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Com Inco, Vale se internacionaliza e muda fontes de receita

Aquisição da mineradora canadense transforma o níquel em segunda fonte de receita da brasileira e permite à companhia diversificar seus ativos no exterior

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Com a compra da canadense Inco, o níquel - metal explorado pela empresa - torna-se a segunda maior fonte de faturamento da Companhia Vale do Rio Doce. Em um estudo apresentado a analistas estrangeiros no início de outubro, a Vale estima que, se a Inco já fizesse parte do grupo em 2005, a receita da mineradora brasileira seria de 17,9 bilhões de dólares, 33,6% superior ao faturamento efetivamente registrado. As vendas de níquel responderiam por 20% do faturamento estimado, atrás apenas do minério de ferro, que veria sua participação cair de 74% sobre as receitas - no resultado real - para 56% na demonstração.

Até esta segunda-feira (23/10), quando a Vale concluiu a aquisição da Inco, a brasileira mantinha apenas projetos em implantação no setor de níquel. O mais adiantados deles é o de Onça Puma, no Pará. O projeto chegou à Vale por meio da aquisição da também canadense Canico, concluída no início deste ano. O começo da operação comercial está previsto para o segundo semestre de 2008. A estimativa é de uma produção inicial de 55 000 toneladas por ano. Outro projeto em andamento é o de Vermelho, cuja produção - 46 000 toneladas - só deve começar no primeiro semestre de 2010.

Somente com a Inco, a Vale já se torna o segundo maior produtor de níquel e a segunda maior mineradora diversificada do mundo. Com o início da produção dos demais projetos, a empresa pode alcançar a liderança do mercado. Em reservas, porém, a nova controlada já é líder mundial. As jazidas da Inco estão estimadas em 7,8 milhões de toneladas, à frente da russa Norilsk Nickel, que possui 6 milhões de toneladas, e da anglo-australiana BHP Billiton, maior mineradora diversificada do planeta, e com reservas de níquel de 4,6 milhões de toneladas.

Demanda crescente

Atualmente, 62% da demanda mundial de níquel vai para a produção de aço inoxidável. As ligas de metais não-ferrosos são o segundo maior mercado, com 14% da demanda. As vendas da Inco são menos concentradas. Os aços inoxidáveis e as ligas de aço representam 41% dos pedidos. A galvanização soma 24% das encomendas e as ligas não ferrosas, 17%.

Segundo a Vale, a entrada no mercado de níquel permitirá atender a demandas diferenciadas tanto dos mercados emergentes, quanto dos países desenvolvidos. O primeiro grupo de nações deve ampliar o consumo de níquel para suprir suas necessidades de infra-estrutura, construção civil e indústria automotiva, entre outros. Já nos países mais ricos, o níquel deve ser cada vez mais consumido pelo setor aeroespacial, produção de computadores, veículos elétricos híbridos e telefones celulares, por exemplo.

As estimativas da mineradora brasileira apontam para uma expansão da demanda de níquel, para o mercado de aço inoxidável, de 5% ao ano, entre 2006 e 2008. Já para outras aplicações, o consumo do metal crescerá cerca de 4,6% ao ano no mesmo período. Outro fator que deve impulsionar as vendas é a China. O país pretende tornar-se o maior produtor de aço inoxidável do mundo até 2010, com uma capacidade instalada de 12 milhões de toneladas por ano.

Apesar de já ser uma empresa de porte mundial, líder no mercado de minério de ferro e pelotas, o Brasil ainda respondia por 98% dos ativos da Vale. A compra da Inco também permitirá à empresa reduzir essa participação. Também em um exercício apresentado a analistas recentemente, se a Inco já estivesse incorporada à Vale em 2005, o Brasil passaria a representar apenas 60% dos ativos da mineradora. A América do Norte ficaria com 27% e a Ásia, com 5%. O total de ativos também cresceria dos 14,2 bilhões de dólares apurados no ano passado, para um valor de 22,6 bilhões.

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