Bruno Silveira, da Data 4 Company: startup foi a vencedora do Sebrae Like a Boss Mercopar (Eduardo Rocha / Sebrae / Mercopar/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de outubro de 2023 às 17h11.
Última atualização em 24 de outubro de 2023 às 10h28.
Um dos desafios das grandes indústrias do país é pensar em alternativas para incorporar mais inovação em seus processos, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Uma das possibilidades é participar de programas de inovação aberta, onde chamam startups para solucionar problemas internos do negócio. Para isso, é importante que o ecossistema de tecnologia e startups esteja já pensando em soluções de problemas para o setor industrial, que representou 23,9% do PIB brasileiro em 2022.
Durante a Mercopar, evento de inovação para a indústria que acontece em Caxias do Sul, na serra gaúcha, 16 startups participaram da edição regional do Sebrae Like a Boss. O programa organizado por praticamente todos os Sebraes pelo país utiliza a competição entre startups como uma ferramenta para conectá-las ao mercado e qualificá-las para eventos.
“Para muitas delas, é a primeira vez que fazem um pitch ou que são avaliadas por uma banca com investidores-anjos e gestoras“, diz Alcir Cardoso Meyer, responsável pelo braço de startups no Sebrae RS, chamado de Sebrae X.
Das 16, quatro passaram para a edição estadual do Sebrae Like a Boss, que acontece durante o Gramado Summit, outro evento de inovação na serra gaúcha. De lá, as vencedoras vão representar o Rio Grande do Sul na edição nacional, que acontece anualmente no Startup Summit, em Santa Catarina. Veja as vencedoras:
Elas foram avaliadas em categorias como modelo, mercado, inovação, equipe e finanças. Agora, passaram por processos de aceleração para irem se preparando para as próximas etapas.
A grande vencedora do Like a Boss da Mercopar foi a Data 4 Company, empresa recém-criada em Santa Cruz do Sul, a 155 quilômetros de Porto Alegre. O negócio ajuda na interpretação e consolidação de dados fiscais para simplificar a gestão financeira de micro, pequenas e médias empresas. Na prática, o sistema da Data 4 Company consegue puxar dados que esses microempreendedores colocam em plataformas como o Excel e oferecer várias informações financeiras para eles.
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“Com essa plataforma, o pequeno e médio empresário pode controlar melhor a margem de contribuição, lucro líquido, prazo médio de recebimento e pagamento, tíquete médio por família de produto, cliente que mais recebeu”, diz o co-fundador Bruno Silveira.
Desde que começaram a vender a plataforma, em julho, já chegaram a oito Estados e contam com 73 clientes. Antes disso, Bruno e seu sócio já faziam dashboards personalizadas, mas para empresas maiores, especialmente de tabaco, que é muito forte na região de Santa Cruz do Sul.
A expectativa é de alcançar 100.000 reais de receita recorrente mensal em um ano. Com isso, vão conseguir bater, em breve, 1 milhão de reais em faturamento.
Em segundo lugar, ficou a gaúcha Urupê, de gestão de resíduos. Criada há dois anos, a startup oferece uma função “integrada” para indústrias gerirem seus resíduos. Funciona assim: uma empresa chama a Urupê, que conecta uma consultoria para ver como o negócio pode gerar menos lixo e gastar menos com resíduos. Depois, a própria Urupê também conecta o reciclador, que fará o recolhimento do lixo gerado.
“Todo resíduo que é de boa qualidade, a gente recicla e coloca de volta na cadeia produtiva”, diz Roberto Angonese, CEO da startup. “E aquele rejeito, que não pode ser reciclado, destinamos para coprocessamento, que é uma tecnologia de reciclagem energética. Transformamos o lixo em energia. Nosso objetivo é que nenhum resíduo vá para aterro sanitário”.
Angonese é empresário do setor de embalagens de papel para indústria. “Há três anos, me entendi como causador de um problema ambiental”, afirma. Foi aí que decidiu fazer a Urupê, para gerar valor do lixo. Hoje, a empresa atua, principalmente, na serra gaúcha.
Na terceira posição, ficou a Bubuyog. A empresa é um marketplace de aço. Ela conecta empresas que estão precisando da matéria-prima com outras que estão com o produto sobrando em seu estoque. “Somos um Tinder do aço”, afirma o CEO Eduardo Breda. Já em quarto lugar ficou a Vent, que faz a integração de dados de mercado e da própria empresa em um único lugar. Isso permite que as companhias façam decisões já analisando as informações setoriais.
Agora, as quatro empresas vencedoras passarão por treinamentos e programas de aceleração para aperfeiçoarem seus negócios. Elas vão se preparar para voltar a fazer seus pitchs no Gramado Summit, na edição estadual do Sebrae Like a Boss. De lá, as selecionadas participarão da versão nacional, no Startup Summit.
“O Sebrae X, do Rio Grande do Sul, já está com 1.300 startups ativas que recebem orientações, networking e aceleração”, afirma Meyer. “O nosso objetivo é ajudar o empreendedor a se desenvolver no universo da startup. E fazemos isso desde o ensino infantil. Desenvolvemos um aplicativo que ajuda as crianças a terem uma visão de empreendedorismo”.
O Sebrae X também organizou um livro, chamado Startup Guide Rio Grande do Sul, que apresenta uma série de startups, fundadores, programas de aceleração, espaços, escolas e investidores. De acordo com Meyer, é o primeiro livro desse tipo na América Latina, feito pela mesma equipe que fez os guias de startups de países como Polônia e Áustria. Ele é todo em inglês, porque um dos principais objetivos é atrair investidores internacionais que possam se interessar por uma solução apresentada no guia.