Anti-desmatamento, uma trader quer rastrear toda a soja vinda do Brasil
A ADM pretende rastrear até 2022 toda a soja comprada do Brasil, o maior exportador da commodity, em mais uma da série de promessas feitas pelas maiores operadoras de commodities agrícolas
Leo Branco
Publicado em 17 de março de 2021 às 11h34.
Última atualização em 17 de março de 2021 às 11h38.
A Archer-Daniels-Midland (ADM) pretende rastrear até 2022 toda a soja comprada do Brasil , o maior exportador da commodity , em mais uma da série de promessas feitas pelas maiores operadoras de commodities agrícolas do mundo.
A empresa de Chicago, que representa a letra ‘A’ no quarteto de tradings agrícolas que dominam o mercado, disse que a mudança permitirá originar soja apenas em regiões que não foram desmatadas ou que não sofreram conversão de terras, disse o diretor financeiro Ray Young em evento virtual organizado pelo Financial Times.
Consumidores estão cada vez mais preocupados com o impacto social e ambiental do carrinho de compras e têm exigido mais informações sobre a procedência dos alimentos e se foram produzidos de forma ética. Tradings de soja estão sob pressão de empresas de alimentos e varejistas por sua contribuição para o desmatamento nas regiões do Cerrado e da Amazônia.
“Em 2022, teremos 100% de rastreabilidade em termos de toda a soja que compramos na América do Sul”, disse Young. “Poderemos originar apenas em regiões que não têm desmatamento ou conversão de terras” e influenciar a forma como a soja é plantada no Cerrado, afirmou.
A meta da ADM é para toda a soja comprada do Brasil, incluindo a que adquire de terceiros, disse Young. O compromisso tem um dos prazos mais ambiciosos do setor. A Cofco International, braço de trading da maior empresa de alimentos da China, prometeu rastreabilidade total até 2023, enquanto outras operadoras tentam medir o avanço de maneiras diferentes.
“Ao fazer isso como líder, na verdade incentivamos práticas sustentáveis de todos os agricultores da região”, disse sobre a meta. “Temos um papel significativo a desempenhar em termos de incentivo de práticas agrícolas sustentáveis no mundo.”
A ADM há anos tem reduzido o peso do comércio de commodities agrícolas a granel para a fabricação de alimentos com margens mais altas. A empresa espera que, até 2050, a unidade de nutrição, que inclui o segmento de proteínas à base de plantas, se torne tão grande ou até maior do que o tradicional negócio de compra e embarque de produtos agrícolas.
“Simplesmente não podemos contar com proteínas de origem animal no futuro”, disse o executivo, destacando a contribuição da pecuária para as emissões globais com o crescimento da população.
A ADM diz que agora é a maior fornecedora de proteína vegetal do mundo. A empresa também avança em proteínas à base de células e microbianas, bem como algas e insetos.