Como a agenda ESG pode aumentar a relevância e a longevidade das médias empresas brasileiras
O que se percebe no dia a dia das empresas, é que ainda falta muito para que a agenda ESG seja, de fato, implementada, defende André Luis Rodrigues, professor associado da Fundação Dom Cabral
Redação Exame
Publicado em 15 de abril de 2023 às 08h06.
O ESG (Enviroment - ambiental,Social - social eGovernance - governança da sigla em inglês) é um tema que vem se tornando cada vez mais relevante, desde sua criação em 2004, com o Pacto Global.
Como traduzir o que é ESG
O ESG pode ser traduzido em conscientização e boas práticas que devemos ter nos seguintes pilares:
- Citigroup tem lucro de US$ 4,6 bilhões no 1º trimestre
- Mega-Sena acumula e prêmio é estimado em R$16 milhões
- Tarifa do metrô do Rio de Janeiro fica mais cara a partir desta quarta; veja valor
- A Unipar quer liderar a expansão do saneamento básico no Brasil
- Fed autoriza compra do Credit Suisse pelo UBS nos EUA
- Depois do fim do SVB, diretora do Fed cita preocupação com queda no número de bancos nos EUA
- Ambiental: Reduzir a poluição (emissões de carbono, produtos químicos, embalagens); recursos naturais (cuidar da terra, das águas e das arvores) e a biodiversidade (cuidar dos vários tipos de vida na terra).
- Social: Cuidar e tratar bem as pessoas, sejam funcionários, fornecedores, clientes, toda a sociedade. Evitar discriminação, buscando um tratamento justo e igualitário para todos.
- Governança: Utilizar das boas práticas de gestão, que evidenciam um modelo de gestão ético e transparente, tais como: Carta de conduta e valores (ética) e implantar boas práticas de governança corporativa.
Porém, o que se percebe no dia a dia das empresas, é que ainda falta muito para que esse tema seja, de fato, implementado. Estamos vivendo um processo de:
- Aprendizado
- Implementação
- Sistematização
Onde estão os desafios da agenda ESG
A consciência existe, mas há grande dificuldade de se implementar ações que tragam resultados efetivos nos três pilares. Faltam políticas e projetos claros, com ações definidas, tanto dentro da empresa quanto junto aos steakholders. É importante que se forme uma grande rede, que replique e multiplique as ações. Muito se fala, mas pouco ainda se faz.
A conscientização do ESG está mais latente nas novas gerações, que trazem essa consciência como característica da própria faixa etária, principalmente, no pilar social e ambiental. Esses se mostram mais engajados e mais abertos para lidar com o tema dentro das organizações. Portanto, inevitavelmente, nossas empresas atrairão mais talentos à medida que evoluirmos neste tema.
A longevidade de uma companhia depende de vários fatores, mas, fundamentalmente, do comprometimento e engajamento das pessoas. A empresa é um organismo vivo e isso pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma organização.
Nunca foi tão difícil comprometer e engajar as pessoas. Vivemos tempos em que o colaborador veste a camisa se a empresa tiver valores alinhados com o seus. Se não tiver, ele vai embora. No passado, não muito distante, era o contrário.
Como criar um discurso alinhado à prática
Por isso se faz necessário que a organização tenha, de fato, o discurso coerente com a prática. Fazer o que fala. Não basta ter apenas palavras bonitas na “carta de valores” que fica na parede da recepção.
O discurso tem que ser coerente com a prática. Isso vale também para boas práticas de ESG. No Ambiente: não adianta dizer que a empresa cuida do meio ambiente porque tem coleta seletiva ou adotou uma praça. Cuidar bem das pessoas, não discriminar, no Social e a transparência/ética na Governança.
As empresas que se alinham às boas práticas do ESG, têm se tornado mais relevantes. Os colaboradores demonstram orgulho de fazer parte e a sociedade percebe que esta empresa é socialmente responsável. Portanto, para se manter relevante e longeva, é fundamental que ela desenvolva boas práticas de ESG.
O desafio pela frente é grande, mas toda caminhada começa com um primeiro passo. É importante começar.
Quais são as práticas ESG recomendadas
Pilar Ambiental (E)
- Crie um comitê multidisciplinar para elencar e colocar boas práticas de cuidados com o meio ambiente na empresa, nas casas dos colaboradores e no entorno da empresa. Deve estar contido no plano de capacitação dos colaboradores desenvolver a consciência para isto.
Pilar Social (S)
- Trate bem as pessoas, com cortesia e educação.
- Se não conseguimos convencer por argumentos questione, positivamente, suas habilidades como líder. Aquela coisa de “manda quem pode e obedece quem tem juízo” já caiu por terra faz tempo.
- Quebre o paradigma da adversidade, podemos nos surpreender com um alto nível de engajamento e comprometimento das pessoas.
Pilar Governança (G)
- Faça reuniões mensais de apresentação de resultados para os colaboradores.
- Tenha uma carta de convivência bem clara e entendida por todos, ela deve fazer parte do escopo de treinamento.
- Crie um fórum de discussão (algo parecido com um Conselho Consultivo) com uma ou duas pessoas de fora da empresa, isto trará pontos de vista diferentes sobre os negócios, o que é bastante sadio.
- Leve o ESG, para dentro da estratégia da empresa.