Eike fecha 2014 longe da classe média
Os US$ 5 milhões por ano de Eike equivalem a um terço da remuneração anual média dos presidentes das maiores empresas americanas
Da Redação
Publicado em 1 de janeiro de 2015 às 08h40.
Rio de Janeiro - Supersticioso, Eike Batista deixa para trás um ano em que os seus problemas chegaram à esfera criminal, mais duas empresas do grupo - num total de quatro - apelaram à recuperação judicial para evitar a insolvência e suas ações acabaram nas mãos de credores.
Apesar de turbulento, 2014 foi também o ano em que fechou um polpudo acordo com seu principal credor, o fundo soberano Mubadala: pelo acerto recebe um "salário" anual de US$ 5 milhões, até 2018.
São cerca de US$ 400 mil (em torno de R$ 1 milhão) por mês, motivo suficiente para entrar o ano novo com o pé direito e fôlego renovado para prospectar novos negócios.
A remuneração está bem longe da realidade da classe média à qual Eike disse ter voltado e é superior à recebida por boa parte dos CEOs de grandes empresas nacionais.
Levantamento da consultoria Page Executive apontava que o total recebido, em 2013, pelos principais executivos de companhias com faturamento de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões - incluindo bônus e incentivos - era de R$ 1,6 milhão por ano ou R$ 130 mil por mês.
Os US$ 5 milhões por ano de Eike, confirmados por fontes próximas a ele, equivalem a um terço da remuneração anual média dos presidentes das maiores empresas americanas, de US$ 15,2 milhões, segundo levantamento do Economic Policy Institute com base nas 350 maiores companhias do país com ações em bolsa.
Em 2014, a história do fundador do grupo X foi contada em pelo menos dois livros lançados ao longo do ano, mas o desfecho ficou para 2015.
No ano que vem, a Justiça deverá dar uma sentença ao menos sobre as acusações pelos crimes de uso de informação privilegiada e manipulação de mercado.
Em tempos de mensalão e petrolão, Eike pode ser o primeiro empresário preso por crimes contra o mercado de capitais, embora tenha bons antecedentes a favor.
Após aprovar os planos de recuperação da petroleira OGX e da OSX em 2014, resta ainda negociar com credores da Eneva e da MMX, empresas que recorreram à proteção judicial recentemente.
Apesar da situação considerada crítica por pessoas próximas a Eike, o empresário segue em ritmo acelerado. "Ele está sempre vendo alguma coisa, recentemente voltou a viajar para o exterior, está sempre fora do País analisando possíveis negócios", afirmou uma fonte próxima ao empresário que preferiu não se identificar.
Os locais mais visitados por ele neste ano foram os Estados Unidos, especialmente Nova York, e a Coreia do Sul, onde prospectou investimentos em um grupo farmacêutico.
Outra fonte próxima do ex-bilionário diz que as conversas, no entanto, não evoluíram.
Acostumado a viajar em aviões particulares, o empresário precisou se adaptar aos novos tempos. Atualmente, faz as viagens em voos comerciais, mas não abre mão de, ao menos, se instalar na classe executiva.
Quem acompanha o dia a dia de Eike Batista conta que ele chegou a ficar muito abalado com os crescentes problemas neste ano, mas isso não durou muito.
"Eike acha que os obstáculos vão ser superados. Bota fé e corre atrás, como se tudo estivesse equacionado. Isso é admirável porque ele não fica ruminando o problema, nem entrando em depressão", disse.
Desabafo. Depois de um ano e meio calado, o empresário convocou a imprensa, em setembro, para um "desabafo" depois de se tornar réu em uma ação penal e de o Ministério Público Federal pedir o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em suas contas.
As entrevistas foram no prédio da Praia do Flamengo 154, escritório onde a EBX começou e para onde voltou após o encolhimento do grupo.
Na sala com vista para a Baía de Guanabara, objetos como um ursinho de pelúcia, guitarra, prancha de surf, cristais e cadeira de massagem remetiam ao estilo exótico do anfitrião.
Abatido e tentando parecer mais low profile - evitou ser fotografado, por exemplo -, Eike mantinha o brilho nos olhos ao falar de "legados" como o Porto do Açu e rechaçava o rótulo de "PowerPoint" a seus projetos.
Mais do que confirmar o status de ex-bilionário, afirmou ter um patrimônio negativo em US$ 1 bilhão, lamentou a suposta volta à classe média e bateu na tecla da importância de seus projetos para a infraestrutura do País.
"Meu patrimônio é menos US$ 1 bilhão. Tenho minha casa no Jardim Botânico, a do meu filho ao lado, uma doação que fiz para a Flávia (Sampaio, namorada), minha casa e uma lancha em Angra dos Reis. Eu me tornei um funcionário dessa massa de dívida", disse ao Estado.
Assim como os demais funcionários da sua holding, quando não está viajando, Eike chega cedo ao escritório e cumpre expediente.
O patrão no caso é o Mubadala, com quem o empresário contraiu dívida de US$ 2 bilhões em 2012, quando o fundo soberano de Abu Dhabi entrou na EBX.
Depois de intensas negociações lideradas pela Angra Partners e um time de advogados, o fundo estrangeiro aceitou trocar a dívida de Eike pelas participações remanescentes nas suas empresas, informou fonte próxima das negociações.
Pelo acerto o empresário receberá pró-labore anual de US$ 5 milhões e segue à frente dos negócios.
A cereja do bolo, de acordo com a fonte, é que se os ativos repassados para o fundo se valorizarem acima dos US$ 2 bilhões em cinco anos, ele terá direito à sobra.
Além do Mubadala, Eike ainda tem dívidas com grandes bancos como Itaú e Bradesco. Apesar de não haver garantias de recuperação econômica das empresas X, os credores não têm alternativa a não ser dar um voto de confiança à capacidade do empresário de renascer das cinzas, como a mitológica Fénix.
Se depender da astrologia, a aposta pode ser bem sucedida. O mapa astral do empresário, feito pelo astrólogo Oscar Quiroga a pedido do Estado em 2013, apontava que a vida dele voltaria a engrenar em novembro de 2014.
A previsão é que um novo ciclo de consolidação se estabelecerá em 2015, com avanços significativos em janeiro, maio e outubro.
Rio de Janeiro - Supersticioso, Eike Batista deixa para trás um ano em que os seus problemas chegaram à esfera criminal, mais duas empresas do grupo - num total de quatro - apelaram à recuperação judicial para evitar a insolvência e suas ações acabaram nas mãos de credores.
Apesar de turbulento, 2014 foi também o ano em que fechou um polpudo acordo com seu principal credor, o fundo soberano Mubadala: pelo acerto recebe um "salário" anual de US$ 5 milhões, até 2018.
São cerca de US$ 400 mil (em torno de R$ 1 milhão) por mês, motivo suficiente para entrar o ano novo com o pé direito e fôlego renovado para prospectar novos negócios.
A remuneração está bem longe da realidade da classe média à qual Eike disse ter voltado e é superior à recebida por boa parte dos CEOs de grandes empresas nacionais.
Levantamento da consultoria Page Executive apontava que o total recebido, em 2013, pelos principais executivos de companhias com faturamento de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões - incluindo bônus e incentivos - era de R$ 1,6 milhão por ano ou R$ 130 mil por mês.
Os US$ 5 milhões por ano de Eike, confirmados por fontes próximas a ele, equivalem a um terço da remuneração anual média dos presidentes das maiores empresas americanas, de US$ 15,2 milhões, segundo levantamento do Economic Policy Institute com base nas 350 maiores companhias do país com ações em bolsa.
Em 2014, a história do fundador do grupo X foi contada em pelo menos dois livros lançados ao longo do ano, mas o desfecho ficou para 2015.
No ano que vem, a Justiça deverá dar uma sentença ao menos sobre as acusações pelos crimes de uso de informação privilegiada e manipulação de mercado.
Em tempos de mensalão e petrolão, Eike pode ser o primeiro empresário preso por crimes contra o mercado de capitais, embora tenha bons antecedentes a favor.
Após aprovar os planos de recuperação da petroleira OGX e da OSX em 2014, resta ainda negociar com credores da Eneva e da MMX, empresas que recorreram à proteção judicial recentemente.
Apesar da situação considerada crítica por pessoas próximas a Eike, o empresário segue em ritmo acelerado. "Ele está sempre vendo alguma coisa, recentemente voltou a viajar para o exterior, está sempre fora do País analisando possíveis negócios", afirmou uma fonte próxima ao empresário que preferiu não se identificar.
Os locais mais visitados por ele neste ano foram os Estados Unidos, especialmente Nova York, e a Coreia do Sul, onde prospectou investimentos em um grupo farmacêutico.
Outra fonte próxima do ex-bilionário diz que as conversas, no entanto, não evoluíram.
Acostumado a viajar em aviões particulares, o empresário precisou se adaptar aos novos tempos. Atualmente, faz as viagens em voos comerciais, mas não abre mão de, ao menos, se instalar na classe executiva.
Quem acompanha o dia a dia de Eike Batista conta que ele chegou a ficar muito abalado com os crescentes problemas neste ano, mas isso não durou muito.
"Eike acha que os obstáculos vão ser superados. Bota fé e corre atrás, como se tudo estivesse equacionado. Isso é admirável porque ele não fica ruminando o problema, nem entrando em depressão", disse.
Desabafo. Depois de um ano e meio calado, o empresário convocou a imprensa, em setembro, para um "desabafo" depois de se tornar réu em uma ação penal e de o Ministério Público Federal pedir o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em suas contas.
As entrevistas foram no prédio da Praia do Flamengo 154, escritório onde a EBX começou e para onde voltou após o encolhimento do grupo.
Na sala com vista para a Baía de Guanabara, objetos como um ursinho de pelúcia, guitarra, prancha de surf, cristais e cadeira de massagem remetiam ao estilo exótico do anfitrião.
Abatido e tentando parecer mais low profile - evitou ser fotografado, por exemplo -, Eike mantinha o brilho nos olhos ao falar de "legados" como o Porto do Açu e rechaçava o rótulo de "PowerPoint" a seus projetos.
Mais do que confirmar o status de ex-bilionário, afirmou ter um patrimônio negativo em US$ 1 bilhão, lamentou a suposta volta à classe média e bateu na tecla da importância de seus projetos para a infraestrutura do País.
"Meu patrimônio é menos US$ 1 bilhão. Tenho minha casa no Jardim Botânico, a do meu filho ao lado, uma doação que fiz para a Flávia (Sampaio, namorada), minha casa e uma lancha em Angra dos Reis. Eu me tornei um funcionário dessa massa de dívida", disse ao Estado.
Assim como os demais funcionários da sua holding, quando não está viajando, Eike chega cedo ao escritório e cumpre expediente.
O patrão no caso é o Mubadala, com quem o empresário contraiu dívida de US$ 2 bilhões em 2012, quando o fundo soberano de Abu Dhabi entrou na EBX.
Depois de intensas negociações lideradas pela Angra Partners e um time de advogados, o fundo estrangeiro aceitou trocar a dívida de Eike pelas participações remanescentes nas suas empresas, informou fonte próxima das negociações.
Pelo acerto o empresário receberá pró-labore anual de US$ 5 milhões e segue à frente dos negócios.
A cereja do bolo, de acordo com a fonte, é que se os ativos repassados para o fundo se valorizarem acima dos US$ 2 bilhões em cinco anos, ele terá direito à sobra.
Além do Mubadala, Eike ainda tem dívidas com grandes bancos como Itaú e Bradesco. Apesar de não haver garantias de recuperação econômica das empresas X, os credores não têm alternativa a não ser dar um voto de confiança à capacidade do empresário de renascer das cinzas, como a mitológica Fénix.
Se depender da astrologia, a aposta pode ser bem sucedida. O mapa astral do empresário, feito pelo astrólogo Oscar Quiroga a pedido do Estado em 2013, apontava que a vida dele voltaria a engrenar em novembro de 2014.
A previsão é que um novo ciclo de consolidação se estabelecerá em 2015, com avanços significativos em janeiro, maio e outubro.