Entre o final de abril e o início de maio, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das piores crises climáticas de sua história recente, com enchentes devastadoras que impactaram milhares de famílias. As intensas chuvas causaram o transbordamento de rios, alagando vastas áreas e deixando um rastro de destruição por onde passaram.
Muitos moradores perderam suas casas ou foram forçados a abandoná-las, enfrentando a difícil realidade de encontrar abrigos temporários e reconstruir suas vidas a partir do zero. No pico da crise, mais de 570.000 pessoas ficaram fora de casa.
A devastação, porém, também evidenciou a força da solidariedade.
Um desses exemplos vem do Sinduscon, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul. Mobilizando construtoras da região, entre elas a Melnick, uma das mais fortes incorporadoras do Estado, a entidade está lançando um novo projeto para construção de casas modulares para doações.
São casas pré-fabricadas em indústrias, em estruturas de aço, que já chegam no lugar de construção prontas para serem encaixadas. Assim, a moradia consegue ficar pronta em poucos dias. Para ser mais específico, em dois.
“Fizemos um protótipo num terreno da Melnick, que também bancou parte da construção desse modelo”, afirma Marcelo Guedes, vice-presidente de Operações da Melnick e vice-presidente do Sinduscon-RS. “A ideia de fazer um modelo foi garantir que, quando o projeto fosse replicado, nada estivesse errado. Conseguimos comprovar a eficiência do projeto e levamos dois dias para construir a casa. A ideia é replicar isso agora. A cada dois dias, ter uma casa pronta”.
A ideia, neste primeiro momento, é levantar recursos para construção de 50 casas. O valor pode ser maior, conforme a entrada de dinheiro, claro. Dessas, 25 já estão garantidas e com recursos, aguardando apenas a liberação do terreno pela prefeitura.
-
1/17
Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
-
2/17
Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 14 de maio de 2024. Crédito: Anselmo Cunha / AFP)
(Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre)
-
3/17
Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. A água e a lama tornaram os estádios e sedes do Grêmio e Internacional inoperáveis. Sem locais para treinar ou jogar futebol, os clubes brasileiros tornaram-se equipes itinerantes para evitar as enchentes que devastaram o sul do Brasil. (Foto de SILVIO AVILA / AFP)
(Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre)
-
4/17
Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. Foto de SILVIO AVILA / AFP
(Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre)
-
5/17
Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta, entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, Brasil, em 21 de maio de 2024. O Rio Grande do Sul experimentou um desastre climático severo, destruindo pelo menos seis pontes e causando interrupções generalizadas no transporte. O exército respondeu construindo pontes flutuantes para pedestres, uma solução temporária e precária para permitir que a infantaria atravesse rios durante conflitos. (Foto de Nelson ALMEIDA / AFP)
(Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta)
-
6/17
Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 26 de maio de 2024. O estado sulista do Rio Grande do Sul está se recuperando de semanas de inundações sem precedentes que deixaram mais de 160 pessoas mortas, cerca de 100 desaparecidas e 90% de suas cidades inundadas, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre)
-
7/17
Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi)
-
8/17
Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Esta é a segunda enchente histórica que Marks enfrenta aos 94 anos de idade. A primeira foi em 1941, quando ele morava no centro de Porto Alegre. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi)
-
9/17
(Um trabalhador usa uma mangueira de alta pressão para remover a lama acumulada pela enchente)
-
10/17
(Destruição no RS após chuvas e enchentes)
-
11/17
Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 14 de maio de 2024. Foto de Anselmo Cunha / AFP
(Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi)
-
12/17
Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria (RS).
(Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria)
-
13/17
Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”
(Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”)
-
14/17
Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
-
15/17
(Imagem aérea da destruição no Rio Grande do Sul - Força Aérea Brasileira/Reprodução)
-
16/17
Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 13 de maio de 2024. Foto de Nelson ALMEIDA / AFP
(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas)
-
17/17
(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul)
Como serão as casas construídas para doação
As casas do projeto do Sinduscon terão 44 metros quadrados, dois dormitórios, banheiro e cozinha. Direto da fábrica já vem também a parte elétrica, hidráulica, as placas de revestimento interno e externo e o forro do telhado. Depois, precisa ser instalado o piso e a cerâmica.
“Queremos construir 50 casas em 100 dias. Essa é a nossa meta”, fala Guedes. “Isso requer um investimento na casa de 7 milhões de reais”.
A construção das casas é realizada em três etapas:
- Enquanto a casa é fabricada na indústria, o terreno é preparado e as fundações para o recebimento dos painéis são executadas no local de sua implantação.
- Após a fundação, o banheiro modular, que chega ao local finalizado com revestimentos, louças e metais, é instalado. Os painéis de paredes e forros são conectados à estrutura de concreto do banheiro na sequência. Esses painéis chegam igualmente finalizados, com todas as instalações, caracterizando o conceito de industrialização, com rapidez, eficiência e zero resíduos no canteiro.
- A última etapa é de colocação de cerâmicas nos pisos e pinturas interna e externa.
Interessados que quiserem ajudar podem fazê-lo doando para o Sinduscon-RS. Construtoras de todo o Estado também podem solicitar o projeto gratuitamente para replicá-los em suas cidades. Fornecedoras que quiserem doar para a construção também podem, o que reduzirá o custo de cada casa.
“A intenção é disponibilizar todo material e análise que fizemos para que outras entidades que queiram usar assim o façam”, diz. “Falamos de dezenas de milhares de moradia”.
Negócios em Luta
A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolaram o estado no mês de maio.
São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.
Os textos do Negócios em Luta mostram como os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente. Tem uma história? Mande para negociosemluta@exame.com.