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Confira quem é a pessoa mais rica do Brasil em 2022

Ranking da Forbes elenca os 10 principais nomes no país com fortuna acima de R$ 1 bi

Lemann: Sonhar grande dá no mesmo do que sonhar pequeno (Bloomberg/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2022 às 16h06.

Última atualização em 10 de abril de 2022 às 16h13.

Quem é o maior bilionário brasileiro? A pergunta, que é respondida todos os anos pela revista Forbes, aponta o nome de Jorge Paulo Lemann no primeiro lugar entre os 10 mais ricos no país. O levantamento faz parte da 36ª edição do ranking anual das pessoas mais ricas do planeta. No último ano, o executivo havia ficado em segundo lugar, atrás de Eduardo Saverin, o brasileiro cofundador do Facebook -- graças à disparada das ações da companhia.

Lemann, de 82 anos, e a família, segundo a publicação, têm um patrimônio avaliado em R$ 71,6 bilhões (ou US$ 15,4 bilhões), um pouco menos do que os US$ 16,9 bilhões registrados no ano passado. A fortuna dele foi construída principalmente ao longo da carreira como cofundador da empresa de private equity 3G Capital Partners, além de participações na Anheuser-Busch InBev, e na Restaurant Brands International (empresa por trás do Burger King). Em 2015, ele se juntou à Kraft Heinz por meio de uma fusão e, no último ano, anunciou a saída do investimento, dizendo que "o grande sonho" para a empresa não havia dado certo.

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O executivo é o autor da famosa frase de que "sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno". Economista formado por Harvard, filho de pais de origem suíça, Lemann construiu uma gigante dos investimentos (a 3G Capital) ao lado de seus dois sócios: Marcel Telles e Beto Sucupira. O grupo investiu em empresas como Lojas Americanas, Brahma e a Antarctica -- que posteriormente virou a Ambev, parte fundamental da maior fabricante de cervejas do mundo, a ABInBev.

História

A parceria entre os três começou em 1971, quando L emann fundou o banco de investimentos Garantia.Formado em Economia pela Universidade de Harvard, Lemann já havia passado por uma experiência malsucedida com a corretora Libra. O modelo do Garantia foi o americano Goldman Sachs.

Durante mais de 20 anos, o estilo de gestão do Garantia fez escola no Brasil, ao derrubar as paredes dos escritórios, atrelar parte da remuneração dos executivos a bônus e ações, atrair os maiores talentos com ofertas de sociedade, e implantar a meritocracia em troca de resultados. Em meados dos anos 90, porém, os problemas do Garantia vieram à tona. Lemann e seus sócios, entre eles, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, foram acusados de perder o foco ao diversificar excessivamente os negócios.

A crise asiática, em 1997, causou um prejuízo de 600 milhões de dólares ao banco. No ano seguinte, o Garantia acabou vendido ao americano CS First Boston por 670 milhões de dólares.

Em 1981, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira compram a Lojas Americanas. O modelo de negócios adotado é o do Walmart, a maior rede de varejo do mundo, conhecida pela austeridade com que controla os custos em todos os aspectos para que possa se apresentar como uma rede de descontos.Durante 20 anos, o estilo da Americanas foi admirado e seguido por outros varejistas brasileiros.

Em 1989, o trio Lemann, Telles e Sicupira deu o primeiro passo daquilo que culminaria na criação da maior cervejaria do mundo. Era a compra da antiga Brahma, que, na época, disputava a liderança do mercado brasileiro com sua então arquirrival Antarctica.Novamente, o modelo da meritocracia e do controle severo de custos foi implantado. O resultado foi um forte crescimento nos anos seguintes.

A Brahma foi uma das primeiras companhias brasileiras a se internacionalizar. Em 1994, comprou a Cervecera Nacional, a segunda maior da Venezuela. Meses depois, abriu uma fábrica em Luján, na Argentina.Em 1999, os donos da Brahma deram mais um passo ousado: arquitetaram sua fusão com a Antarctica e criaram a AmBev. A cervejaria nasceu como a terceira maior do mundo em faturamento. Anos mais tarde, o trio alcançou o topo do setor, ao criar a AB InBev.

Em 1992, Lemann, Telles e Sicupira criaram o GP Investimentos, que se tornou uma das referências no mercado brasileiro de private equity. Seu estilo agressivo a transformou em uma máquina de aquisições de empresas. O modelo do GP baseia-se na escolha de companhias estratégicas em cada setor, que são transformadas em veículos de consolidação.Todos os ingredientes do estilo de gestão do trio foram implantados na empresa de private equity, com a meritocracia e o rigor com custos entre eles.

Em 1999, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira arquitetam a fusão da Brahma, que haviam comprado em 1989, com a sua maior rival – a Antarctica. Ao nascer, a AmBev era a terceira maior cervejaria do mundo, com faturamento de 6,6 bilhões de dólares, atrás da holandesa Heineken, que faturava 7,3 bilhões.Quando a AmBev foi criada, Lemann, Telles e Sicupira detinham 46% das ações da empresa. Já a Fundação Antonio e Helena Zerrenner, que controlava a Antarctica, ficou com 23% do capital.O negócio não escapou às críticas de concentração. Afinal, juntas, as duas empresas detinham 72% do mercado brasileiro de cervejas, com 37 marcas da bebida. Anos depois, com a fusão com a belga Interbrew e a compra da americana Anheuser-Busch, o trio criou a maior cervejaria do mundo.

A principal característica do modo de investir dos três sócios, ao longo do tempo, foi comprar companhias em dificuldade e, por meio da gestão, torná-las companhias de sucesso. "O que eu gosto mais, francamente, é que toda crise é cheia de oportunidades. Todas as crises que eu passei foram duras, eu sofri, não sabia muito bem como iria chegar ao fim, mas alguma oportunidade apareceu", afirmou o bilionário em uma conferência realizada em 2020.

Novos investimentos

No último ano, o bilionário anunciou uma aposta em um setor diferente, o de educação básica.O avanço de um dos homens mais ricos do Brasil no setor ocorreu por meio do investimento na Eleva Educação, grupo que havia acabado de abocanhar 51 escolas da Cogna (ex-Kroton). O movimento fez com que ele tivesse, na carteira de investimentos, o maior grupo de educação básica do mundo em número de alunos.

O investimento na Eleva, contudo, não é a única atuação de Jorge Paulo Lemann no campo da educação. Ele é, por exemplo, um dos mantenedores doadores da escola de negócios Insper. Desde o ano passado, a universidade tem a Cátedra Fundação Lemann, que viabiliza a pesquisa acadêmica.

Além disso, desde os anos 1990, a Fundação Estudar fornece bolsas para estudantes da rede pública. Alguns de seus ex-bolsistas seguiram carreira política - grupo que inclui a deputada federal Tábata Amaral (PDT-SP). Lemann, que há tempos dedica parte do seu tempo ao setor, costuma dizer que a única alternativa para o futuro do País é o investimento em educação.

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