Companhia de Abu Dhabi compra 3 toneladas de ouro da Venezuela
A empresa de investimentos Noor Capital admitiu o negócio em um comunicado publicado em seu site neste sábado (2)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de fevereiro de 2019 às 16h14.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2019 às 16h15.
Dubai - A empresa de investimentos Noor Capital, de Abu Dhabi , confirmou que comprou aproximadamente 3 toneladas de ouro da Venezuela há cerca de duas semanas. Em um comunicado em seu site publicado neste sábado, a companhia admitiu o negócio, depois de ter sido mencionada no Twitter na última quinta-feira (31) pelo senador republicado Marco Rubio, da Flórida. Na ocasião, Rubio reportou à Embaixada dos Emirados Árabes Unidos nos EUA ter recebido informações de que um cidadão francês estaria em Caracas representando a Noor Capital para acertar o "roubo" de mais ouro da Venezuela.
"Espero que vocês tenham alertado eles (a Noor Capital) de que eles ou qualquer serviço de frete aéreo que fizer isso estará sujeito às sanções do Tesouro", disse Rubio na ocasião em seu perfil no Twitter.
No comunicado divulgado neste sábado, a Noor Capital afirmou que "não se envolve em quaisquer transações ilegais ou proibidas". A empresa declarou que a compra feita no último dia 21 foi realizada dentro de "padrões e leis internacionais em vigor naquela data". "Até que a situação na Venezuela se estabilize, a Noor Capital vai se abster de transações adicionais", acrescentou a companhia de Abu Dhabi.
Os Emirados Árabes Unidos são um forte aliado dos Estados Unidos, mas tem enfrentado críticas crescentes de parlamentares americanos por sua conduta na guerra do Iêmen.
Na quarta-feira (30), o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, usou o Twitter para reforçar as sanções impostas à petrolífera estatal venezuelana PdVSA, sem descartar medidas adicionais ao país latino-americano. "Meu conselho para banqueiros, corretores, traders, facilitadores e outros negócios: não negociem com ouro, petróleo ou outros produtos venezuelanos roubados do povo da Venezuela pela máfia de [Nicolás] Maduro", escreveu na rede social. "Estamos prontos para continuar a agir", acrescentou.
Na sexta-feira (1º), o diretor geral da Chevron, Michael Wirth, disse em teleconferência com analistas que a companhia manterá suas operações na Venezuela de forma estável e segura em um "futuro previsível", apesar das sanções importas pelos EUA à PdVSA. A Chevron tem quatro operações conjuntas com a PdVSA de exploração e produção de petróleo. Wirth disse também as operações de refino nos EUA estão preparadas para a provável interrupção do fornecimento de petróleo venezuelano, em razão das sanções, e que a Chevron já tinha um plano de contingência em vigor que previa as sanções. (Clarice Couto - clarice.couto@estadao.com, com Associated Press)