Negócios

Em meio a "furacão", conselho da Petrobras decide futuro da empresa nesta terça

A tendência é de que os conselheiros da estatal aprovem a escolha de Bolsonaro de indicar o general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco

General Joaquim Silva e Luna: indicação à presidência da Petrobras fez ações da estatal perderem 21% do valor nesta segunda-feira (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

General Joaquim Silva e Luna: indicação à presidência da Petrobras fez ações da estatal perderem 21% do valor nesta segunda-feira (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 06h20.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 12h30.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia

Mesmo antes de o presidente Jair Bolsonaro decidir trocar o comando da Petrobras, após criticar o aumento de preços promovido pela companhia, o conselho da estatal já tinha na pauta o futuro de seu atual CEO para a reunião ordinária desta terça-feira, 23.

O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor

Como o mandato de Roberto Castello Branco e da diretoria-executiva da companhia vence em março, os conselheiros (que são representantes da União e outros acionistas) já se programavam para decidir sobre a recondução ou não da liderança. Além disso, já estava nos planos discutir os resultados financeiros da empresa em 2020, que serão divulgados nesta quarta-feira.

A proximidade do fim do mandato de Castello Branco levou o presidente Jair Bolsonaro a determinar que o Ministério de Minas e Energia nomeasse o general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa como o futuro da presidente da Petrobras. 

A decisão causou um furacão no mercado financeiro desta segunda-feira e levantou temores de que o governo federal pudesse voltar a interferir nos preços dos combustíveis, uma das causas dos graves problemas financeiros pelos quais a companhia passou entre os anos de 2010 e 2014. A política de preços da ex-presidente Dilma Rousseff custou mais de 100 bilhões de reais à empresa.

As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras afundaram 21,51% e 20,48%, respectivamente, nesta segunda-feira, 22, por causa da decisão de Bolsonaro de indicar Luna ao lugar de Roberto Castello Branco.

Para ser presidente da Petrobras, o nomeado deve fazer parte do grupo de 11 conselheiros. Desses 11, o governo tem direito a nomear sete.

No ofício do Ministério de Minas e Energia, o governo pediu a retirada do Roberto Castello Branco do grupo, a inclusão de Joaquim Silva e Luna e convocou, como todo acionista detentor de mais de 5% das ações tem direito, uma assembleia para a eleição do novo presidente. São os 11 que votam quem será o novo presidente nesta futura assembleia, mas como é majoritária, a União não tem como perder.

O estresse no ambiente político, econômico e empresarial foi tamanho que chegou a ser cogitada a possibilidade de o conselho tentar impedir a nomeação de Joaquim Silva e Luna. No entanto, isso não deve ocorrer na reunião de hoje porque o conselho já estaria convencido de que a chegada de Luna está longe de significar uma mudança na política de preços da Petrobras.

Aqui cabe uma explicação importante. A reunião do conselho marcada para esta terça-feira tem pouca ingerência sobre a decisão de Bolsonaro de colocar Luna à frente da estatal. Pela governança da empresa, a nomeação do general deve ser aprovada numa assembleia com os principais acionistas da petroleira e os membros do conselho.

Quando a assembleia em si estiver marcada, os sete conselheiros indicados pela União precisam votar conforme ordenado pelo governo. Caso contrário, o governo pode trocar todos os sete nomes e forçar ainda mais influência na empresa, com nomes mais alinhados.

Tudo indica que o nome de Joaquim Silva e Luna será aprovado nesses trâmites da Petrobras porque os conselheiros estão confiantes de que a Lei da Estatais, aprovada em 2018 durante o governo Temer, impedirá qualquer tentativa de o governo utilizar o caixa da Petrobras para praticar uma política de preços baixos de combustíveis, como foi feito durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Caso isso ocorra, a União precisa ressarcir a empresa no mesmo ano.

Um dos cenários possíveis para a reunião desta terça-feira é o assunto Luna simplesmente sair da pauta, caso o presidente do colegiado, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, decida manter apenas a análise financeira do resultados do quarto trimestre.

 

Acompanhe tudo sobre:Conselhos de administraçãoExame HojeGoverno BolsonaroPetrobras

Mais de Negócios

Ele criou um tênis que se calça sozinho. E esta marca tem tudo para ser o novo fenômeno dos calçados

30 franquias baratas a partir de R$ 4.900 com desconto na Black Friday

Ela transformou um podcast sobre namoro em um negócio de R$ 650 milhões

Eles criaram um negócio milionário para médicos que odeiam a burocracia