Boeing: empresa se beneficiou de abertura para negócios no Irã após acordo de 2015 e agora se vê obrigada a rever contratos bilionários (Larry W. Smith/Getty Images)
AFP
Publicado em 8 de maio de 2018 às 22h35.
A decisão do presidente americano, Donald Trump, de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã ameaça negócios de grandes corporações, entre elas Boeing, Airbus e General Electric (GE).
As duas gigantes da aeronáutica estão entre as empresas que foram autorizadas pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos a realizar negócios com o Irã sob uma estrita supervisão depois que em 2015 foi acordada a suspensão de sanções àquele país.
Mesmo com esse relaxamento, Washington manteve um embargo a cidadãos americanos para negociar no Irã e proibiu entidades iranianas de utilizar o sistema financeiro americano.
O governo de Trump deu nesta terça-feira (8) às empresas um prazo de entre 90 e 180 dias para reduzir os atuais contratos.
Esta é uma lista de empresas afetadas:
As companhias aeronáuticas eram talvez as mais beneficiadas pelo acordo com o Irã, no qual reconhecia a esse país a necessidade de modernizar sua frota de aviões.
A Boeing anunciou em dezembro de 2016 um acordo para vender 80 aviões à Iran Air por 16,6 bilhões de dólares. Em abril de 2017 também anunciou a venda a outra companhia aérea iraniana de 30 Boeing 737 MAX por 3 bilhões de dólares e com direito a comprar outros 30.
A Boeing afirmou que os contratos fechados com o Irã asseguravam dezenas de milhares de empregos. A empresa disse nesta terça-feira que seguirá a política dos Estados Unidos em relação ao Irã.
O colapso europeu de aviação Airbus também havia anunciado vendas a outras duas companhias aéreas iranianas por um total de 100 aeronaves.
Por contar com capacidade industrial nos Estados Unidos, a Airbus também ficou sujeita às sanções de Washington.
Filiais de General Electric (GE) fora dos Estados Unidos receberam desde 2017 contratos por dezenas de milhões de dólares para vender equipamento para a indústria petrolífera e petroquímica, segundo documentos financeiros de 1 de maio.
A petrolífera francesa Total corre o risco de perder um contrato para desenvolver o campo petrolífero iraniano South Pars após a decisão de Trump.
A Total advertiu que sua posição no projeto depende da maior amplitude do acordo nuclear com Teerã.
A alemã Volkswagen anunciou em 2017 a retomada de suas vendas de veículos no Irã. A empresa está atualmente enfrentando litígios pelo escândalo de automóveis adulterados para driblar os controles de poluição nos Estados Unidos, um de seus maiores mercados.
A fabricante francesa de automóveis PSA Peugeot Citroen fechou no ano passado a venda de veículos no Irã e desde então vendas crescentes nesse mercado.
A PSA demonstrou interesse em voltar ao mercado dos Estados Unidos, uma meta que lhe obrigará a repensar seus planos para o Irã.
A British Airways e a Lufthansa, que retomaram seus voos a Teerã, enfrentarão o dilema de manter esse negócio ou de manter os voos internacionais para os Estados Unidos.
O mesmo problema será enfrentado pela rede francesa de hotéis Accor que abriu um no Irã em 2015, assim como a rede espanhola Meliá Internacional e Rotana Hotels dos Emirados Árabes Unidos.