De olho nas chinesas Alibaba e WeChat, Magazine Luiza lança conta digital
"Tencent e Alibaba criaram ecossistemas em torno de suas empresas. Quero fazer isso até melhor no Brasil”, disse Frederico Trajano em evento
Karin Salomão
Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 17h30.
Última atualização em 13 de dezembro de 2019 às 18h30.
O Magazine Luiza quer ter um super aplicativo para chamar de seu -- aqueles que unem varejo e outros serviços num só lugar.Para aumentar a frequência de interação dos clientes com o seu aplicativo, e como consequência as vendas, a varejista tem um plano: conquistar o bolso do consumidor. A divisão Magalu Pagamentos acaba de lançar uma conta digital, Magalupay.
Para os lojistas de seu marketplace, a aplicação permitirá a antecipação de recebíveis. Já para os consumidores, será possível, além de pagar por produtos em lojas e no site, realizar transferências entre amigos, pagar contas e boletos, entre outros.
É possível depositar dinheiro na conta a partir das lojas físicas. De acordo com Roberto Bellissimo, diretor financeiro do Magalu, cerca de 2 milhões de clientes vão às lojas físicas para pagar contas em dinheiro todos os meses.
O Magazine Luiza vai se aliar com o Banco do Brasil para oferta de serviço de saques em dinheiro pelos usuários do Magalupay e o plano é expandir esse tipo de parceria com outros bancos no futuro.
O aplicativo está instalado em 20 milhões de aparelhos. A empresa faturou 24 bilhões de reais nos últimos doze meses, com participação do comércio eletrônico em 50% das vendas. Destas, metade foi feita através do aplicativo.
Inspiração de fora
O Magazine Luiza quer aumentar o tempo que um consumidor passa em contato com a empresa. O objetivo é transformar o seu aplicativo em um “super app”, a exemplo das chinesas Alibaba e WeChat, da Tencent, que tem, em uma mesma plataforma, serviços de compras, pagamentos, delivery, mensagens, entre outros. “Na China vi um país digitalizado, muito mais que nos Estados Unidos. Tencent e Alibaba criaram ecossistemas em torno de suas empresas. Quero fazer isso até melhor no Brasil”, disse Frederico Trajano, presidente da empresa, em evento com acionistas e investidores.
Não é a única varejista a apostar nos meios de pagamento para fidelizar o consumidor. A B2W, dona da Americanas.com, possui a Ame Pagamentos e o Mercado Livre opera o Mercado Pago, por exemplo.
Diferencial na loja física
O futuro pode estar no app, mas, para Trajano, uma das fortalezas da companhia é sua rede com mais de 1.100 lojas físicas no Brasil, que são integradas a sua operação digital. As lojas estão habilitadas para a retirada de itens comprados pela internet, além de servirem como depósitos para enviar as compras online.
Por isso, diz ele, enquanto concorrentes investem na construção de lojas físicas e centros de distribuição, a empresa pode investir mais em inovação e tecnologia.
A Amazon anunciou ontem, 12, que vai abrir um novo centro de distribuição em Pernambuco, para reduzir seu tempo de entrega na região Nordeste do país e aumentar a presença entre os consumidores locais.Já o Mercado Livre irá investir mais de 3 bilhões de reais no Brasil no próximo ano, com foco em serviços financeiros e logística.
As rivais chinesas podem estar distantes, mas as concorrência por aqui é cada vez mais acirrada para o Magazine Luiza.