Negócios

Cyrela enfrenta dificuldades com mão-de-obra

Contratação de funcionários menos experientes leva a atrasos nas obras

Cyrela: o aumento real de custo da mão-de-obra nesse trimestre foi 11% para a empresa (.)

Cyrela: o aumento real de custo da mão-de-obra nesse trimestre foi 11% para a empresa (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - A Cyrela Brazil Realty divulgou ontem seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2010 e ao primeiro semestre do ano. A empresa destacou o aumento do custo da mão de obra e afirmou que a demanda aquecida leva à contratação de funcionários mais inexperientes o que, por sua vez, gera atrasos nas obras.

A empresa realizou uma revisão de custos em 244 empreendimentos. "A Cyrela revisa mensalmente os custos, há dois trimestres tem falado da pressão de custos, que se refletiu em números nesse trimestre", disse o CFO Luis Largman, em teleconferência com analistas (leia mais sobre a teleconferência). A grande pressão vem de mão-de-obra, segundo a empresa.

Os reajustes no custo da mão-de-obra não são captados pelo INCC (índice nacional de custo da construção), segundo Largman. Os pagamentos estão sendo feitos por empreitada, então é mantido o preço por hora mas aumentado o número de horas nos contratos, encarecendo o serviço. É uma falha de metodologia do INCC, segundo o CFO. Além disso, com o mercado aquecido, há mais espaço para a mão-de-obra menos qualificada. "A produtividade só tende a cair. Quanto mais gente você precisa, mais gente não-treinada você precisa contratar”, disse Largman.

Como o aumento real de custo no trimestre foi de 2,2% e a mão-de-obra representa 20% o aumento real de custo da mão-de-obra nesse trimestre foi 11%, segundo o CFO. O aumento varia de acordo com a região observada, tendo sido maior no nordeste.

O maior preço aliado à inexperiência leva a atrasos, segundo o CFO. A empresa tem registrados atrasos médios de três meses na entrega de obras. “Nós tivemos problemas no custo das obras por causa da mão-de-obra e de chuvas, o preço dos terrenos também fez com que projetássemos melhor nossos resultados futuros. Acredito que nos próximos trimestres e semestre teremos resultados mais coerentes", disse Elie Horn, diretor presidente da Cyrela.  


Enquanto isso, o preço da unidade tem aumentado. As unidades lançadas tiveram uma apreciação de quase 20% no trimestre, segundo a Cyrela. “O aumento no preço de comercialização está sendo possível devido à forte demanda do mercado, o que nos permite acompanhar a evolução dos custos de construção, e manter, no médio prazo, as margens de comercialização”, informou a empresa em seu balanço.

Lançamentos

Em 2010 a empresa espera lançar entre 17.000 a 21.000 unidades. Por enquanto, foram lançadas 5.321 unidades. No primeiro semestre de 2010 a Cyrela contabilizou 1,7 bilhão de reais em lançamentos. O valor é 43,9% superior ao do mesmo semestre de 2009, e representa 24% do ponto médio do guidance de 2010. Eles “serão intensificados no segundo semestre”, como afirmou a empresa no relatório de resultados.

Os lançamentos do semestre foram 64,5% vendidos. Em vendas contratadas o valor foi de 2,6 bilhões de reais – 94,2% superior ao do primeiro semestre de 2009. Ao final do primeiro semestre a empresa atingiu 40% do guindance de lançamentos. A empresa afirma que o segundo semestre concentra mais lançamentos. “Aproveito para reafirmar os guidances que já anunciamos e dizer que estamos confortáveis com esses número", disse o diretor-presidente. Em novembro de 2009, a empresa anunciou guidance de 6,9 bilhões de reais a 7,7 bilhões de reais em lançamentos e 6,2 bilhões de reais a 6,9 bilhões de reais em vendas.

No primeiro semestre de 2010 foram lançados 30 projetos com VGV total de 1,7 bilhão de reais - 43,9% superior ao realizado no mesmo semestre de 2009. Do total do VGV lançado no trimestre, 28,3% está localizado no Estado de São Paulo, 20,7% no Estado do Rio de Janeiro, 19,1% na região Nordeste, 18,0% na região Centro Oeste, 8,0% nos demais estados da região Sudeste e 5,9% na região Sul.  


Resultados

No segundo trimestre de 2010, a Cyrela Brazil Realty registrou lucro líquido de 167,449 milhões de reais - aumento de 6,6% em relação a igual período do ano passado. No semestre o lucro líquido foi de 341,7 milhões de reais – valor 32,7% superior ao do primeiro semestre de 2009.

No decorrer do segundo trimestre de 2010, a Cyrela adquiriu 19 terrenos localizados nas regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste, Nordeste e Norte, adicionando uma área de 561,3 mil metros quadrados ao seu estoque e VGV potencial de 1,8 bilhão de reais.

Minha Casa Minha Vida

As vendas da Living somaram 435 milhões de reais no trimestre e 846 milhões de reais no semestre, o que representa respectivamente 28% e 32% das vendas da Cyrela nos mesmos períodos. A Living lançou 3.262 unidades no segundo trimestre de 2010, que somaram 396 milhões de reais, 35% dos lançamentos da Cyrela. No acumulado no ano, foram lançadas 5.686 unidades que totalizaram 720 milhões de reais - 42% dos lançamentos da Cyrela.

A Living possui 40 mil unidades nas diversas etapas de aprovação do programa Minha Casa, Minha Vida. Até o final do semestre havia repassado 4.400 unidades dentro do programa, sendo 1.700 unidades somente no segundo trimestre. Do total lançado por esta empresa no segundo trimestre desse ano, 2.323 unidades (71,2%) se enquadraram no Programa Minha Casa, Minha Vida. 

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