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É "ingenuidade" crer que País está imune à crise, diz Vale

O presidente da companhia, Murilo Ferreira demonstrou preocupação com os rumos da economia durante o 24º Congresso Brasileiro do Aço


	"Infelizmente, nós, muitas vezes, acabamos vendo as coisas com lentes mais apuradas para o Brasil. Mas temos de também notar a situação mundial", disse Murilo Ferreira
 (Vale/Divulgação)

"Infelizmente, nós, muitas vezes, acabamos vendo as coisas com lentes mais apuradas para o Brasil. Mas temos de também notar a situação mundial", disse Murilo Ferreira (Vale/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2013 às 19h13.

Rio de Janeiro - O presidente da Vale, Murilo Ferreira, considera "ingenuidade" acreditar que o Brasil está imune à crise internacional. Diante de uma plateia de representantes da cadeia siderúrgica, no Rio, Ferreira demonstrou preocupação com os rumos da economia.

"Achar que nós vamos ter um cenário benigno para o Brasil, desacompanhado do resto do mundo, pode ser um pouco de ingenuidade, na minha visão. Infelizmente, nós, muitas vezes, acabamos vendo as coisas com lentes mais apuradas para o Brasil. Mas temos de também notar a situação mundial", afirmou, ao dizer que a crise financeira iniciada em 2007 ainda não terminou.

O tom preocupante dele reforçou o pessimismo que imperou no 24.º Congresso Brasileiro do Aço. Durante o evento, presidentes de duas das principais siderúrgicas que atuam no mercado nacional traçaram um cenário nebuloso para o setor.

No comando da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Baptista destacou que o setor trabalha com uma geração de caixa negativa nas exportações de placas nos últimos anos por conta do que chamou de "efeitos perversos": excedente de aço no mundo, aumento de custo de matéria-prima e a apreciação do real.

"Por isso, decidimos no fim do ano passado desligar o alto-forno 3", justificou, lembrando que, no início da construção do equipamento, em 2008, o dólar valia R$ 2,84, enquanto hoje está cotado próximo a R$ 2. Ferreira destacou que o excesso de capacidade de aço levou a uma contração dos preços internacionais do produto, movimento que não foi acompanhado pela redução de custos de insumos como o carvão.

Já o diretor-presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, lembrou que a sobra de capacidade atual corresponde a 27% da produção global, muito acima da média histórica de 16%. No evento, Johannpeter voltou a criticar a elevada carga tributária no País e defendeu a flexibilização da legislação trabalhista.

Apesar das preocupações levantadas, ele afirmou que todas as companhias têm planos de expansão que aguardam uma melhora no cenário mundial para serem retirados da gaveta.

O presidente da Vale disse que o diagnóstico econômico mais nebuloso foi formado após uma longa lista de viagens internacionais. "Fui eleito presidente da Vale, mas na realidade eu tenho sido mais um piloto de avião. No ano passado, estive em 161 viagens ao exterior e posso dizer que o ambiente que eu encontro mundo afora é muito duro", revelou.

Ao pedir a palavra após ter discursado, Ferreira argumentou que não é preciso fazer contas mais elaboradas para concluir que existe um processo de recessão mundial, com alguns países passando por "ajustes complicadíssimos".

O presidente da mineradora citou a crise na Europa e a dívida de US$ 16 trilhões dos Estados Unidos como alguns dos principais desafios a serem enfrentados pela economia mundial. De acordo com Ferreira, alguns países passam por uma situação semelhante à vivida pelo Brasil nos anos 1980.

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