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Construtoras correm atrás da baixa renda

Estabilidade econômica aproxima classe C do sonho da casa própria e construtoras preveem aumento no número de vendas

Atratividade do imóvel depende das condições de financiamento (.)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

São Paulo - A classe C vai demandar, entre 2010 e 2016, uma média de 1,4 milhão de imóveis por ano, de acordo com Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. Enquanto a população de baixa renda sonha com a casa própria, as construtoras calculam aumento na participação do setor nas vendas de 2010 em relação ao ano passado.

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Entre as condições que levam a essa expansão no consumo de imóveis estão, de acordo com Vale, a estabilidade de renda e emprego e a taxa de juros mais baixa. "Há 15 anos, no cenário de inflação, realizar esse sonho era uma geladeira nova, TV colorida. Conforme fomos estabilizando as famílias começaram a poder sonhar mais alto, cresceu a telefonia celular, automóveis e chegou a vez da casa própria. Hoje a prestação de um apartamento de dois dormitórios é a de um automóvel" afirmou Roberto Senna, diretor superintendente da Bairro Novo, o braço da Odebrecht para a classe C. De acordo com Flávio Prando, vice-presidente de programas habitacionais do Secovi-SP, o sindicato da habitação, o risco de inadimplência vem caindo, "os sistemas de avaliação de risco hoje são muito precisos e os bancos são muito criteriosos nesse sentido".

A atratividade dos imóveis depende da condição de financiamento, da localização e da facilidade de transporte público, de acordo com Prando. Entre os desafios de construir para a classe C estão a necessidade de eficiência em todas as etapas do processo da construção "qualquer aumento de 1%, de 2% no preço final determina você estar dentro ou fora do mercado" afirmou Rodrigo Martins – diretor do segmento econômico da Rossi. Para Senna, o maior desafio de construir para a classe C é o custo, encontrar terrenos com preço acessível e ter soluções de construção em larga escala, que permitam baratear. Para Antonio Ferreira, diretor de negócios da Gafisa, é necessário buscar a eficiência, e a padronização dos produtos ajuda nisso "você adapta o terreno ao projeto, a eficiência vem da repetição e do uso de tecnologias construtivas, precisa ter uma construção eficiente" afirmou.


O programa do governo federal Minha Casa,Minha Vida impulsiona mais as classes D e E do que a C, segundo Vale, "o programa ajudar a diminuir o déficit de imóveis, mas ele não vai sanar a demanda adicional que vai surgir, que será focada na classe C" afirmou. Rossi e Gafisa concordam que o Minha Casa, Minha Vida potencializa o setor, "a demanda é real independente do plano, ele dá para o comprador a idéia de que aquele é o momento de comprar" afirmou Ferreira.

"Mantida a estabilidade econômica, nós da iniciativa privada estamos capacitados para atuar nesse segmento", afirmou Senna. A empresa pretende construir 45 mil unidades esse ano, mais que o dobro de 2009, quando foram construídas 22 mil, e espera que, em 2010, a Bairro Novo represente perto de 50% da receita da Odebrecht Realizações Imobiliárias.

Entre as construtoras a expectativa é de que, nesse ano, o setor de baixa renda represente pelo menos 40% dos lançamentos em reais das empresas. Em 2008, de tudo que foi construído pela Rossi, em reais, 28% foi para classe C, em 2009 foi 50% e em 2010 projetam que será 55%. A Tenda pretende responder por 40% a 45% dos lançamentos da Gafisa em reais em 2010, sendo que em 2009, a participação foi de cerca de 25% a 30%. Do valor geral de vendas da OAS em 2009, a classe C foi responsável por 30% e, em 2010, ela deve passar a representar 60% do total.


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