Com Passaredo na disputa, Justiça julga venda de slots da Avianca
Na semana passada, a Passaredo linhas aéreas entrou na briga pelos ativos da companhia; Azul, Gol e Latam também querem participar da partilha
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2019 às 03h31.
Última atualização em 17 de junho de 2019 às 06h43.
Uma semana após ser adiado o julgamento que vai definir se a Avianca Brasil pode ou não colocar seus slots à venda, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deve finalmente bater o martelo nesta segunda-feira sobre o leilão de ativos da empresa controlada pelos irmãos colombiano-brasileiros Germán e José Efromovich. Se o certame for autorizado, outras companhias aéreas vão disputar a compra de direitos de pouso e decolagem nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas , em São Paulo, e no Santos Dumont , no Rio de Janeiro.
A ponte aérea entre as capitais paulista e fluminense é a rota mais rentável do país. Caso o Tribunal seja favorável ao leilão dos slots, já há ao menos quatro operadoras aéreas interessadas na compra. Além da Azul, da Gol e da Latam Brasil, que já tinham manifestado interesse, na semana passada a aérea Passaredo anunciou que irá entrar na briga. Sediada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, a companhia que atua em voos regionais já solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil ( Anac ) o direito de assumir ao menos 10 slots no aeroporto de Congonhas.
Ao Estadão o controlador da Passaredo, José Luiz Felício Filho, justificou que, pelas regras atuais, a empresa deve ser considerada um novo entrante em Congonhas, e portanto teria direito a 50% dos slots da Avianca Brasil caso a empresa vá à falência ou deixe de operar. Além da Passaredo, a única empresa nacional do setor que poderia ser classificada como novo entrante seria a MAP Linhas Aéreas, companhia com operações apenas nos estados do Amazonas e Pará.
Já a Azul disse que não vai mais aumentar o valor oferecido em sua última proposta, de 145 milhões de dólares. A companhia havia fechado em março um acordo exclusivo para comprar o núcleo das operações da Avianca por 105 milhões de dólares, mas foi pega de surpresa algumas semanas depois, quando o fundo americano Elliott – maior credor da Avianca – elaborou um plano alternativo de venda dos ativos com companhias aéreas concorrentes.
A decisão de hoje deve selar o destino da Avianca Brasil, que pediu recuperação judicial em dezembro passado e teve suas operações suspensas por razões de segurança pela Anac em 24 de maio, depois de cancelar milhares de voos e demitir grande parte dos seus funcionários. Culpando a crise econômica, a variação no preço dos combustíveis e a alta volatilidade do câmbio, a antiga OceanAir acumula uma dívida de 2,8 bilhões de reais.
Quando se completar um mês da suspensão das operações da Avianca Brasil, a Anac já pode distribuir os seus slots para a concorrência. Sem uma definição sobre o leilão dos ativos, a validade do plano de recuperação judicial também pode ser questionada e a falência fica mais próxima. A cada dia que passa, diminuem as esperanças de um final feliz para os funcionários, os clientes, os fornecedores e os investidores da companhia.