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(Edna Marcelino/E&E Fotografia/Heineken/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 16 de março de 2018 às 08h00.
Última atualização em 16 de março de 2018 às 08h00.
São Paulo - No meio de um escritório, há um bar com diversas torneiras de chope. Há Heineken, Kaiser, Devassa, Baden Baden, Amstel e Schin, tudo em um mesmo lugar.
A situação seria estranha, se não fosse o escritório da própria Heineken, dona dessas marcas. Juntar todas as cervejas de seu portfólio em um mesmo espaço é o objetivo do novo escritório da empresa, inaugurado no início do ano.
Ela integrou, sob o mesmo teto, as marcas da Brasil Kirin, que foi adquirida em fevereiro de 2017.
Veja nas imagens por dentro do novo escritório da Heineken em São Paulo e que ações ela tomou para integrar as duas companhias.
A Heineken chegou ao Brasil em 2010, com a compra da Femsa, fabricante das marcas Kaiser e Sol no país. A aquisição foi avaliada em 7,7 bilhões de dólares ou 5,3 bilhões de euros. Em 2016, ela trouxe a Amstel ao país.
Já em fevereiro de 2017, comprou a Brasil Kirin, com as marcas Devassa, Schin, Glacial, Eisenbahn e Baden Baden. A transação, de 664 milhões de euros, transformou a companhia holandesa na segunda maior fabricante de cervejas do mercado brasileiro, atrás da Ambev.
A Kirin estava há pouco tempo no Brasil. A cervejaria japonesa havia comprado, as 12 fábricas e marcas da Schincariol, que já era dona das bebidas Schin e das cervejarias Devassa e Baden Baden. A compra, feita em 2011, teve valor de 3,9 bilhões de dólares.
Para representar todas as cervejas em um mesmo espaço, as salas de reunião da nova sede são inspiradas em todas as marcas da cervejaria.
Com a aprovação da aquisição pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em maio do ano passado, a companhia começou a integrar as duas operações.
O processo foi complexo. Em primeiro lugar, pela diferença de tamanho das companhias: a Heineken, que tinha 2 mil funcionários, adquiriu a Kirin com 11 mil colaboradores. Atualmente, com contratações, já são 13 mil, a maior parte em fábricas.
Outro obstáculo foi a distância geográfica. Enquanto a Heineken tinha uma sede em São Paulo, a Brasil Kirin tinha escritório e fábrica em Itu, cidade no interior do estado.
A empresa também precisou revisar sistemas de tecnologia, políticas de benefícios e processos internos. “Ainda há muito trabalho a ser feito, por serem companhias tão grandes”, disse Nelcina Tropardi, vice-presidente de assuntos corporativos.
Integrar os colaboradores foi o passo seguinte. Logo de cara, o departamento de recursos humanos percebeu que precisaria alinhar a cultura das duas companhias.
Então criou comitês de cultura para investigar o que os funcionários de cada divisão pensavam sobre os valores. “Descobrimos que havia vários pontos em comum, como o respeito, segurança e qualidade”, afirmou Raquel Zagui, vice-presidente de recursos humanos.
A inclusão e a diversidade, também valores da companhia, estão representadas em alguns pontos do escritório, como a sala para amamentação e o banheiro unissex.
Depois da integração de sistemas e de culturas, chegou a hora da integração física da companhia. O primeiro passo foi escolher o novo prédio. A empresa já havia escolhido a cidade de São Paulo como local do novo escritório, pela proximidade com o espaço antigo da Heineken.
Depois de pesquisar as melhores opções, apresentaram duas opções de prédios para os funcionários, com a descrição de tudo o que havia em cada um, como opções de estacionamento, acesso por transporte público e opções de restaurante ao entorno.
Cada andar do novo prédio tem ambientes de integração e descontração que simulam os pontos de venda e de consumo das marcas da Heineken. Há um boteco, que pode ser visto na foto, um mercadinho e um pub.
Para que a mudança fosse mais tranquila para todos os funcionários, a companhia chamou voluntários para integrar um comitê de mudança. O comitê recebia reclamações, dúvidas e sugestões dos funcionários e passava para as equipes de assuntos corporativos e recursos humanos, responsáveis por decidir os detalhes do novo escritório.
Já nas vésperas da mudança, o comitê postou fotos e vídeos no Instagram e nos meios de comunicação internos da Heineken, para criar uma atmosfera de entusiasmo. Também entregaram um folder com informações como localização de farmácias, escolas, restaurantes, manicures e academias perto do novo local de trabalho, para aqueles que vinham de longe e não conheciam a região.
No dia da mudança, cada um era incentivado a fazer check-in no novo escritório, girando uma lâmpada no lugar determinado pelo seu nome. O painel faz uma referência ao slogan da Heineken, “we’re all made of stars” (“somos todos feitos de estrelas”).
O comitê de mudança ainda está ativo, mesmo depois que a mudança foi finalizada. Hoje, o papel do grupo é medir o clima e engajamento interno e propor ações para melhorar o cenário. “Eles são embaixadores da cultura da empresa e ajudam a envolver o restante da equipe ou a trazer as reclamações que precisam ser resolvidas”, afirmou Zagui.
A escada, que une dois dos andares usados pela Heineken no prédio, também é um símbolo de integração e transparência. Os nomes de todos os funcionários do escritório estão ao lado de um QR Code, que pode ser escaneado com o celular e leva a informações sobre as preferências e características de cada um.
No novo escritório, o tamanho das salas dos executivos foi reduzido para dar prioridade aos ambientes de conversas e reuniões. Há mesas altas, sofás e salas privativas espalhadas pelo local.
Na imagem, está o bar do escritório. O espaço não fica disponível 100% do tempo: é usado a cada dois meses para a happy hour entre os funcionários. Aqui no bar acontecem as Happy Hour da empresa a cada dois meses. Nessas ocasiões, a empresa apresenta as novidades e lançamentos para os funcionários.
Para incentivar o consumo responsável, a empresa oferece voucher de táxi para seus funcionários voltarem para casa com segurança. O consumo responsável de bebidas alcoólicas também foi pauta durante o carnaval de 2018. Os funcionários da Heineken organizaram o “bloco dos moderados”, que tinha toten e até marchinha de carnaval, diz Tropardi.
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