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Conselho da Petrobras pode mudar em eventual gestão Temer

Nada impede que governo convoque nova reunião para indicar representantes para o Conselho, substituindo os que foram eleitos ontem


	Petrobras: investidores, funcionários e conselheiros acreditam que mudança política pode afetar gestão, mas não de forma imediata.
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Petrobras: investidores, funcionários e conselheiros acreditam que mudança política pode afetar gestão, mas não de forma imediata. (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2016 às 13h18.

A Petrobras elegeu ontem, numa votação sem surpresas que referendou nomes já esperados, seu novo conselho de administração.

Mas os mandatos, agora de dois anos, não retiram incertezas sobre a administração da estatal em meio à batalha da presidente Dilma Rousseff contra o impeachment.

Em caso de mudança de governo, nada impede que o controlador, a União, convoque uma assembleia para indicar seus novos representantes, esclareceu Francisco da Costa e Silva, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que presidiu a assembleia de acionistas realizada na quinta-feira, no Rio de Janeiro.

Na ocasião, os acionistas reelegeram o presidente do conselho de administração, Luiz Nelson Guedes de Carvalho, e nomearam outros nove integrantes do conselho - a maioria vinda de universidades, escritórios de direito ou do mercado de capitais.

Até 2014, havia forte presença de ministros e até de um general no conselho.

Além dos sete da União, foram reeleitos os dois representantes de acionistas minoritários e confirmada a representante dos funcionários da Petrobras no conselho.

Embora tenha hoje composição mais técnica, ainda há nomes associados à Dilma. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, que fez carreira no Banco do Brasil e não possuía experiência no setor de petróleo, foi escolhido pessoalmente para o cargo pela presidente.

Além de CEO Bendine também tem assento no conselho de administração, que foi renovado na quinta-feira por dois anos.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, à frente do banco de desenvolvimento nos mandatos de Dilma e de Luiz Inácio Lula da Silva, também teve seu mandato no conselho renovado.

A perspectiva de remoção de Dilma da presidência da República transformou a Petrobras na ação de melhor desempenho entre as principais do setor de petróleo, com um retorno de 53 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Se o Senado votar o impeachment de Dilma, ela será substituída pelo vice-presidente Michel Temer, em quem os investidores depositam a expectativa de uma postura menos nacionalista e mais pró-mercado no setor de petróleo.

No Brasil, os diretores das empresas e dos bancos estatais normalmente são indicados pelo presidente da República ou por seus aliados no governo.

Temer tem se ocupado da formação do gabinete enquanto o Senado se prepara para a votação do impeachment.

Enquanto nomes de candidatos para os principais ministérios, incluindo o da Fazenda, circulam na imprensa, há pouca especulação sobre substitutos para Bendine.

Consultados, investidores, funcionários e membros de conselho presentes na assembleia ordinária tampouco arriscavam nomes para uma possível sucessão e apostavam que uma possível mudança poderia não ser imediata.

Temer provavelmente tentará realizar reformas para abrir o setor a uma concorrência maior de outras petroleiras, disse Adriano Pires, presidente da CBIE, consultoria do Rio de Janeiro especializada no mercado de energia, em entrevista por telefone.

“O presidente da Petrobras tem sido historicamente nomeado pelo presidente da República”, disse Pires. “A permanência da diretoria é difícil -- eles representam um governo diferente”.

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