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Com prejuízo de R$ 70 mi, Prevent Senior volta a vender planos e diz que CPI é página virada

A Prevent Senior viveu uma crise sanitária junto com uma crise institucional; agora, começa a retomar os planos com um produto novo no mercado

Fernando Parrillo, CEO da Prevent Senior: empresa voltou a vender planos e tem produto novo no mercado, voltado para atletas (Leandro Fonseca/Exame)

Fernando Parrillo, CEO da Prevent Senior: empresa voltou a vender planos e tem produto novo no mercado, voltado para atletas (Leandro Fonseca/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 2 de junho de 2022 às 08h00.

Última atualização em 2 de junho de 2022 às 10h49.

Os últimos anos não foram fáceis para o setor de saúde, que enfrentou uma crise sanitária sem precedentes. Mas a crise da Prevent Senior foi além. Alvo da CPI da Covid-19, a companhia precisou lidar com uma crise institucional é até hoje investigada pelo Ministério Público de São Paulo sob suspeita de conduta ilícita durante a pandemia.

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A empresa também teve que tomar providências para absorver um reajuste negativo nos planos de saúde, o que afetou suas receitas e gerou o primeiro prejuízo da companhia em anos. Enquanto isso, os beneficiários se queixavam de dificuldades para marcar exames e consultas, resultado da demanda reprimida por conta da pandemia.

Os problemas foram muitos, mas o céu está um pouco menos cinza para a operadora. Recentemente, a Prevent Senior voltou a oferecer planos de saúde após seis meses de vendas paralisadas, período no qual focou esforços em arrumar a casa. Na retomada, está oferecendo seus planos já conhecidos, e também terá um produto novo, voltado para o público que gosta de praticar esportes.

O novo plano, batizado de New On, oferece a assistência médica tradicional, e também um tratamento específico para quem pratica esportes, com possibilidade de acompanhamento com profissionais com foco em atividade física. Os beneficiários também poderão usar uma estrutura voltada para avaliação e recuperação de atletas, instalada na região de Moema, em São Paulo, que passou a funcionar há cerca de um mês. O plano New On deve estar no ar nos próximos dias.

Com a retomada nas vendas, a meta é voltar a operar no modelo que historicamente funcionou para a operadora, com foco em prevenção. “Na pandemia nos tornamos uma empresa voltada para a doença. Só se falava em pessoas contaminadas, UTI, respiradores”, diz Fernando Parrillo, presidente da Prevent Senior, em entrevista a EXAME. “Foi preciso mudar o mindset novamente, e entender que estamos cuidando das pessoas como sempre fizemos”, completa.

Reclamações e demanda reprimida

A expectativa é que a retomada de seu modelo ajude a diminuir a insatisfação de parte dos beneficiários. A Prevent Senior foi alvo de uma série de reclamações de clientes nos últimos meses. As queixas envolviam problemas como dificuldade em marcar consultas e exames e redução da rede credenciada.

Parrillo afirma que as reclamações são resultado da demanda reprimida da pandemia. No auge da covid-19, os pacientes adiaram consultas, exames e procedimentos. Depois, essa demanda veio como uma avalanche e pressionou o sistema da operadora, gerando demora nos agendamentos. Agora, segundo o CEO, a situação se normalizou. “Essas reclamações eram algo que a gente já esperava. Nosso sistema foi estrangulado de um momento para o outro e foi necessário um período e adaptação”, diz.

Sobre as queixas de descredenciamento, Parrillo afirma que, para dar conta da alta demanda que viria, a Prevent Senior credenciou prestadores de serviço de fora de sua rede, a fim de dar mais vazão aos pedidos de seus pacientes. Com a demanda caminhando para a normalidade, esses prestadores começaram a ser descredenciados.

Prejuízo e deflação

A receita da Prevent Senior cresceu 18% em 2021 e chegou a R$ 5,1 bilhões, ante R$ 4,3 bilhões em 2020. Ainda assim, após anos seguidos de lucro, a Prevent Senior teve em 2021 um prejuízo de R$ 70 milhões, ante lucro de R$ 495 milhões em 2020.

A explicação para isso, segundo Parrillo, está na deflação dos planos de saúde no ano passado. Em 2021, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou pela primeira vez um percentual de reajuste negativo para os planos de saúde individuais ou familiares, de -8,19%.  Segundo a agência, o percentual negativo refletia a queda das despesas assistenciais ocorrida no setor no ano de 2020 em virtude da pandemia de covid-19.

Isso afetou em cheio a Prevent Senior que trabalha principalmente com planos individuais. Pelos cálculos da companhia, a deflação nos planos resultou em uma perda de R$ 420 milhões em receita. “Se não fosse isso teríamos um resultado positivo da ordem de R$ 300 milhões”, diz Parrillo.

No final de maio, a ANS divulgou o reajuste de 15,5% para os planos individuais em 2022. A expectativa é que, com isso, as contas da operadora se equilibrem. Segundo Parrillo, o corte na receita no ano passado serviu para que a empresa revisse processos e buscasse caminhos para ser mais eficiente. “Vimos que tínhamos muitas melhorias a fazer e fizemos. Isso colocou a empresa em outro patamar”, diz.

CPI da covid-19

Ainda segundo o empresário, o resultado negativo em 2021 não tem relação com a CPI da covid-19 no Senado, que trouxe à tona uma série de denúncias contra a companhia. Após a CPI, a Prevent Senior foi alvo de investigação da Polícia Civil de São Paulo.

Encerrada em abril, a investigação isentou os funcionários da operadora dos crimes de homicídio e tentativa de homicídio, e concluiu que não havia provas de imperícia e negligência por parte dos médicos da operadora. A investigação também afastou motivação político-partidária.

A empresa ainda está sob investigação do Ministério Público, mas o empresário se diz confiante de que o desfecho será semelhante.

A operadora diz que não perdeu clientes por conta das denúncias e tem hoje cerca de 550 mil beneficiários. “Nossos beneficiários se mostraram muito parceiros da empresa em todo esse processo e nos deram um voto de confiança. Isso já é página virada”, disse Parrillo.

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Expansão e oportunidades

Os planos de expansão da operadora para os próximos anos continuam, segundo o CEO. A expectativa é abrir até cinco novos hospitais entre 2022 e 2023 e reforçar sua expansão em especial no Rio de Janeiro, onde entrou recentemente. Por enquanto a operadora atua na região com rede credenciada, e a meta é abrir dois hospitais próprios por lá nos próximos anos.

Parrilo também afirma que está atento a oportunidades de negócio, inclusive com possibilidades de aquisições. O empresário diz estar aberto por exemplo a uma possível aquisição da carteira de beneficiários individuais da Amil, cuja transferência para um grupo investidor foi cancelada pela ANS recentemente.

“Se todos concordarem e tiver boa oportunidade, óbvio que vamos agarrar. Mas com muita tranquilidade, as pessoas que têm que querer ser Prevent Senior”, diz.

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