Nabil Alnoor Borhanu, da Graphene Ventures: "Estamos abertos para negócios" (Daniel Giussani/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de março de 2024 às 12h31.
Última atualização em 21 de março de 2024 às 13h18.
PORTO ALEGRE — Num dos palcos cujos olhos de startups estão mais atentos no South Summit Brazil 2024, o Growth Stage, o empreendedor da Árabia Saudita Nabil Alnoor Borhanu deixou um recado claro: "Estamos abertos para negócios".
Nabil é um empresário e investidor com 22 anos de experiência em tecnologia, finanças e governança corporativa. Ao longo de sua carreira, dividida entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos, ele fundou diversas empresas de telecomunicações, esportes e mídia.
Em 2015, fundou a Graphene Ventures, empresa de venture capital do Vale do Silício responsável por ser uma das primeiras a investir em plataformas como Snapchat e Lyft. Ao longo de sua jornada, já investiu cerca de US$ 290 milhões em capital em cerca de 50 startups, inclusive no Brasil.
No South Summit, o empresário veio para dar um convite às startups brasileiras: que elas se aproximem mais da região conhecida em inglês como Mena, uma sigla que se refere a regiões do Oriente Médio e do norte da África.
"A Arábia Saudita estava individualmente muito lenta em se adaptar ao ecossistema de startups", diz. "O que costumava acontecer é que a maioria das startups sauditas ia para Abu Dhabi para estabelecer algo por lá. Mas isso vem mudando. Agora eles estão realmente sendo ágeis e mudando esse ecossistema e tentando fazer com que essas empresas se formem localmente em vez de em um país vizinho".
Nessa toada, querem também atrair startups estrangeiras, que normalmente preferem ir para países como os Estados Unidos.
"Queremos mostrar que é mais fácil chegar a outros mercados onde há menos competição", diz. "Há um grande talento técnico no Brasil, há um grande talento financeiro no Brasil, e ele pode estar também na Arábia Saudita".
Mas como fazer essa aproximação? A Graphene Ventures está à disposição, segundo Borhanu, para ajudar. Além disso, as empresas em que eles aportam também fazem um trabalho de internacionalização com foco na região do Oriente Médio.
Por aqui, por exemplo, a Grapheno investe em startups como a Dio, uma plataforma de educação que conecta empresas a programadores. Em 2022, a venture saudita aportou cerca de R$ 7 milhões na plataforma brasileira.
A palestra de Borhanu aconteceu no mesmo dia em que o New York Times divulgou um plano do governo da Arábia Saudita de criar um fundo de cerca de US$ 40 bilhões — o equivalente a R$ 201,3 bilhões, para investir em inteligência artificial.
O fundo de tecnologia planejado tornaria a Arábia Saudita o maior investidor do mundo em inteligência artificial. O valor superaria os valores típicos levantados pelas empresas de capital de risco dos Estados Unidos e seria superada apenas pelo SoftBank, o conglomerado japonês que há muito tempo é o maior investidor do mundo em startups.
Os investimentos em tecnologia fazem parte de um projeto da Arábia Saudita chamado de “Visão Saudita 2030”, que quer diversificar e inovar a economia do país. O fundo de inteligência artificial faz parte desse projeto.
Entre os investimentos que o país já realiza no setor, se destaca o do supercomputador Shaheen III, lançado no final de 2023. A Arábia Saudita comprou cerca de 3 mil chips H100 da Nvidia pela Universidade de Ciência e Tecnologia King Abdullah para “abastecer” o computador. O chip H100 foi classificado pelo CEO da Nvidia, Jensen Huang, como “o primeiro dispositivo projetado para IA generativa”.
Os painéis contarão com personalidades de diversas áreas, entre eles fundadores de unicórnios, gestores de fundos de investimento nacionais e internacionais, executivos de grandes empresas multinacionais, entre outros. Veja a lista com alguns entre os 600 nomes confirmados:
*O jornalista viajou a Porto Alegre a convite da organização do South Summit Brazil 2024