Cofco Brasil deve elevar produção de etanol em 2018/19
Setor não descarta "recomprar" parte do açúcar já negociado para fazer mais biocombustível, atualmente mais rentável para as usinas
Reuters
Publicado em 26 de abril de 2018 às 15h21.
A Cofco Brasil deve elevar a produção de etanol na safra 2018/19 do centro-sul brasileiro, iniciada neste mês, e o setor não descarta "recomprar" parte do açúcar já negociado para fabricar ainda mais biocombustível em meio ao derretimento dos preços internacionais do adoçante SBc1, disse à Reuters nesta quinta-feira um executivo da companhia.
Subsidiária da gigante chinesa Cofco, a Cofco Brasil possui quatro usinas no Estado de São Paulo , principal produtor nacional, com capacidade instalada para processar cerca de 15 milhões de toneladas de cana por temporada.
No atual ciclo, a expectativa é operar perto da capacidade máxima, com moagem em torno de 1 milhão de toneladas maior na comparação anual, mas com maior direcionamento de matéria-prima para a produção de etanol, disse o chefe de trading de açúcar da empresa no Brasil, Mauricio Sacramento.
"Vamos aumentar o mix (de etanol) em seis pontos percentuais. O de açúcar vai cair de 67 para 61 por cento", afirmou ele no intervalo da conferência internacional de açúcar e etanol da F.O. Licht, realizada em São Paulo.
Sacramento não precisou o volume de produção de álcool na safra vigente, mas destacou que a de açúcar deve ficar praticamente estável, em cerca de 1,1 milhão de toneladas.
O executivo salientou que a Cofco Brasil fixou preços, ainda no ano passado, de praticamente 100 por cento das suas vendas de açúcar da safra 2018/19.
Desse modo, a companhia está, hoje, menos exposta à forte queda das cotações da commodity na Bolsa de Nova York, para o menor nível em vários anos.
Entretanto, a empresa monitora o desenrolar do mercado e o setor não descarta "recomprar" parte do açúcar já negociado para fazer mais etanol --o biocombustível tem se mostrado mais remunerador para as usinas, e sua demanda tem se mantido bem firme no Brasil.
"Se tiver de fazer mais etanol, vamos recomprar o açúcar", destacou Sacramento, referindo-se ao setor.
Ele não detalhou como seria feita essa recompra. Se poderia ocorrer como pagamento de uma multa para quem comprou o açúcar, com o objetivo de aproveitar mais cana para a produção do biocombustível.