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Da fotografia ao ebola, a transformação da Fujifilm

Como a Fujifilm se tornou um dos membros da elite no âmbito médico

Avigan, o medicamento que lidera a corrida para acabar com o ebola, produzido pela Fujifilm (Kazuhiro Nogi/AFP)

Avigan, o medicamento que lidera a corrida para acabar com o ebola, produzido pela Fujifilm (Kazuhiro Nogi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 14h48.

Tóquio - Depois de um espetacular processo de diversificação de suas atividades, a Fujifilm Holdings, grupo associado ao mundo da fotografia, produziu o Avigan, o medicamento que lidera a corrida para acabar com o ebola.

A molécula em questão, o favipiravir (o "T-705"), foi desenvolvida pela Toyama Chemical, uma filial do grupo. Comercializado com o nome de Avigan, o medicamento seria a princípio um anti-gripal, mas as experiências em ratos indicam eficiência contra o ebola.

Em novembro, os testes para avaliar seus efeitos em humanos começarão na Guiné, um dos países mais afetados pela atual epidemia.

Mas como a Fujifilm Holdings, uma companhia que fará 80 anos, alcançou a elite no âmbito médico?

"Desde a nossa criação, tivemos que enfrentar diversas crises (...), mas conseguimos sobreviver graças aos esforços de toda a empresa", explica o presidente e diretor-geral da companhia, Shigetaka Komori.

No início dos anos 2000, a empresa se concentrou na fotografia digital e chegou a um caminho sem volta. Naquele momento, a Fujifilm teve que aprender a viver sem o seu maior negócio.

"Em pouquíssimo tempo, nossa atividade principal se contraiu: os filmes fotográficos que representavam 60% das nossas vendas em 2000, só chegaram a 10% em 2010", com o quase desaparecimento da demanda, explica um responsável de comunicação do grupo, Takao Aoki.

Aproveitar os conhecimentos

Komori decidiu então estender as competências da companhia a outro setor em que já estava presente: a saúde. A Fujifilm há muito tempo fabrica equipamentos e filmes de radiografia, endoscopia, aparelhos de mamografia e dispositivos de gestão de imagens médicas.

Em 2008, o grupo comprou a Toyama Chemical por 130 bilhões de ienes (cerca de 1,268 bilhão de dólares).

As atividades da empresa então se dividiriam em três grandes conjuntos: imagem e informática voltada para escritório; materiais e componentes e saúde.

A saúde inclui a prevenção (com complementos alimentares, cosméticos), o diagnóstico (radiografia, mamografia, etc.) e o tratamento (medicamentos).

Em 2011, a Fujifilm comprou do grupo americano Merck duas filiais biofarmacêuticas que se transformaram na Fujifilm Diosynth Biotecnologias. Foi uma delas que anunciou nesta segunda-feira a compra da fabricante americana de vacinas Kalon Biotherapeutics.

A Fujifilm tem outra vantagem para crescer no mundo da saúde: o amplo conhecimento em química adquirido com a fotografia com prata.

A companhia conhecia perfeitamente, por exemplo, o colágeno, o que permitiu a ela lançar em 2006 uma série de cosméticos anti-envelhecimento (Astalift) que competem com as grandes marcas do setor.

As atividades de saúde da Fujifilm Holdings tiveram uma receita de 380 bilhões de ienes (aproximadamente 3,55 bilhões de dólares) no exercício 2013-2014.

O peso dos produtos farmacêuticos é, no entanto, pequeno em relação ao de equipamentos médicos.

"Continuam havendo obstáculos neste âmbito", assegura o analista Masahiro Shibano do City Group, em um artigo publicado na revista Nikkei Veritas.

"O Avigan chama a atenção, mas, embora tenha recebido a autorização de comercialização do Ministério de Saúde japonês, não será o principal medicamento na luta contra a gripe, porque parece que só será receitado quando os demais remédios fracassarem".

"Embora possa ser utilizado contra o ebola, não se sabe em que medida ele contribuirá com benefícios", acrescenta.

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