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Consumidor global quer saber origem da carne que come

Rastreamento da cadeia produtiva virou estratégia do agronegócio para garantir segurança da produção e ganhar a confiança do consumidor

EXAME Fórum Agronegócio: Fernando Galletti de Queiroz, Luiz Herrisson, Vasco Picchi e André Lahoz Mendonça de Barros (Germano Luders/Exame)

Vanessa Barbosa

Publicado em 28 de setembro de 2017 às 13h24.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h36.

São Paulo – Garantir boas práticas na produção já não é suficiente. Em tempos de acesso fácil à informação, a transparência com o consumidor em relação à origem das mercadorias – do produtor à gôndola do supermercado – é necessária para dar credibilidade aos negócios. Ao alcance de um smartphone, uma pessoa consegue saber com precisão de onde veio o produto que pretende comprar — tudo graças a tecnologias de rastreamento. A questão foi debatida no EXAME Fórum Agronegócio, realizado na manhã desta quinta-feira em São Paulo.

Para a cadeia do agronegócio, sujeita a pressões crescentes para cumprir padrões de sustentabilidade, a solução ajuda a responder, por exemplo, a demandas por bem-estar animal e respeito às normas de proteção ao meio ambiente e aos trabalhadores. O rastreamento virou estratégia do setor para garantir a almejada segurança da produção e, de quebra, ganhar confiança do consumidor.

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“O mundo está mudando. Com o acesso à informação, o consumidor exige mais transparência. Ele acredita menos no que as instituições estão falando e cada vez mais busca, por conta própria, informar-se sobre os produtos que está comprando, além de saber se essas mercadorias se alinham com sua visão ética”, afirmou o diretor de sustentabilidade do Walmart , Luiz Herrisson.

A gigante do varejo Walmart iniciou há dez anos o monitoramento da carne bovina que vende e, atualmente, já rastreia 100% dos produtos, vindos de mais de 70 mil fazendas fornecedoras. Em seu compromisso global de sustentabilidade para 2020, a empresa dá atenção especial aos produtos transparentes. “Desconfiança é constante e global”, afirmou Herrisson.

Em grande medida, a entrada do agronegócio do Brasil no mercado global contribuiu, em muito, para os avanços em transparência. “Essa inserção nos traz um novo tipo de consumidor com demandas diferentes. Ele quer saber de onde veio o produto, como foi feito, se foi produzido de forma sustentável e quem é o produtor. Esse movimento exige transparência do setor, e temos bases sólidas para responder ao desafio”, disse Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva Foods .

Segundo o executivo, as barreiras internacionais estão caindo e abrindo portas para a “vocação brasileira, que é o agro”. “No Brasil, estar no agro é sexy, porque esse é o setor que está puxando o país. Nós construímos uma base sólida de produção aliada à competitividade com respeito aos recursos naturais. Nós somos especializados em produzir grandes volumes. O desafio, agora, é a comunicação”, pontuou.

Não é um tarefa fácil, mas é necessária. A cadeia de produção de gado é bastante complexa. Os bois mudam de fazenda várias vezes em função da fase de desenvolvimento. Atualmente, segundo os executivos, o maior desafio é expandir o monitoramento aos criadouros que abastecem as fazendas fornecedoras.

A busca por maior transparência convoca à ação o binômio tecnologia e inovação. Para avançar nessa agenda, tem crescido a articulação entre empresas do agronegócio e startups. “Temos de mostrar a estrutura de conexão entre campo, produtor, consumidor e florestas”, destacou Vasco Picchi, sócio-fundador da Safe Trace, empresa mineira especializada em tecnologia de rastreamento de produtos agropecuários.

Em uma das iniciativas desenvolvidas com o Walmart e a ONG The Nature Conservancy, a empresa instalou dispositivos em bois que permitem acompanhar todo o deslocamento dos animais, onde estiverem, o que comeram e com que produtos foram tratados. “Rastreabilidade nada mais é do que registrar um processo que está sendo bem feito desde a origem até o varejo. As tecnologias de informação contribuem para essa mudança”, resumiu.

Veja depoimentos em vídeo gravados no evento:

Fernando Galletti de Queiroz, presidente do Minerva Foods, compartilha os planos da empresa para 2018 e discute saídas para os principais gargalos do setor:

Luiz Herrisson, diretor de sustentabilidade do Walmart, fala sobre como conciliar rentabilidade, sustentabilidade e transparência no setor:

https://www.youtube.com/watch?v=gXKwT0GvIXw

Vasco Picchi, sócio-fundador da Safe Trace, fala sobre as novas exigências do consumidor e alternativas para construir cadeias produtivas de alimentos mais transparentes:

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