Negócios

Conheça cinco mulheres que fundaram agtechs no Brasil

Mais de um terço das startups no segmento agro, antes predominantemente masculino, tem uma mulher à frente do negócio

Segundo relatório do Radar Agtech 2023. 36% das agtech  possuem ao menos uma mulher em sua estrutura societária. (Luis Alvarez/Getty Images)

Segundo relatório do Radar Agtech 2023. 36% das agtech possuem ao menos uma mulher em sua estrutura societária. (Luis Alvarez/Getty Images)

EXAME Solutions
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Publicado em 26 de março de 2024 às 06h00.

Uma em cada cinco startups no Brasil é fundada por mulheres, de acordo com o último Mapeamento de Ecossistema de Startups, levantamento anual da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). 

Apesar de o número ainda ser baixo, é visível o aumento do protagonismo feminino na criação e liderança desse tipo de negócio. Entre as empresas voltadas ao agronegócio, em especial, as agtechs, 36% possuem ao menos uma mulher em sua estrutura societária, segundo relatório do Radar Agtech 2023. O percentual é 8% maior do que o registrado no ano anterior.

Conheça a seguir cinco dessas empreendedoras que estão à frente de startups dedicadas a levar inovação ao campo.

Juliane Lemos Mendes Blainski - Fundadora e CEO da ManejeBem​

Bióloga, especialista em biotecnologia aplicada à agroindústria, mestre em agronomia, doutora em biotecnologia e biociências e especialista em empreendedorismo para startups – conhecimento da área em que atua não falta à paranaense Juliane Lemos Mendes Blainski, fundadora da ManejeBem

A Agtech de assistência técnica agrícola, sediada em Florianópolis (SC), promove o desenvolvimento de comunidades rurais, por meio do financiamento de grandes empresas, que dependem de matéria-prima oriunda da agricultura familiar ou precisam bater suas metas ESG.

“O negócio nasceu em 2018 com uma pegada tecnológica para dar escala ao nosso propósito de impactar positivamente a vida dos pequenos produtores. Hoje, eu e minha sócia Caroline Luiz Pimenta, coordenadora de operações, tocamos a startup”, conta.

Juliane é a CEO e responsável por toda direção executiva da empresa, captação de investimentos, relacionamento com parceiros e coordenação administrativa. São 26 pessoas no total, espalhadas pelo país, trabalhando em home office desde o início.

Juliane Blainski, CEO da ManejeBem​: empresa promove o desenvolvimento de comunidades rurais, por meio do financiamento de grandes empresas. (Maneje Bem/Divulgação)

Sob sua liderança, em pouco mais de 5 anos, a MenejeBem, que desde 2020 é uma Empresa B certificada, já executou 33 projetos e tem outros 19 em operação. São 17 estados brasileiros e 209 municípios em atendimento, impactando mais de 300 mil produtores de forma direta e indireta.  

“Tivemos aumento de renda per capita em cerca de três vezes, 80% de aumento na produtividade e quase 30% de aumento de adesão de novas práticas agrícolas sustentáveis. E no nosso site, organicamente, cinco milhões de usuários (agricultores, técnicos e estudantes) consomem conteúdos de forma gratuita”, diz, orgulhosa, a CEO.

Gabriela Vieira Silva - Sócia-fundadora da Agribela

Co-fundadora da Agribela, agtech especializada em tecnologias para amostragem e controle de pragas agrícolas com sede em Bandeirante (PR), a paulista Gabriela Vieira Silva é quem lidera o time de pesquisa e desenvolvimento, o coração do negócio.

Além de empreendedora, Gabriela tem uma reconhecida carreira como pesquisadora e docente. Formada em ciências biológicas e agronomia, com mestrado em entomologia e doutorado em fitossanidade, por dez anos atuou como professora no curso de agronomia em diferentes instituições e hoje colabora em programas de mestrado e especialização. 

Gabriela Silva, sócia-fundadora da Agribela: empresa é especializada em tecnologias para amostragem e controle de pragas agrícolas. (Agribela/Divulgação)

Foi no ambiente acadêmico, inclusive, que a startup nasceu em 2017, ao lado do sócio Luis Arruda, na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade de Londrina (UEL). 

Atualmente, a Agribela atende um grupo de fazendas de referência na produção de grãos na região norte do Paraná com utilização direta de sua tecnologia de amostragem de pragas em mais de 5 mil hectares, além de clientes em cana-de-açúcar, milho e café. 

A startup ainda possui parcerias e contratos de cooperação com centros de pesquisa, como Fitolab e Embrapa Soja, e também assistência técnica e licenciamento com grandes empresas do setor agrícola e energético do país. 

Porta-voz da empresa, Gabriela já levou as soluções da Agribela para diferentes países, como Índia, Austrália e França. Pela inovação, a startup recebeu diversos prêmios e reconhecimentos regionais e nacionais, com destaque para a premiação em um evento de sustentabilidade agrícola realizado pela ONU, Sebrae e Embrapa. 

Elaine Basso - Fundadora e CEO da Converge/GeoApis

O agro faz parte da vida de Elaine Basco desde a infância. Natural do interior paulista, a CEO e fundadora da GeoApis, agora parte da Converge Consultoria Agronômica, cresceu trabalhando no sítio da família, formada por pequenos produtores rurais.

Essa vivência pessoal no campo, aliada à formação em engenharia agronômica e à experiência em extensão rural, foram a base para a criação da startup, pioneira no Brasil e no mundo na prevenção de mortalidade de abelhas e preservação da biodiversidade de polinizadores no entorno agrícola. 

Com metodologia e tecnologia exclusivas – que unem práticas de ESG, análise BI, extensão rural, manejo responsável, construção e gestão de relacionamento com multistakeholders –, a GeoApis oferece projetos socioambientais que beneficiam criadores de abelhas e produtores rurais, promovendo a coexistência harmônica entre agricultura e apicultura. 

Elaine Basso, CEO da GeoApis: Todas as soluções da companhia estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. (GeoApis/Divulgação)

Todas as soluções são alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – hoje, a GeoApis atende 11 dos 17 ODS. Trata-se ainda de um negócio feminino, cuja equipe é formada 99% por mulheres. São dez colaboradores no total e, a começar pela CEO, todos os cargos de liderança são ocupados por mulheres.

Sob o comando de Elaine, GeoApis atualmente, monitora mais de um bilhão de abelhas (inclusive de espécies nativas), possui mais de 500 apicultores envolvidos e seus clientes somam mais de 3,5 milhões de hectares monitorados, somando mais de 160 municípios brasileiros. 

Andrea Mesquita - Fundadora e CEO do Território da Carne

Bagagem no ramo em que atua é o que não falta à zootecnista Andréa Mesquita, CEO do Território da Carne, startup paulistana com foco na geração de negócios dentro da cadeia de proteína bovina a partir da educação. 

Para fundar o negócio, somado à sua experiência anterior em grandes empresas do setor no Brasil e nos Estados Unidos, ela passou quase um ano analisando o mercado de perto, literalmente. 

“Em 2018, saí em expedição por mais de 60 cidades, em nove países, para estudar o que os diferentes tipos de estabelecimentos desse mercado estavam fazendo”, conta. “Nessa caminhada de mais de dez anos, me deparei com inúmeras situações em que a falta de preparo do material humano comprometeu os resultados da empresa”.

Esse olhar atento ao empreendedor entusiasta da carne é a alma do TC, por onde já passaram mais de 1.500 alunos e clientes, entre donos de açougues e restaurantes, empresários do segmento de frigoríficos, pecuaristas, nutricionistas de bovinos e estudantes que pretendem atuar na área.   

Andrea Mesquita, CEO do Território da Carne: startup atua na geração de negócios dentro da cadeia de proteína bovina a partir da educação. (Kakau Lossio/Divulgação)

Além de CEO da agtech, Andrea é mentora em alguns dos programas, palestrante, representando a empresa em eventos e fóruns dedicados ao assunto, e a porta-voz da marca, à frente das aparições nas redes sociais e vídeos. 

A atuação já lhe rendeu uma série de reconhecimentos. Foi indicada, por exemplo, entre os 20 zootecnistas mais destacados do país pelo Beef Point, um dos cinco profissionais mais influentes do mercado na Associação Brasileira dos Zootecnistas, uma das 20 mulheres inovadoras de agtechs pela Forbes e, em 2023, concorreu ao Prêmio Top Empresarial Internacional, na categoria Excelência e Inovação no Setor Agropecuário.

Ana Carolina Clivatti Ferronato - Sócia-fundadora e COO da NetWord Agro

A ligação de Ana Carolina Clivatti Ferronato com o campo é antiga. Começou com o avô, que foi agricultor e produtor rural e se prolonga até hoje, agora com uma abordagem tecnológica, com o ramo em que escolheu trabalhar. 

Ao lado do pai, Marcos Ferronato, ela fundou em 2014 a NetWord Agro, agtech de Palotina (PR) que une ciência e tecnologia preditiva, monitorando solos e lavouras para prevenção de pragas, doenças e daninhas antes que prejudiquem a produtividade dos agricultores.

“Nosso propósito, desde o princípio, foi de gerar impactos ambientais, sociais e econômicos positivos”, ela afirma. “Ambientais ao reduzir a quantidade de defensivos lançados nas lavouras indiscriminadamente; sociais, pois nossa tecnologia é viável também para o pequeno agricultor; e econômico, pois aumenta a rentabilidade do agricultor”, acrescenta.

Ana Ferronato, sócia-fundadora e COO da NetWord Agro: companhia une ciência e tecnologia preditiva para monitoramento de solos e lavouras. (NetWord Agro/Divulgação)

Formada em Ciência da Computação, mestre em Sistemas Aplicados à Engenharia e Gestão e atualmente doutoranda em Desenvolvimento Rural Sustentável, Ana Carolina é a COO da empresa, responsável pela gestão eficiente das operações do negócio. 

A empreendedora é um dos nomes mais reconhecidos do segmento, integrando uma série de premiações e reconhecimentos. Recentemente, por exemplo, ela venceu o Women in Tech: The Next Gen, entre 145 empresas lideradas por mulheres no Brasil. Também já foi nomeada uma 22 SDG Super Hero em todo o mundo, prêmio dado a empresas e pessoas que usam a inovação para solucionar problemas de modo sustentável.

Hoje, a NetWord Agro soma mais de 165 mil hectares monitorados. Seus clientes já tiveram R$ 144 milhões economizados com defensivos e fertilizantes, R$ 50,7 milhões em aumento de produtividade, 1,8 milhões litros de água poupados, 3,8 milhões litros de diesel economizados e 200 mil horas/máquina a menos. 

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