A Eletronet, empresa de telecomunicações da Lightpar, assumiu sua falência. A decisão foi anunciada em fato relevante publicado no sábado. A empresa deixa uma dívida de 160 milhões de dólares - e um problema para a Eletrobrás.

A estatal de energia tem 49% da Lightpar. Os outros 51% das ações da empresa (e o controle acionário) estão de posse do grupo americano AES. Desde agosto do ano passado, quando deixou de integralizar uma cota de capital no valor de 13 milhões de reis, a AES saiu da administração da Eletronet e anunciou a intenção de não fazer novos investimentos na empresa. As garantias das dívidas da Eletronet, no entanto, foram apresentadas pela AES.

O governo não tem intenção de assumir o débito e o grupo americano não mostra capacidade financeira para quitar dívidas. A AES também está inadimplente com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) em financiamentos ligados a outra de suas subsidiárias, a Eletropaulo. O futuro da Eletronet será discutido pelos acionistas no dia 14 de abril, durante assembléia geral.

A Eletronet foi criada dentro do conceito de infovias, para oferecer transmissão de dados a partir das linhas de transmissão da Eletrobrás e AES. Como outras empresas do setor de telefonia, superestimou o potencial de mercado e sofreu com a queda na demanda. Seus últimos clientes, operadoras como Intelig e Telefônica, estavam se preparando para rever os contratos.

Prejuízos da AES

As empresas do grupo AES no Brasil seguem a tendência do setor de energia e divulgam balanços de 2002 com prejuízos. A AES Sul, distribuidora do estado do Rio Grande do Sul, anunciou hoje que encerrou 2002 com um prejuízo de 1,52 bilhão de reais. No ano anterior, havia alcançado um lucro de 48 milhões de reais. A geradora AES Tietê também registrou uma perda no ano passado no valor de 2,5 milhões de reais. A Eletropaulo, distribuidora que atende as regiões mais populosas de São Paulo, divulgou há algumas semanas um prejuízo de 871 milhões de reais no exercício de 2002.