(Linda Lifetech/Divulgação)
O câncer de mama é o câncer que mais mata mulheres no mundo. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente neste ano, estima-se que 66.280 novos casos da doença sejam diagnosticados no Brasil.
As mamografias são o principal método para diagnóstico do câncer de mama atualmente, mas funcionam melhor em mulheres acima dos 40 anos.
Antes desse período, as mamas são mais densas e a detecção pelo mamógrafo é mais difícil, o que gera um maior número de erros nos resultados, além exposição desnecessária à radiação.
Mas e se, por meio de inteligência artificial, fosse possível detectar o câncer de mama precocemente sem precisar se submeter a uma mamografia que, diga-se, pode ser bem incômoda?
É essa a proposta da Linda Lifetech, startup fundada em 2017 pelos empreendedores Luis Renato Lui, Rubens Mendrone, Rodrigo Victorio e Raquele Rebello.
Mendrone, que foi executivo da IBM, apresentou o projeto durante um hackaton da companhia. A proposta da Linda consiste em um sensor infravermelho que captura a imagem da mama da paciente e envia para um servidor na nuvem.
De lá, com ajuda de inteligência artificial, a imagem é comparada com um banco de dados, que conta com mais de 5 milhões de informações, em busca de indícios de lesões cancerígenas.
“Avaliamos questões como hipervascularização e contraste de temperatura, por exemplo. Quanto mais a ferramenta for utilizada, mais dados ela terá e o diagnóstico será cada vez mais aprimorado”, diz Rubens Mendrone.
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Desde que nasceu, a Linda já realizou mais de 12 mil exames e, atualmente, conta com 14 clientes, majoritariamente da rede pública como redes de saúde do Maranhão, São Caetano do Sul (SP) e Goiana, no interior de Pernambuco.
Além disso, também realizou parcerias com ONGS, como a Associação Mulheres de Peito.
“Mais de 80% das mamografias dão resultados negativos, enquanto isso diversas cidades não têm mamógrafos. Essa falta de assertividade gera um gargalo para o sistema público, que já não dá conta de atender todo mundo”, afirma Luis Renato Lui.
A ideia, porém, é ser uma tecnologia complementar aos mamógrafos. “Não queremos acabar com as mamografias, mas sim contribuir para que elas sejam feitas quando, de fato, é necessário. O que entregamos são achados suspeitos para acelerar o processo de diagnóstico e aumentar as possibilidades de cura”, diz Luis.
A Linda não cobra pelo equipamento, que é entregue aos clientes em forma de comodato. A monetização vem por meio da cobrança de uma franquia, que dá direito a 220 exames por mês. “É como se fosse TV por assinatura”, brinca Luis.
Até agora, a Linda já captou cerca de R$ 8 milhões em investimento com fundos familiares e está prestes a fazer uma nova rodada de investimentos, prevista para levantar R$ 20 milhões. Porém, os planos são ambiciosos e incluem, inclusive, abertura de operações fora do Brasil.
“O câncer é um problema global. Já recebemos convites para participar de feiras no Canadá e na França. Mas o mercado de saúde é bastante regulado, não dá para fazer MVP. Estamos caminhando e isso deve ser algo de longo e médio prazo”, completa Luis.
Atualização com o posicionamento da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP sobre o tema:
"No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento do câncer de mama com termografia, seja isoladamente, seja em conjunto com a mamografia (recomendação contrária forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios), pois até o momento não foram identificados estudos sobre a eficácia do rastreamento com termografia mamária na redução da mortalidade geral ou por câncer de mama. Também não foram identificados estudos que demonstrem benefícios na incorporação da termografia na linha de cuidados da mama", diz a sociedade, em nota.