Dívida: volume de fusões e aquisições deve aumentar no país (./Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 08h09.
São Paulo - Em uma recessão que já dura mais de dois anos, o número de empresas em dificuldades tem crescido significantemente.
Cerca de 60% de 800 médias e grandes empresas do País não conseguem pagar os juros das dívidas com a atual geração de caixa, de acordo com levantamento feito pela RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, conhecido como Ricardo K, especializada em reestruturações de empresas.
Com isso, a busca por reestruturação vai elevar as operações de fusões e aquisições no País neste ano. Os principais bancos, que são muitas vezes credores das grandes empresas, também buscam investidores para injetar capital novo nas companhias com problemas. No ano passado, a gestora canadense Brookfield e a chinesa State Grid foram protagonistas em grandes transações.
A expectativa é que neste ano diversos fundos de private equity (que compram participação em empresas) sejam mais ativos em aquisições.
Eduardo Armonia, responsável pela área de reestruturação e recuperação de crédito do atacado do Itaú, afirma que muitas das empresas que enfrentam dificuldade financeira hoje não foram afetadas necessariamente pela crise econômica.
O problema, nesses casos, é a má gestão. Isso significa que o ativo pode ser uma boa opção de compra no mercado.
A combinação explosiva nos últimos dois anos de recessão, escassez de crédito e má gestão, em alguns casos, não tem dado uma alternativa que não seja a recuperação judicial.
"Quando há um trabalho preventivo, a empresa não tem de seguir esse caminho. Mas, tradicionalmente, no Brasil, as companhias chegam para reestruturar a dívida quando a situação está muito complicada", diz Fábio Flores, sócio da consultoria TCP Latam. Ele lembra ainda que o índice de sucesso nas recuperações judiciais brasileiras é muito pequeno.
Na visão do vice-presidente do Bradesco, Domingos Abreu, a escolha pela recuperação judicial não é o melhor caminho, seja para a empresa ou para o banco.
"Diferentemente dos Estados Unidos, onde as empresas se recuperam e voltam ao mercado, no Brasil esse instrumento precisa ser aprimorado."
Para Gustavo Alejo Viviani, do Santander, a recuperação da economia poderá dar um alívio a parte das empresas. "O mercado de capitais (tanto para emissão de dívidas como de ações) está reagindo."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.