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Construtora vende imóvel em SP com entrada de R$ 900

O financiamento inclui prestações a partir de R$ 240 e não é necessário comprovar renda

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Impulsionado pela queda nas taxas de juros e pela maior estabilidade da economia, o crédito imobiliário começa a ter no Brasil condições que seriam impensáveis há alguns anos até mesmo para especialistas do setor. A construtora Tenda realiza de hoje a domingo um feirão de casas e apartamentos de dois e três dormitórios localizados na cidade de São Paulo com condições bastante acessíveis à população de baixa renda. Na aquisição de um imóvel, a empresa aceita entrada a partir de R$ 900 a ser paga somente daqui a 90 dias. O comprador também pode dar carro ou moto como parte do pagamento. O financiamento pode ser feito direto com a construtora ou com a Caixa Econômica Federal e as parcelas mensais para o financiamento são a partir de R$ 240. Não é necessário comprovar renda nem é feita consulta ao Serviço de Proteção ao Crédito ou Serasa.

Os juros do financiamento, no entanto, são de 12% ao ano mais a variação do índice de inflação INPC. Não são as menores taxas do mercado. A Caixa, por exemplo, cobra uma taxa mínima de 6% ao ano para famílias de baixa renda, mas com exigências bem mais rígidas para a concessão do crédito. Como inclui um financiamento mais caro, os imóveis da Tenda podem ser um bom negócio principalmente para pessoas que querem fugir do aluguel mas ainda não economizaram os recursos necessários para dar uma entrada maior.

Os imóveis da Tenda estão localizados nas zonas leste e sul de São Paulo e também na região metropolitana, em regiões como Itaquera, Cidade Líder, Cangaíba, Campo Limpo, Capelinha, Santo André e Suzano. São apartamentos e casas térreas com tamanho entre 45 e 60 metros quadrados. A maioria dos imóveis à venda ainda estão em construção e devem ser entregues em até 18 meses. Os imóveis são construídos em condomínios fechados, que dispõem de infra-estrutura como garagem, guarita 24 horas, playground, churrasqueira, piscina, quadra de esporte e salões de jogos e de festas. O feirão acontece nas seis lojas da empresa em São Paulo.

A Tenda é especializada na incorporação e construção de imóveis para baixa renda e já entregou 25 mil imóveis nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio. O dono da empresa, Henrique Alves Pinto, costuma comparar o modelo de negócios da Tenda ao do Habib';s e da Casas Bahia. A expectativa da empresa é vender 15 mil imóveis neste ano, um crescimento de 150% sobre 2006. Essa taxa de expansão chamou a atenção de outras construtoras mais acostumadas a lançar imóveis sofisticados, como Cyrela, Company, Gafisa e Klabin Segall. Com dinheiro em caixa após realizarem ofertas de ações nos últimos meses, todas planejam aumentar em breve os lançamentos voltados para a população de baixa renda com a expectativa de que, em algum momento, haja uma saturação no mercado voltado para as classes média e alta.

O mercado, entretanto, ainda tem dúvidas sobre a capacidade de pagamento das classes C e D, principalmente se o país voltar a atravessar um período de instabilidade econômica. Em momentos de crise, o dólar costuma disparar no Brasil e gera pressão sobre os preços. Como os juros da Tenda são atrelados a um índice de inflação, o INPC, os compradores teriam de arcar com prestações maiores que o planejado em caso de uma crise cambial - o que levaria ao aumento da inadimplência. A dificuldade de avaliar os limites do crédito imobiliário não é uma exclusividade brasileira. Até mesmo em economias desenvolvidas como a americana o mercado já acredita que o financiamento habitacional se expandiu demais nos últimos anos. Prova disso são as recentes dificuldades enfrentadas pela New Century Financial, uma das maiores firmas independentes de crédito imobiliário do país, que pediu concordata após experimentar forte crescimento da inadimplência com o estouro da bolha imobiliária. Resta saber se construtoras e mutuários brasileiros saberão aprender com o exemplo americano.

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