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Com chocolate artesanal amazônico, empreendedora cria rede de empoderamento feminino

Kakao Blumenn, que produz cerca de 2,4 toneladas da iguaria por ano, viu o faturamento quadruplicar em três anos e a perspectiva é iniciar a exportação dos produtos sob demanda em 2025

Verônica Preuss, fundadora da Kakao Blumenn: chocolate artesanal cresce e valoriza mulheres da Amazônia.
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 13 de novembro de 2024 às 15h00.

São necessários cerca de 45 dias entre a colheita do cacau e a transformação dos chocolates da Kakao Blumenn, uma fábrica artesanal na Amazônia que produz 200 quilos de chocolate por mês. À frente da empresa está Verônica Preuss, de Santa Catarina, que mora na Agrovila Duque de Caxias, a 100 quilômetros de Altamira (Pará), em uma comunidade com cerca de 1.500 habitantes.

Conquistas e prêmios de destaque

A trajetória de Verônica inclui lutas por **energia elétrica e educação** e foi coroada com o prêmio de bronze da melhor amêndoa do Brasil pelo Centro de Inovação do Cacau (CIC) em 2021, e com o segundo lugar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria Produtora Rural, em 2022.

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Para Verônica, falar de chocolate é também falar de empoderamento feminino. Em 2000, ela chegou à comunidade no Pará e se deparou com a precariedade do local. “Não tinha energia elétrica e a Rodovia Transamazônica era de terra, o que dificultava o acesso. Foram dois anos de luta popular para as melhorias começarem”, conta.

Com seu perfil de liderança, Verônica ajudou a conquistar avanços para a região, que passou a contar com escola até o ensino médio. “Na comunidade, percebi que as mulheres eram chamadas apenas como esposa ou filha de alguém, o que me incomodava”, diz. Em resposta, criou um grupo para fortalecer a autoestima e a independência financeira das mulheres, que a apresentaram ao cultivo do cacau. “Foi uma paixão à primeira vista e uma oportunidade de protagonismo para essas mulheres”.

A realização do sonho de produzir chocolate

Em 2016, Verônica e o marido plantaram seis mil pés de cacau. Em 2020, a **Kakao Blumenn Chocolate Artesanal** começou a ganhar forma. “Comprei uma panela de fazer polenta e fiz minha primeira produção de chocolate”, lembra Verônica. Desde então, investe em especializações para extrair o melhor do cacau amazônico. Seu primeiro curso, realizado com uma choco maker de renome, durou quatro dias. “Apoiada pelo Sebrae, participei de treinamentos desde a **abertura da empresa** até o **registro de marca**”, afirma.

O processo de fabricação do chocolate é meticuloso. As amêndoas são fermentadas, secas e refinadas por até 96 horas em um moinho especial. Todo o chocolate é feito artesanalmente e sem conservantes, usando apenas cacau, manteiga de cacau, leite em pó integral e açúcar cristal. Atualmente, a propriedade conta com 11 mil pés de cacau e a produção anual é de 2,4 toneladas, com sabores regionais como açaí e cumaru.

Planos de expansão e exportação

Nos próximos anos, Verônica planeja expandir a produção da fábrica para 800 quilos por mês, quadruplicando o volume atual. Está também nos planos a construção de uma loja para estimular o turismo rural e fortalecer a rede de produtos artesanais feitos por mulheres da região. A logística, contudo, é um desafio, já que os chocolates são perecíveis e o transporte depende do aeroporto de Altamira. “O frete é caro, mas estamos negociando com companhias aéreas para reduzir custos”, explica.

Atualmente, grande parte das vendas é feita para o setor de hotéis e supermercados do Pará, e a empresa já se prepara para expandir para o mercado internacional. A Kakao Blumenn participará da plataforma Alibaba para exportações e tem planos de enviar chocolates diretamente para Dubai, Singapura e Uruguai. “Estivemos recentemente no Salão do Chocolate em Paris, onde realizamos rodadas de negócios para futuras parcerias internacionais”, diz Verônica.

Para ela, o segredo do sucesso está na resiliência. “Ano passado perdi minha filha de 34 anos, o que quase me fez desistir. Mas seguir em frente e empoderar outras pessoas é a melhor maneira de honrá-la”, conclui.

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