Negócios

DaimlerChrysler resiste à crise do mercado de caminhões

Montadoras amargam perdas nas vendas internas, mas dona da marca Mercedes-Benz comemora resultados superiores ao do setor

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A crise do agronegócio brasileiro causou um grande abalo no mercado de caminhões no primeiro semestre do ano, mas não parece preocupar tanto a maior montadora do setor, a DaimlerChrysler. Seus veículos da marca Mercedes-Benz estão conseguindo escapar dos efeitos do dólar baixo - a âncora que vem derrubando a rentabilidade dos produtores rurais - e mostrar um desempenho bem superior ao dos rivais, que acumulam queda de até 30% nas vendas internas.

Não que os caminhões Mercedes tenham escapado da crise - nas vendas totais no país, a empresa também registra perda, mas de 6,3%, a menor entre todos as montadoras. Mas em algumas categorias a empresa mostrou crescimento mais de vinte vezes superior ao das demais. Caso dos caminhões médios: enquanto o setor cresceu minguados 1,4% nos primeiros seis meses do ano, a Mercedes deslanchou 32,3%. Volkswagen e Ford perderam, respectivamente, 10,2% e 1,3%.

Em outras categorias, a disparidade no desempenho das montadoras se repete, sempre favorável aos caminhões da DaimlerChrysler. Entre os semileves, a queda nas vendas foi de 27,1% na Ford e de 12,2% na Iveco. A Mercedes passou longe de um mau resultado, com crescimento de 43,6%.

Motorização

Para a DaimlerChrysler, os números não são surpresa, e sim reflexo da antecipação de uma tendência. O diretor de vendas de veículos comerciais da empresa, Gilson Mansur, diz que a companhia foi a primeira a introduzir, em 1998, a motorização eletrônica em seus caminhões, para atender aos limites de emissão de poluentes de uma legislação que entrou em vigor, no Brasil, no início de 2006. A mudança teria encarecido em 15% cada veículo, estabelecendo um novo patamar de preço que só agora foi alcançado pelas outras montadoras: "Esse ano, os concorrentes vieram com a motorização eletrônica e tiveram de reajustar o preço também. Agora o nível está similar e nós temos a tecnologia amadurecida", diz Mansur.

Para o consultor Richard Dubois,  o motivo do bom  desempenho da DaimlerChrysler não  está apenas na adequação dos preços em relação ao mercado. O sucesso também se justifica na  reformulação que a empresa tem promovido em seus caminhões Mercedes e nos resultados trazidos pelos investimentos da companhia. Nos últimos cinco anos, foram mais de 1 bilhão de reais injetados em projetos de  veículos comerciais (entre caminhões e ônibus), com o  lançamento de novos  modelos nas linhas Accelo (caminhões leves), Atego (médios e semipesados), e Axxor (extrapesados).  

De acordo com especialistas do setoro esforço da DaimlerChrysler se justifica na competitividade dos concorrentes, principalmente da Volkswagen. "A Volks tinha um produto muito moderno e começou a incomodar em 2003. Foi quando a DaimlerChrysler começou a atualizar seus produtos para deixá-los mais competitivos em tecnologia", afirma um analista.

Enquanto em 2001 a líder DaimlerChrysler tinha 31,6% do mercado de caminhões, ante  24,2% da Volkswagen, em 2003, a diferença entre as duas concorrentes caiu para apenas 2,1 pontos percentuais. Com a rival nos calcanhares, a saída para a DaimlerChrysler foi melhorar seu produto. No primeiro semestre de 2006, a Volks ficou com 29,1% do mercado, enquanto a DaimlerChrysler avançou para 33,7%. É a recuperação do espaço perdido da montadora. Em meio à crise dos concorrentes, a estratégia está dando certo.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

11 franquias mais baratas do que viajar para as Olimpíadas de Paris

Os planos da Voz dos Oceanos, nova aventura da família Schurmann para livrar os mares dos plásticos

Depois do Playcenter, a nova aposta milionária da Cacau Show: calçados infantis

Prof G Pod e as perspectivas provocativas de Scott Galloway

Mais na Exame