Negócios

Consórcio e empresa suíça disputam controle da MMX

Modelo do negócio seguirá o usado na MPX e na LLX - um aumento de capital na companhia sem a participação de Eike


	Mina da MMX: Eike abrirá mão do direito de preferência na operação em nome do grupo investidor e terá a participação diluída
 (Rich Press/Bloomberg)

Mina da MMX: Eike abrirá mão do direito de preferência na operação em nome do grupo investidor e terá a participação diluída (Rich Press/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2013 às 19h34.

Rio - As propostas pelo controle da MMX, braço de mineração do Grupo EBX, estão na mesa do empresário Eike Batista desde o fim da última semana. Estão no páreo um consórcio formado pelo Mubadala Development, fundo soberano de Abu Dhabi, e a trading holandesa Trafigura, e a suíça Glencore Xstrata, de acordo com fontes próximas às negociações.

O modelo do negócio seguirá o usado na MPX e na LLX - um aumento de capital na companhia sem a participação de Eike. Ele abrirá mão do direito de preferência na operação em nome do grupo investidor e terá a participação diluída, deixando o controle da MMX. As propostas partem de um valuation (avaliação de empresas) entre R$ 2,60 e R$ 2,80 para o valor de emissão do papel MMXM3. A capitalização deverá atingir um valor entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão.

A ação ON da MMX acumula queda de 50,11% em 2013, mas em agosto registra alta de mais de 40% por conta dos rumores de venda. No pregão desta quarta-feira, 4, a ação fechou cotada R$ 2,20, com desvalorização de 0,90%. A negociação inclui tanto o Porto do Sudeste, em Itaguaí, no Rio de Janeiro, quanto os ativos de mineração da empresa no sistema MMX Sudeste (com as minas Serra Azul e Bom Sucesso, em Minas Gerais). A MMX é controlada por Eike com uma fatia de 59,3% e tem também como sócios os chineses da Wisco (10,5%) e a sul coreana SK Networks (8,8%). Outros 21,4% estão com acionistas minoritários no mercado.

Além da falta de interesse pelas minas da MMX e a pressão inicial dos candidatos para comprar apenas o Porto do Sudeste - o que não deve ocorrer - há um outro ponto que dificulta a negociação: o destino dos papéis MMXM11. A origem do papel vem de 2010, quando houve a cisão parcial da LLX e foi criada a PortX, que tinha como ativo o Porto do Sudeste. Mais tarde, a MMX incorporou as ações da PortX, dando em troca os títulos híbridos negociados sob a sigla MMXM11 e ações da MMX (MMXM3).

O MMXM11 é um título de remuneração variável baseado em royalties pagos trimestralmente por volume embarcado. O papel dá a seu dono o direito de receber US$ 5 por tonelada de minério exportada pelo Porto do Sudeste, valor indexado ao índice de inflação ao produtor dos Estados Unidos (PPI).


A previsão era de que o porto iniciasse atividades este ano com embarques de 10 milhões de toneladas - operação que está atrasada - e em 2015 atingisse a plena capacidade de operação, exportando 50 milhões de toneladas/ano. O dólar em alta aumenta a renda potencial do título. O detentor do papel também pode ter ganhos com a variação do preço do papel na bolsa de valores. Nesta quarta-feira, o MMXM11 terminou o pregão valendo R$ 2,50.

Na prática, o papel MMXM11 representaria uma dívida para o futuro comprador da MMX, que não teria interesse em carregá-lo. Haveria aí um impasse sobre que fim dar aos títulos entre os grupos interessados na empresa e Eike Batista, dono de dois terços do total desses títulos.

Na OPA da PortX, em 2010, foram emitidos 992,5 milhões de títulos, o que multiplicado pela cotação atual chegaria a quase R$ 2,5 bilhões. Esse seria um dos poucos ativos de Eike desvinculados de qualquer dívida com instituições financeiras e, por isso mesmo, muito valioso para o empresário.

O analista do Goldman Sachs, Marcelo Aguiar, avalia que em um cenário de preço decrescente do minério de ferro os títulos tornam o Porto do Sudeste muito caro. Em recente relatório sobre a MMX, a equipe de análise formada por Aguiar, Diogo Miura e Humberto Meireles recomenda a venda dos papéis da mineradora e reduzem o preço-alvo das ações nos próximos 12 meses de R$ 2,80 para R$ 1,80, o que já leva em conta as necessidades de pagamento para MMXM11.

Segundo os analistas, a necessidade de caixa de curto prazo continua sendo a principal pendência da MMX. Eles enxergam riscos de execução para a maturidade dos projetos de minério de ferro e do porto, com risco elevado de mais atrasos e embarques inferiores ao previsto.

"Com R$ 1,2 bilhão em dívida de curto prazo, mais cerca de R$ 1 bilhão comprometidos com investimentos para os próximos 12 meses, se a MMX não for capaz de rolar sua dívida de curto prazo, continuamos a ver necessidade de aumento de capital", afirmam os analistas do Goldman Sachs, em relatório. O cálculo é que a empresa poderá precisar de algo entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,5 bilhão de caixa para atender necessidades de curto prazo nos próximos 12 meses. Ao fim do segundo trimestre a posição de caixa da MMX era de apenas R$ 451 milhões.

Acompanhe tudo sobre:EBXEmpresasMineraçãoMineradorasMMXSiderúrgicas

Mais de Negócios

Cartões UnionPay emitidos no exterior podem ser vinculados ao Alipay e WeChat Pay

De olho na Black Friday, Shein abre área no aeroporto de Guarulhos para acelerar entregas

Autoridade chinesa aprova criação da Beijing BNP Paribas Tian Xing Insurance

'McDonald's da construção civil' recebe aporte milionário para popularizar obra à moda Lego