Dona da marca de laticínios Shefa tem falência decretada; empresa continua funcionando
O processo de recuperação começou em 2017, quando a empresa informou uma dívida de 222,5 milhões de reais
Repórter de Negócios
Publicado em 17 de julho de 2023 às 18h21.
Última atualização em 17 de julho de 2023 às 18h34.
Em recuperação judicial há mais seis anos, a Agricultura Tuiuti SA, conhecida pela marca de laticínios Shefa, teve a falência decretada na semana passada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. No mercado desde 1976, a Shefa tem como principais produtos leites, achocolatados em pós, bebidas lácteas e bebidas de frutas e néctares.
O processo de recuperação começou em 2017, quando a empresa informou uma dívida de 222,5 milhões de reais. Na decisão em que decreta a falência do negócio, o juiz Fernando Leonardi Campanella, da 1ª Vara do Foro de Amparo, apontou indícios de fraudes relacionados à empresa.
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Segundo o magistrado, os atuais proprietários atuaram de forma a fraudar o processo de recuperação, o que acarretou em quebra de confiança. Campanella determinou o afastamento imediato da diretoria da empresa.
O que acontece com a empresa agora
Apesar de decretar a falência, a decisão judicial mantém o funcionamento temporário do negócio, uma forma de preservar o emprego dos mais de 300 funcionários da companhia. A opção, segundo o magistrado, procura também reduzir um potencial impacto sobre os credores.
“O decreto da falência é sempre impactante aos credores e à coletividade em geral, que acreditavam no seguimento da empresa. Assim, se houver maneiras de abrandar as inevitáveis consequências da quebra, devem ser adotadas as referidas práticas”, escreveu Campanella na decisão.
Com o afastamento da diretoria, a Shefa passa a ser administrada pela gestora judicial JK Consulting. A EXAME procurou a gestora para saber os próximos na condução do negócio, mas não obteve um posicionamento.
Como tudo começou
Fundada em 1976 pela família Benedictis, de Amparo, a Agropecuária Tuiuti S.A começou a ter dificuldade financeira em 2012, quando os bancos diminuíram as linhas de crédito para o setor de leite e aumentaram os juros.
Sem dinheiro para pagar fornecedores e funcionários, a empresa reduziu a produção e, consequentemente, as receitas caíram de 550 milhões de reais, em 2014, para menos da metade, em 2016 — e as dívidas bateram um recorde de 220 milhões de reais. Estava criado o cenário que culminou no processo de recuperação.