Com lojas oficiais, Mercado Livre continua buscando confiança do cliente
Em entrevista à EXAME, Fernando Yunes, Vice-Presidente Sênior do Mercado Livre no Brasil, afirma que o movimento de levar marcas oficiais para o site é estratégico, assim como investimento em inteligência artificial
Victor Sena
Publicado em 26 de outubro de 2021 às 16h28.
Última atualização em 27 de outubro de 2021 às 15h28.
Pioneiro como um marketplace digital desde 1999, o Mercado Livre está apostando nas lojas oficiais de marcas grandes para reforçar a confiança dos clientes. O movimento começou nos últimos anos, mas ganhou força em 2021.
A última a entrar com espaço próprio no site foi a Nike. Antes disso, a marca não estava ali e qualquer produto da marca a entrar era "baixado", de acordo com as regras da fabricante, como descreve Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil.
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Em entrevista à EXAME, o executivo afirma que o movimento de levar marcas oficiais para dentro do Mercado Livre é estratégico para a imagem do site, assim como o alto investimento em inteligência artificial e algoritmos que analisam em menos de 1 segundo o risco de fraude do anunciante.
Hoje, Apple, Samsung, Arezzo, Nestlé e Grupo Pão de Açúcar são outras das marcas oficiais. Confira abaixo as principais partes da entrevista.
Depois do salto que o e-commerce deu devido à digitalização “forçada” causada pelo isolamento social da pandemia, como o senhor avalia este momento do Mercado Livre?
Havia algumas perguntas se neste momento do ano o e-commerce estaria regredindo ante o ano passado porque no ano passado tinha havido um salto muito grande. Algumas pessoas diziam que a penetração do e-commerce, que tinha saltado de 5% para 10%, provavelmente iria voltar para uns 8%. O que a gente tá vendo é que não. Foi de 5% para 10% neste ano e já está em uns 11,5%, e subindo, né. Talvez feche o ano em 12%. Então a tendência de fortalecer o consumo online é um fato. É uma mudança de comportamento estrutural. É para complementar o varejo físico.
O Mercado Livre tem apostado em mais lojas oficiais, como o "recém-inaugurado” espaço da Nike. Como essa estratégia faz parte da estratégia geral da empresa?
O movimento de lojas oficiais é estratégico. A gente intensificou muito a partir do início do ano passado trazendo muitas marcas fortes para o Mercado Livre, num movimento de consolidação da confiança no “Meli”. Então, a confiança é um pilar importante e a gente vem construindo também com a moderação dos sellers. Anúncios são ‘baixados’ com com uma frequência muito grande. A gente tem um time de 500 pessoas em inteligência artificial só para identificar anúncios fraudulentos ou produtos para garantir que a plataforma fique o mais limpa possível de produtos que não deveriam estar lá. Para complementar isso, veio a parceria com as grandes marcas, com lojas oficiais, em eletrônicos vieram Samsung, Apple, Motorola, Brastemp, Consul, Electrolux.
O que a loja oficial da Nike agrega a essa seleção?
Na hora em que a Nike, líder mundial em esportes, se junta com o Mercado Livre, é com uma visão de impulsionar ainda mais o tipo de produto de esporte e moda no comércio eletrônico. Hoje a penetração de moda no e-commerce está em 9%. No varejo físico, é 11,5%. Está um pouco abaixo da média. Então, com a entrada da Nike, a gente entende que vai ajudar a impulsionar e levar isso, por que não, para acima da média.
Como funcionam as equipes de prevenção de fraude do e-commerce?
A gente tem mais de 500 pessoas em tecnologia trabalhando nos algoritmos de inteligência artificial para identificar e para ‘baixar’ anúncios. São mais de 300 milhões de anúncios no Mercado Livre e mais de 1,2 milhão de vendas por dia. Então, é humanamente impossível fazer isso com pessoas. Hoje, em menos de 1 segundo, os produtos são analisados quase que em tempo real considerando 5.000 variáveis. Em 2020, baixamos 80.000 vendedores. Isso é um trabalho constante. Sempre vão ter pessoas tentando entrar e vender coisas erradas, assim como no mercado físico. Todos os anos, são 100 milhões de dólares por ano em prevenção a fraudes.
O Mercado Livre tá numa curva de aprendizado muito na frente. São 22 anos atuando em marketplace. Isso propiciou que grandes marcas trabalhassem com a gente. Samsung e Apple são as maiores marcas do mundo e elas não estariam num local com produtos fraudados. Também se critica muito a informalidade no Mercado Livre, mas hoje 91% dos produtos são entregues a partir de nossa logística própria e todos têm nota fiscal. Apenas 5% são de pessoas físicas vendendo produtos usados, que é uma coisa que mantemos.