Eletropaulo pede à Aneel reequilíbrio de contrato
A busca por uma revisão veio após a Aneel aprovar no ano passado um novo modelo de contrato para elétricas cujo prazo de concessão havia expirado em 2015
Reuters
Publicado em 12 de setembro de 2017 às 16h41.
São Paulo- A distribuidora de eletricidade AES Eletropaulo , da norte-americana AES, pediu "reequilíbrio tarifário" para assinar um aditivo ao seu contrato de concessão que tem sido negociado junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde meados deste ano, segundo documentos do regulador.
A busca da empresa por uma revisão no acordo veio após a Aneel aprovar no ano passado um novo modelo de contrato para elétricas cujo prazo de concessão havia expirado em 2015. Com isso, mesmo as distribuidoras com contratos ainda vigentes passaram a poder negociar a adesão opcional aos novos termos.
Quando anunciou que negociava o aditivo, a Eletropaulo disse ter a expectativa de que o novo contrato poderia "gerar valor para clientes, comunidade e acionistas" ao "tratar temas específicos da área de concessão" da empresa, mas não entrou em detalhes.
Em meio às conversas com a Aneel, a elétrica que atua na região metropolitana de São Paulo contratou um parecer da LCA Consultores para provar ao regulador que passou a sofrer com desequilíbrio econômico-financeiro desde a forte queda no consumo de eletricidade observada no país após 2015, em meio à recessão econômica e a um forte aumento das tarifas naquele ano.
O parecer da LCA, visto pela Reuters, afirma que os administradores da Eletropaulo "não poderiam prever em nenhuma hipótese a queda de consumo verificada recentemente", que estaria associada ao "amplamente excepcional e extraordinário" aumento tarifário.
Em 2015, a Aneel aprovou um reajuste extraordinário de em média 23,4 por cento nas tarifas de quase todas distribuidoras do Brasil, em grande parte devido a um cenário de chuvas desfavorável, que obrigou o acionamento de termelétricas caras para atender à demanda enquanto as hidrelétricas poupavam água em seus reservatórios.
Com o "tarifaço" e a recessão econômica, o consumo de eletricidade caiu no Brasil em 2015 e 2016, o que não acontecia no país desde 2009, quando a economia sofreu efeitos da crise financeira internacional.
A LCA Consultores estimou no parecer enviado à Aneel que pode-se atribuir apenas ao reajuste tarifário de 2015 "uma queda de 6,3 por cento no consumo".
Procurada pela Reuters, a Eletropaulo disse em nota que seus pleitos "estão em fase de análise portanto da Aneel, e portanto não há o que se comentar no momento".
"A eventual assinatura do aditivo está prevista para o primeiro semestre de 2018", completou a empresa.
Não estava imediatamente claro o impacto para o consumidor do reequilíbrio de contrato solicitado pela Eletropaulo.
A análise da Aneel sobre os pleitos da Eletropaulo tem sido mantida ainda em caráter de sigilo pela agência, segundo o sistema de acompanhamento processual do regulador.