Negócios

Como esse empresário foi de um Fiat Uno carregado de queijo a faturar R$ 100 milhões com data center

Mercado de data centers do Brasil deve atingir 2,56 bilhões de dólares em 2026

Felippe Carvalho Prates, da Novalogic: seus primeiros trabalhos foram como cortador de grama e servente de pedreiro (Novalogic/Divulgação)

Felippe Carvalho Prates, da Novalogic: seus primeiros trabalhos foram como cortador de grama e servente de pedreiro (Novalogic/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 26 de agosto de 2023 às 12h02.

Última atualização em 26 de agosto de 2023 às 17h49.

O empresário Felippe Carvalho Prates, de Imbituba, Santa Catarina, já foi um pouquinho de tudo. Trabalhou como servente de pedreiro, cortador de grama e como dono de uma oficina de conserto de bicicletas. Mas foi sua aproximação com a tecnologia em 1999 que fez com que seus olhos se abrissem para novas oportunidades de negócio.

“Eu virei braço direito do meu tio, que era arquiteto e engenheiro”, diz Prates. “Comecei a usar o Autocad no escritório dele e gostei. Até virei professor para ensinar a usar o programa”. 

Quando virou professor de informática, se mudou para Joinville, onde também passou a trabalhar com automatização de indústrias. As empresas o chamavam para ajudar na transformação da Indústria 3.0, quando as máquinas começavam a ficar conectadas entre si, compartilhando dados e informações. Foi nessa época que começou a pensar que aquele poderia ser um negócio: conectar indústrias em rede. 

Prates pensava nisso nas caronas que pegava aos finais de semana em um Fiat Uno carregado de queijo mineiro. “Eu voltava aos finais de semana para visitar minha mãe e ia sempre de carona em um carro carregado de queijo que meu amigo trazia de Minas Gerais”, diz o empresário. “Digo que a empresa começou aí, dentro do Fiat Uno”.

A empresa em questão é a Novalogic, que está fazendo 17 anos. A empresa faz a parte de conexão e de rede de empreendimentos. Mais recentemente, também se especializou na construção de data centers.

No ano passado, faturou 50 milhões de reais. Para este ano, a meta é bater até 100 milhões de reais em faturamento com as empresas do grupo.

O que faz a Novalogic

A Novalogic começou, em 2006, fazendo a infraestrutura de rede de obras. Quando prédios, indústrias e empresas precisavam de uma rede de informática conectada, a Novalogic entrava na jogada, conectando cabos e fios e automatizando os empreendimentos. “A rede elétrica, a automação, a parte de dados, a conexão. Tudo que envolve a tecnologia, a gente faz”, diz. 

Por praticamente dez anos, esse foi o principal negócio da empresa. Por volta de 2016, outra oportunidade pintou no radar de Prates. Após fazer algumas viagens para China e Estados Unidos, entendeu que as companhias estavam construindo data centers próprios. Viu aí um novo mercado e passou a se organizar para construir essas estruturas de dados. 

Hoje, o pilar de construção de data center já representa 60% do faturamento. Há mais de um produto dentro dessa categoria de serviço: 

  • Do zero: a Novalogic pega um terreno e constrói o data center para a empresa do zero. 
  • Modular: se não tiver um terreno, a Novalogic pode fazer um data center modular, adaptável ao espaço que a empresa tem, como um estacionamento ou terreno alugado
  • Adequação: a Novalogic pode olhar uma sala ou área dentro da empresa e adaptá-la para receber um data center, analisando, por exemplo, sistema de combate a incêndio

A frente de data center modular é, aliás, a nova aposta da Novalogic. Recentemente, a empresa investiu 15 milhões de reais para construir uma fábrica que produz os módulos para os data centers. 

Como está o mercado de data centers

O mercado de data centers do Brasil foi avaliado em 1,91 bilhão de dólares em 2019 e deve atingir 2,56 bilhões de dólares em 2026, de acordo com um relatório da Mordor Intelligence. Com o avanço da digitalização durante a pandemia, as empresas aceleraram as jornadas de nuvem e digitalização.

“Tem uma empresa que quer construir 35 data centers no Brasil, a demanda está aquecida”, afirma Prates. “É uma área que depende de espaço físico e que está com a demanda muito alta, estamos apostando bastante nesse mercado”.

Mas não só nele. Prates também está apostando em outras frentes para seguir crescendo o faturamento nos próximos anos. Uma das apostas é em desenvolver infraestrutura para carros elétricos. Além disso, continuar também atuando em outras frentes do grupo. 

“A minha vida se transformou e consegui abrir outros negócios”, diz. “Hoje temos provedor de internet, fazenda, agroindústria. Estou trabalhando para, assim como data center, tentar antecipar outras tendências”. 

Acompanhe tudo sobre:Santa CatarinaData centerempresas-de-tecnologia

Mais de Negócios

Jumbo Eletro: o que aconteceu com o primeiro hipermercado do Brasil

Esta empresa fatura R$ 150 milhões combatendo a inflação médica no Brasil

Equity: a moeda da Nova Economia e o segredo do sucesso empresarial

A 'pandemia' de ansiedade movimenta este negócio milionário de chás e rituais para relaxar