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Daniel Goldin

Administrador da Nasa, em Washington

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h26.

Meu pai era uma pessoa singular. Como nunca tivemos muito dinheiro, ele resolveu montar um carro para nós com peças usadas que recolhíamos do lixo. Naquela época, os carros tinham cores sóbrias e escuras. Meu pai pintou nosso carro de azul-celeste. Nós o chamávamos de "Raio Azul" do Lou. Eu ficava muito constrangido com aquilo, mas ele não se importava com o que os outros diziam.

Ele me incentivou a ler bastante e em profundidade. Ensinou-me também a gostar de música. Aos sábados, enquanto meus amigos jogavam bola ou iam ao cinema, eu ouvia Milton Cross e Metropolitan Opera, quisesse ou não. Na época, eu me queixava.

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Agora, porém, vejo que meu pai estava me ensinando a lidar com uma quantidade enorme de informação. Quando se dirige uma empresa grande e complexa, há sempre o risco de se buscar ordem, tranqüilidade e paz. Contudo, se o que se tem em vista é estabilidade, então não há lugar para a criatividade, que só se manifesta quando se trabalha com quantidades grandes e complexas de informação, priorizando-as. Meu pai me ensinou que a complexidade das coisas não devia ser pretexto para o fracasso.

Darei um exemplo de má liderança tirado de minha própria experiência. Quando minha filha Laura tinha 2 ou 3 anos, morávamos em um apartamento térreo com jardim em uma rua muito movimentada de Los Angeles. Tínhamos, então, uma regra bastante rígida: o portão da frente deveria ficar sempre fechado, e Laura só se aproximaria dele se estivesse acompanhada de um adulto. Minha filha nunca deu muita atenção a regras. Ela abria o portão e saía para brincar com suas amiguinhas no jardim da frente. Avisei-a uma vez, duas vezes. Na terceira, agarrei-a furioso e bati nela. Depois disso, ela dizia sempre às amigas: "É melhor vocês não passarem do portão, senão levam uma surra".

Percebi então que eu havia ferido seu espírito, pelo menos um pouco. Estava claro que minha reação à sua desobediência havia sido exagerada. Todo líder deve ter consciência do poder que tem. Sou uma pessoa muito enérgica, impetuosa, por isso às vezes atropelo as pessoas sem querer. Sempre que me pego fazendo isso, peço desculpas.

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