CPFL e Equatorial fazem acordo para assumir Rede Energia
O Grupo Rede tem uma dívida total de 5,7 bilhões de reais
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2012 às 19h13.
São Paulo - A CPFL Energia e a Equatorial Energia assinaram um memorando de entendimentos com o objetivo de assumir o controle indireto do endividado Grupo Rede Energia, 40 dias após o governo ter decretado intervenção em oito de suas nove distribuidoras.
Segundo fato relevante do Grupo Rede nesta quinta-feira, a venda do seu controle depende de resultado de auditoria e de aprovação de plano de recuperação de suas unidades a ser apresentado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre outras condições.
Os detalhes financeiros do acordo não foram divulgados.
O negócio, se confirmado, representará uma consolidação relevante no setor elétrico brasileiro, no momento em que as empresas buscam ganhar escala diante de um cenário mais desafiador com as renovações onerosas e antecipadas das concessões que venceriam de 2015 a 2017.
Ao mesmo tempo, garantirá que o empresário Jorge Queiroz Junior, acionista majoritário do Grupo Rede, evite que o destino de suas distribuidoras fique sob responsabilidade dos interventores nomeados pelo governo no fim de agosto.
A Reuters não conseguiu localizar representantes das três empresas envolvidas para falar sobre o assunto.
Mas o presidente da CPFL, Wilson Ferreira Junior, afirmou mais cedo a jornalistas nesta quinta-feira que tinha interesse em ativos do Grupo Rede nas regiões Sudeste e Sul, e que fazia sentido buscar um parceiro para ficar com os negócios da empresa-alvo no Norte do país.
Ferreira Junior disse que a CPFL --que distribui energia no interior de São Paulo-- gostaria de ficar com os ativos paulistas do Grupo Rede: as distribuidoras Nacional, Bragantina, Caiuá e Vale Paranapanema. Além disso, ele mencionou a Enersul (MS).
A Equatorial, por sua vez, já tinha manifestado apetite por ativos próximos aos seus. A companhia é especializada em assumir negócios em dificuldades financeiras e com problemas de gestão --foi assim com a distribuidora maranhense de energia Cemar e mais recentemente na compra da Celpa, única distribuidora do Grupo Rede fora da intervenção por estar em recuperação judicial.
O Grupo Rede tem uma dívida total de 5,7 bilhões de reais. As distribuidoras da holding, incluindo a Celpa, distribuem energia em 34 por cento do território nacional, uma área com cerca de 20 milhões de habitantes. O faturamento bruto anual é da ordem de 11 bilhões de reais.
No ano passado, Queiroz Jr. chegou a cogitar vender sua participação no Grupo Rede. Mas a situação da Celpa, que acabou entrando em recuperação judicial em fevereiro passado, minou seus planos --com investidores preferindo aguardar para ver como o caso se resolveria, diante do perigo de contágio sobre outras empresas do grupo.
Segundo o Grupo Rede, o acordo firmado com CPFL e Equatorial não altera as condições do contrato de venda do controle da Celpa à Equatorial.
O Ministério de Minas e Energia informou, por sua assessoria de imprensa, que por enquanto não comentaria o assunto. Representantes da Aneel não foram imediatamente localizados para falar sobre o tema.
Pelo regime de intervenção decretado nas distribuidoras do Grupo Rede em 31 de agosto, a companhia tem dois meses para apresentar um plano de reequilíbrio financeiro. Se for viável, a Aneel aprova a proposta e a intervenção é suspensa. Sem isso, depois desse prazo, os interventores poderem negociar diretamente a venda dos ativos.