Negócios

Com agronegócio em alta, vendas de carrocerias apresentam recuperação

A demanda reprimida também vem impulsionando o mercado de implementos rodoviários, mesmo com a queda mais acentuada dos licenciamentos de caminhões

Ritmo de vendas de implementos está acima do mercado de caminhões (Ricardo Moraes/Reuters)

Ritmo de vendas de implementos está acima do mercado de caminhões (Ricardo Moraes/Reuters)

JE

Juliana Estigarribia

Publicado em 5 de outubro de 2020 às 13h25.

Embora o mercado de caminhões esteja amargando uma queda aproximada de 16%, o setor de implementos rodoviários -- também conhecidos como carrocerias -- está apresentando recuperação impulsionado pelo agronegócio e pela demanda reprimida dos últimos meses.

De janeiro a setembro, os emplacamentos da indústria atingiram 85.000 unidades, queda de 4,31% sobre o mesmo período de 2019. Norberto Fabris, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), afirma que o ritmo de vendas vem melhorando mês a mês, o que mostra sinais claros de recuperação. "Com este desempenho, podemos até zerar essa queda no encerramento do ano."

Um dos fatores que têm contribuído para este resultado é o bom desempenho do agronegócio, que neste ano deve aumentar a sua receita em mais de 13%, segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A indústria de implementos rodoviários é dividida em dois segmentos. O de leves (carroceria sobre chassis) registrou retração de 7% no acumulado do ano, para 38.000 emplacamentos. Já o de pesados (reboques e semirreboques) caiu apenas 1,8% no período, para 47.000 unidades, resultado principalmente de um desempenho melhor da safra atual.

No entanto, o presidente da Anfir relata que a expectativa é de uma retomada mais consistente do segmento leve em 2021, com a economia girando mais e estimulando as entregas nos centros urbanos.

Estruturação

Passado o pior período da pandemia, os fabricantes do setor -- que incluem grandes empresas como Randon, Noma e Librelato -- estão retomando a capacidade de produção e, segundo Fabris, muitos deles já estão com a carteira de encomendas ocupada até meados de fevereiro do ano que vem.

No entanto, essa ocupação cheia esconde um longo período de crise enfrentada pelo setor. De 2014 a 2018, o nível de produção de implementos rodoviários caiu para menos de um terço do que era produzido em meados de 2011, auge dessa indústria.

Após amargar demissões e fechamento de fábricas, principalmente de menor porte, o setor se ajustou fortemente. "As empresas acabaram se reestruturando", afirma Fabris.

Em 2019, o setor teve uma forte retomada e emplacou cerca de 130.000 unidades. Para 2020, a Anfir projetava cerca de 100.000 emplacamentos, mas com o ritmo atual de vendas, a indústria caminha para um mercado estável em relação ao ano passado.

A taxa básica de juros Selic no menor nível da história também contribui para a retomada do setor. "Quanto menor a taxa de juros, mais ajuda nas vendas de implementos rodoviários", diz Fabris.

Acompanhe tudo sobre:CaminhõesRandon

Mais de Negócios

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia

"Bar da boiadeira" faz investimento coletivo para abrir novas unidades e faturar R$ 90 milhões

Haier e Hisense lideram boom de exportações chinesas de eletrodomésticos em 2024