Carlos Ricardo Oliveira, da Dream Store: ele entrou no setor ao ajudar amigo com loja de bairro (Dream Store/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de junho de 2024 às 08h08.
Última atualização em 24 de junho de 2024 às 09h53.
Dizer que a Disney é sinônimo de sonhos se tornarem realidade é praticamente um clichê. A marca criada pelo norte-americano Walt Disney há 100 anos conquistou gerações de pessoas com seus filmes, mas também com uma potência de marca que é vista em seus parques, seus canais de televisão e até mesmo em suas lojas.
Para quem tem o sonho de conhecer um parque da Disney ou visitar uma loja da companhia fora do país, mas ainda não teve oportunidade de realizá-lo, haverá agora uma oportunidade (bem) mais perto de casa. A Dream Store, uma loja parceira que vende produtos licenciados da empresa do Mickey Mouse no Brasil, vai lançar na próxima semana um plano de expansão que prevê 100 lojas em cinco anos.
Fundada em Alphaville pelo empresário Carlos Ricardo Oliveira há 11 anos, a empresa tem hoje 10 operações, todas no estado de São Paulo.
A meta agora é ganhar o Brasil pelo modelo de franquia. A empresa passará a comercializar o modelo de negócio, num projeto desenhado pela consultora de franquias Bittencourt. Serão lojas de cerca de 230 metros quadrados com a previsão de faturamento de 3,2 milhões de reais.
A previsão é que essas lojas franqueadas estejam movimentando uma receita de 350 milhões de reais até 2029.
Vindo de uma experiência como executivo da DuPont, química multinacional sediada nos Estados Unidos, Oliveira foi chamado por um amigo para ajudar na consultoria de uma pequena loja de brinquedos em Alphaville, bairro de classe alta da região metropolitana de São Paulo. A operação até teve uma sobrevida, mas o amigo do empreendedor resolveu desistir do negócio.
Oliveira, então, pegou o ponto e passou a investir pessoalmente no negócio. Surgia assim a Dream Store.
“No início, eu dividia meu dia entre ser executivo da empresa e cuidar da loja de brinquedos”, afirma. “Mas percebi que se queria crescer com a loja, ia precisar ter dedicação exclusiva. No final de 2014, sai da DuPont e foquei na Dream Store”.
Foi mais ou menos nessa época que a parceria com a Disney começou a se desenhar.
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"Conseguimos nosso primeiro contrato para usar uma marca da Disney dentro da loja e, em seguida, obtivemos a licença para importar e licenciar produtos exclusivos", afirma Oliveira.
Na prática, a parceria permite que a empresa crie produtos usando personagens, marcas e histórias da Disney. Não é um processo simples, porém.
Quando uma loja vira parceira, ela precisa passar por uma série de aprovações com a própria Disney, que envolvem o “ok” para o produto que pensaram, para a aplicação feita e para o resultado final. Além disso, o produto precisa ser feito numa fábrica homologada pela gigante de entretenimento. É um processo rígido, feito também por outras grandes redes, como Hard Rock Cafe.
“Nós pegamos um personagem, por exemplo, desenvolvemos uma série de produtos e passamos pela aprovação da Disney no Brasil”, afirma Oliveira. “Depois, mandamos produzir numa fábrica homologada pela Disney. Então, ainda mandamos uma cópia física para a empresa aprovar, e então estamos aptos a comercializar o produto”.
Hoje, são cerca de 1.100 produtos exclusivos da Disney que a empresa comercializa.
Além do aval para vender produtos da Disney, a empresa também recebeu treinamentos de varejo, de trade marketing e de atendimento.
Hoje, são 10 lojas da Dream Store, em cidades como Campinas, Alphaville, Ribeirão Preto e na região do ABC, e agora prestes a abrir em Recife, no Nordeste. Em algumas delas, 80% do faturamento vem dos itens exclusivos, que variam de 19,90 a 15.000 reais (o preço alto é para uma estátua em miniatura de um super-herói).
A empresa vai anunciar na próxima semana, durante a feira de franquias da Associação Brasileira de Franchising (ABF), seu modelo de franquia. O plano é abrir 100 lojas em até cinco anos. Inicialmente, Oliveira buscará por pessoas que já tenham experiência com varejo para abertura das unidades.
“Acredito que fomos muito criteriosos com o crescimento da companhia”, afirma. “Fazemos tudo de uma maneira cautelosa. Primeiro conseguimos a licença da Disney, depois estruturamos nossa operação, tudo num ciclo de desenvolvimento bem feito. Temos representantes na China que ajudam na homologação dos fornecedores. E agora chegou a hora das franquias”.
As 100 lojas deverão ser em shopping centers, principalmente da região Sudeste, como São Paulo, mas também em outros lugares do Brasil, como o Nordeste.
“Ao longo desses 10 anos, testamos modelos diferentes de lojas e vimos que as melhores para vender produtos exclusivos são as que têm cerca de 220 metros quadrados”, diz o empreendedor. “O tempo de retorno do investimento será de cerca de 33 meses”.
Claro que o setor também tem seus desafios. O faturamento da indústria brasileira de brinquedos cresceu 3,81% em 2023 ante 2022, para 9,5 bilhões de reais, mas o varejo físico tem dificuldades de competitividade - principalmente batendo com as vendas online.
“Nós acreditamos que temos força competitiva porque nosso negócio não se limita à criança”, afirma. “Temos também produtos para pessoas geeks, temos para a vovó que sonha em ter uma caneca das princesas. Temos para a pessoa que gostaria de ter ido no parque, mas ainda não foi”.