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Ele vai fazer R$ 600 milhões em 2023 com funerária, vinhos e cápsulas da marca de Virgínia Fonseca

A fábrica que faz cápsulas gelatinosas para outras empresas tem como cliente a influenciadora digital. Em uma única live, ela vendeu 22 milhões de cápsulas e cosméticos

César Marchetti, da Unifor: empresário tem 48 anos e 20 empresas (Grupo Unifor/Divulgação)
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de setembro de 2023 às 08h03.

Última atualização em 12 de setembro de 2023 às 13h49.

São nada mais, nada menos do que 20 empresas sob o guarda-chuva de César Marchetti, empresário de 48 anos nascido em Sorocaba, no interior de São Paulo. De lá, ele comanda operações de funerária, floricultura, bar de vinhos e do universo de saúde, principalmente com a produção de cápsulas gelatinosas para suplementos de saúde e alimentares. Esse portfólio todo, bem diversificado, deve chegar ao final do ano faturando 600 milhões de reais. E nos próximo quatro anos, devem bater a meta tão esperada do primeiro bilhão.

Como ele abriu tantos negócios em áreas diferentes? “Um pouco é instinto”, diz. “ Feeling, bom senso, e as oportunidades apareceram. Mas o mais importante foi ter montado uma equipe certa, com vontade de crescer”.

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Hoje, o grupo está consolidado em uma holding, chamada Unifor. Mas os negócios foram entrando na vida de Marchetti gradativamente. Primeiro com a funerária, depois com as cápsulas gelatinosas e, mais recentemente, com uma rede de bar de vinhos em Santo André.

Como foi o primeiro negócio, na funerária

O primeiro negócio do executivo foi aos 14 anos, ao lado de seu pai, Arany Marchetti. Naquela época, nos meados dos anos 1980, o pai cuidava de uma rede de supermercados com sete unidades em Sorocaba, quando percebeu uma oportunidade de negócio.

“As pessoas mais humildes, quando perdiam algum familiar, faziam vaquinha para sepultá-los”, comenta o executivo. “Era um hábito comum e muitos vinham pedir dinheiro emprestado para meu pai, que estava à frente dos supermercados. Foi daí que ele teve a ideia de montar uma funerária com planos a preços acessíveis”.

Foi quando surgiu a Ossel. Além de vender o serviço funerário em si, a empresa, que existe até hoje, também vendia os planos funerários a preços mais competitivos. Aliás, depois de ficar três anos como office boy na funerária, essa foi a função de Marchetti: ir de porta em porta vender os planos funerários.

“Eu sempre fiz o que era preciso fazer, gostando ou não”, diz Marchetti. “Isso inclui buscar os falecidos e arrumar seus corpos para o velório. Fiz isso várias vezes. Mas, foi justamente assim que passei por todos os setores e conheci a empresa em sua essência”.

Depois de se consolidar em Sorocaba, com o aval do pai, decidiu atravessar os limites da cidade e levar a Ossel para o Grande ABC. “Fui num Palio e vivia com 1.500 reais, morando de aluguel com a minha esposa”, afirma. “Os dois primeiros anos foram muito desafiadores, devido à alta inadimplência nas mensalidades. Mas investimos mais na digitalização, automatizamos alguns processos e nos tornamos referência também no ABC”.

Hoje, a Ossel alcançou os 166,8 milhões de reais em valor de marca, segundo levantamento realizado pelo Ipeso - Instituto de Pesquisa. Atendendo principalmente a ela, há outras empresas do grupo, como uma funerária e uma operação para fazer o deslocamento de corpos de pessoas mortas fora do país.

Como surgiu a oportunidade de entrar na área de cápsulas

Em 2010, quando a Ossel já tinha mais de 20 anos, um empresário procurou Marchetti para oferecer a compra de uma fábrica de cápsulas gelatinosas. O negócio poderia parecer incerto: basicamente, a compra daria direito a uma fábrica e a uma máquina. “Nem cliente tinha”, afirma.

Marchetti arriscou. Comprou a operação, voltou para Sorocaba e abriu a Sorocaps. A empresa faz todo tipo de cápsula em formato de gel para outras companhias, no formato chamado de white label. Por exemplo, se uma empresa de suplemento alimentar que oferecer o produto em cápsulas de gel, pode procurar a empresa de Marchetti com a receita, que toda a produção ficará por conta do sorocabano.

“Tivemos sorte porque logo um dos primeiros contratos foi com a Ultrafarma, do empresário Sidney Oliveira”, diz Marchetti. “Isso pôs a gente na rede de contato do pessoal do ramo. Com isso, começamos a fornecer para vários e grandes players”.

Aí, Marchetti resolveu usar a mesma estratégia que já tinha feito na Ossel: verticalizar a operação. Com isso, abriu também uma fábrica de potes plásticos para colocar as cápsulas e de cartucho, para fazer a impressão dos rótulos. Com exceção da matéria-prima, tudo acontece dentro das empresas do executivo.

Como eles começaram a produzir para a marca da Virgínia Fonseca

O resultado veio. Hoje, a Sorocaps já é a principal fonte de receita do grupo, e a que tem mais chance de chegar ao 1 bilhão de reais de faturamento primeiro. Dos 600 milhões de reais previstos neste ano, 400 milhões de reais devem vir da fábrica de cápsulas. E na lista de clientes, uma influencer: é da Sorocaps a produção da marca de suplementos da Virgínia Fonseca, a WPink Suplementos. A influenciadora digital tem 44 milhões de seguidores no Instagram.

“Ela fez uma transmissão ao vivo no Instagram e, em poucos minutos, vendeu 22 milhões em produtos, entre eles as cápsulas”, afirma Marchetti.

O desafio, afirma o executivo, é combater o produto norte-americano, que, como consegue ser produzido em escala maior, pode ter um preço mais competitivo. Para isso, uma equipe de pesquisa e desenvolvimento estuda mercados, traz novidades e tenta antecipar tendências. Além disso, a verticalização ajuda. “A gente desenvolve rótulos, layout, propaganda, tudo dentro de casa. Isso ajuda nos custos”.

Como surgiu a oportunidade de abrir um bar de vinhos

A empreitada mais recente de Marchetti é um bar de vinhos. Chamado de Mont Cristo Wine & Bar, a ideia do negócio é ser um restaurante cujos alimentos necessariamente harmonizam com vinhos. O executivo gosta da bebida e quis juntar o gosto com uma possibilidade de negócio. A operação fica em Santo André, mas Marchetti não descarta que haja uma ampliação para outros lugares.

Quais são as novidades do Grupo Unifor

No futuro do Grupo Unifor, a aposta é em tecnologia e expansão para bater o 1 bilhão de reais nos próximos quatro anos. Na frente da Sorocaps, querem ampliar a estrutura física e importar cada vez mais tecnologia para competir com players internacionais. Também estão estudando o lançamento de cápsulas gelatinosas para animais de estimação, com gostos como de carne, para fazer o bichinho engolir com mais facilidade.

Na Ossel, de funerárias, o foco também é em inovar. Recentemente, “contrataram”  dois funcionários diferentes para a operação do ABC Paulista e de Sorocaba. É o Simba e a Nila, filhotes de Golden Retriever. Eles atuam como animais de apoio para as pessoas que estão velando seus familiares e amigos. O cachorrinho fica passeando pelo velório com uma roupa em que a lenços para confortar alguém que está chorando. De acordo com Marchetti, é uma prática que já existe em outros países, mas ainda é pouco usada no Brasil.

Cachorrinho Simba é usado para trazer conforto aos familiares (Grupo Unifor/Divulgação)

Outra novidade é um serviço de holograma no velório. Por lá, os familiares poderão projetar imagens, que podem ir da pessoa falecida a tocadores de violino ou até mesmo padres. “Se quiserem uma mensagem de um padre como Fábio de Melo, seria possível”, diz o executivo.

Além disso, lançou um plano animal, em que a família paga as mensalidades para que quando o pet venha a falecer, tenha direito às homenagens, velório e cremação. É a mesma operação do plano para pessoas. Os tutores dos animais também podem guardar as cinzas em potes de cerâmica ou transformar os pelos dos animais de estimação em diamantes ou cristais.

O Grupo Unifor tem ainda um braço imobiliário, que cuida dos imóveis da empresa. A holding faturou 480 milhões de reais em 2022.

Acompanhe tudo sobre:IndústriaSaúde e boa formaSorocaba (SP)

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