Construtora Delta amarga queda de 85,5% no lucro em 2011, mas dividendos disparam
Ligação da empreiteira com Carlinhos Cachoeira ainda não havia sido divulgada, mas negócios desaceleraram no ano passado
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2012 às 13h14.
São Paulo - Em 2011, as atividades da construtora Delta ainda não tinham sido relacionadas aos negócios do contraventor Carlinhos Cachoeira. Mas os números da empresa sofreram mesmo assim. Como mostra balanço publicado no "Diário Oficial do Rio de Janeiro" nesta segunda, o lucro líquido da companhia despencou 85,5%, passando de 220,3 milhões para 32 milhões de reais. No mesmo período, a distribuição de dividendos sangrou o caixa da empresa: foram 64,6 milhões pagos em 2011, contra 13,5 milhões em 2010 - aumento de 378%.
A receita da Delta totalizou 2,7 bilhões de reais, número 10% menor que o apresentado em 2010. A construtora deverá receber outros 149 milhões de reais por serviços executados em 2011 que serão quitados com atraso.
No ano passado, a provisão para créditos duvidosos, isto é, com possibilidade de não serem recebidos, foi de 79,9 milhões. No balanço de 2010, nenhum dinheiro havia sido poupado com esse fim. Cresceram também os empréstimos da Delta com o Finame, linha do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O montante mais do que dobrou, chegando a 99,7 milhões de reais.
Faxina
Os números mostram que a holding J&F, dos mesmos donos do JBS, terá ainda mais trabalho para pôr a casa em ordem na Delta. Na semana passada, a J&F assumiu o controle da empresa – sua primeira aposta na construção civil. A mudança na gestão, contudo, não envolveu nenhum aporte financeiro: a opção de compra poderá ser exercida depois de concluída uma investigação interna conduzida pela KPMG para desvendar o suposto envolvimento da construtora em esquemas de corrupção.
Embora a auditoria esteja em andamento, a Delta já vem sentindo o impacto da ligação com as irregularidades. A empresa saiu do consórcio para a construção de um trecho da Ferrovia Oeste-Leste, principal negócio que mantinha no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.
A Petrobras também rescindiu um contrato de 846 milhões de reais com consórcio do qual a Delta participava no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Com o rompimento, a J&F dispensou 800 funcionários da empresa nesta terça, entre operários e técnicos. No mesmo dia, a empresa deixou oficialmente as obras de mobilidade urbana para a Copa de 2014, em Fortaleza.
Em entrevista à coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo, Joesley Batista, CEO do JBS, afirmou que se a Delta for declarada inidônea , "serão 35 mil pessoas na rua". Desde o fim de abril, a Controladoria Geral da União investiga se esse será o caso. Informações de bastidores dão conta que o Palácio do Planalto acredita nessa possibilidade, o que ameaçaria os contratos da Delta nas esferas municipal, estadual e federal.
No mês passado, a Delta já havia abandonado a reforma do Maracanã e as obras do Transcarioca, corredor de ônibus que vai ligar a Barra da Tijuca à Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
São Paulo - Em 2011, as atividades da construtora Delta ainda não tinham sido relacionadas aos negócios do contraventor Carlinhos Cachoeira. Mas os números da empresa sofreram mesmo assim. Como mostra balanço publicado no "Diário Oficial do Rio de Janeiro" nesta segunda, o lucro líquido da companhia despencou 85,5%, passando de 220,3 milhões para 32 milhões de reais. No mesmo período, a distribuição de dividendos sangrou o caixa da empresa: foram 64,6 milhões pagos em 2011, contra 13,5 milhões em 2010 - aumento de 378%.
A receita da Delta totalizou 2,7 bilhões de reais, número 10% menor que o apresentado em 2010. A construtora deverá receber outros 149 milhões de reais por serviços executados em 2011 que serão quitados com atraso.
No ano passado, a provisão para créditos duvidosos, isto é, com possibilidade de não serem recebidos, foi de 79,9 milhões. No balanço de 2010, nenhum dinheiro havia sido poupado com esse fim. Cresceram também os empréstimos da Delta com o Finame, linha do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O montante mais do que dobrou, chegando a 99,7 milhões de reais.
Faxina
Os números mostram que a holding J&F, dos mesmos donos do JBS, terá ainda mais trabalho para pôr a casa em ordem na Delta. Na semana passada, a J&F assumiu o controle da empresa – sua primeira aposta na construção civil. A mudança na gestão, contudo, não envolveu nenhum aporte financeiro: a opção de compra poderá ser exercida depois de concluída uma investigação interna conduzida pela KPMG para desvendar o suposto envolvimento da construtora em esquemas de corrupção.
Embora a auditoria esteja em andamento, a Delta já vem sentindo o impacto da ligação com as irregularidades. A empresa saiu do consórcio para a construção de um trecho da Ferrovia Oeste-Leste, principal negócio que mantinha no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.
A Petrobras também rescindiu um contrato de 846 milhões de reais com consórcio do qual a Delta participava no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Com o rompimento, a J&F dispensou 800 funcionários da empresa nesta terça, entre operários e técnicos. No mesmo dia, a empresa deixou oficialmente as obras de mobilidade urbana para a Copa de 2014, em Fortaleza.
Em entrevista à coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo, Joesley Batista, CEO do JBS, afirmou que se a Delta for declarada inidônea , "serão 35 mil pessoas na rua". Desde o fim de abril, a Controladoria Geral da União investiga se esse será o caso. Informações de bastidores dão conta que o Palácio do Planalto acredita nessa possibilidade, o que ameaçaria os contratos da Delta nas esferas municipal, estadual e federal.
No mês passado, a Delta já havia abandonado a reforma do Maracanã e as obras do Transcarioca, corredor de ônibus que vai ligar a Barra da Tijuca à Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.