroton inclui o fechamento de 45 campi, com redução de 21% no gasto com aluguel, e redução geral de despesas de 17%.
A companhia também definiu melhor seu escopo de atuação nos cursos presenciais e EAD. No presencial, o foco agora são os cursos de maior valor agregado, como engenharias, direito e saúde. Esses cursos tinham participação de 69% em 2018 e agora respondem por 83% da capatação de novos alunos no presencial.
Nos cursos online, que têm maior volume de alunos e têm puxado os números de aquisição de alunos da companhia, ficam áreas como pedagogia, administração e licenciaturas. A avaliação é de que a Kroton teve sua base de alunos mais baixa em 2020, com 786 mil estudantes. Em 2021, a companhia inicia uma retomada, que deve ser acelerada a partir de 2022, com o aumento do número de polos e e no portófio de cursos EAD. A Kroton abriu 715 novos polos EAD e lançou 42 novos cursos EAD.
“Fizemos uma análise profunda de potencial de mercado curso a curso, o que nos ajudou também na otimização imobiliária”, disse Valério.
Já em Vasta, a subsidiária de serviços para ensino básico, o foco tem sido atender às necessidades das escolas, alunos e dos professores, a partir de uma plataforma flexível, que permite conectar novos serviços de forma rápida. A plataforma Plurall é usada por 1 em cada 4 alunos do ensino privado e teve metade do tráfego em plataformas de ensino em 2021. Esse volume tem sido usado para atrair parceiros e produtos para a plataforma.
“Qualidade e o tráfego digital são forças pra gerar valor sem precisar comprar uma empresa ou desenvolver um produto do zero”, afirmou o presidente da Vasta, Mario Ghio. A Vasta firmou recentemente uma parceria com o colégio Fibonacci, forte no ensino médio, para a criação de um sistema de ensino. Também fechou acordo com o Mackenzie, para fazer a distribuição de seu sistema de ensino. Nos dois casos, o conteúdo vem do parceiro, e a Vasta entra com a tecnologia e a distribuição.
Outra aposta está em um marketplace, com serviços de edtechs de todo o mundo. O Plurall Store oferece soluções para estudo de línguas, preparatórios para provas, educação financeira e pensamento computacional. Nessa loja virtual, as edtechs parcerias oferecem uma degustação de 30 dias por semestre para seus produtos, que são testados pelos alunos.
Outro foco está em serviços oferecidos diretamente ao aluno, como as aulas particulares. “É um mercado de alguns bilhões de reais, que é fragmentado, não tem um player vencedor. Nossa plataforma permite que o aluno escolha o conteúdo que deseja ter aulas, escolha o professor, agende a aula. O professor usa os conteúdos da própria plataforma e o aluno paga pela plataforma”, diz Galindo. Com a consolidação desses serviços, a meta é que o plural seja um super app da educação, inclusive com serviços financeiros voltados para professores e escolas.
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