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Clubes de futebol investem mal, diz relatório

Análise do Itaú BBA destrincha gastos, investimentos e dívidas dos 23 principais clubes de futebol do país


	Clubes se baseiam na venda de jogadores, mas não é todo ano que se transfere um Lucas ou um Neymar, como foi em 2013
 (Robert Cianflone/Getty Images)

Clubes se baseiam na venda de jogadores, mas não é todo ano que se transfere um Lucas ou um Neymar, como foi em 2013 (Robert Cianflone/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 2 de outubro de 2014 às 12h09.

São Paulo – As receitas dos clubes de futebol cresceram apenas 9% em 2013, após três anos de altas expressivas. Por outro lado, as dívidas cresceram 22%, ou R$ 681 milhões.

Esses dados refletem o panorama da saúde financeira das entidades. Os clubes de futebol brasileiros gastam mal seus recursos, com poucos investimentos pensados para o longo prazo e uso de soluções imediatas para fechar o caixa, nem sempre recomendáveis.

É o que avalia um relatório da Área de Crédito do Itaú BBA. A análise foi baseada exclusivamente em informações públicas e sem contato com os clubes e descreve gastos, investimentos, dívidas e patrimônio dos 23 maiores clubes de futebol brasileiros.

Um dos principais pontos destacados no relatório é a diferença entre as receitas de um clube e suas receitas recorrentes.

César Grafietti, gerente de crédito do Itaú BBA e coordenador da pesquisa, avalia que muitos clubes planejam seus orçamentos com base em receitas que não podem ser previstas, como a vendas de direitos econômicos de atletas. 

A receita com essas movimentações de atletas gerou R$ 260 milhões adicionais, crescimento de 65% sobre 2012. Ainda que seja um volume impressionante, não pode ser previsto.

“Não é todo ano que se transfere um Lucas (vendido para o francês Paris Saint-Germain pelo valor recorde de 43 milhões de euros) ou um Neymar (que foi para o Barcelona por 28 milhões de euros), como foi em 2013”, afirma o relatório. Essas movimentações inflaram os números e correspondem a cerca de 70% do incremento observado.

Segundo o gerente de crédito, seria mais recomendável depender de contratos de patrocínios e receitas de TV, que são contratos mais longos, e da bilheteria.

Os investimentos dos times também são questionáveis. Para Grafietti, o investimento mais recomendável seria o feito na categoria de base. “Sai muito mais barato formar um bom atleta do que comprar um já pronto”, diz Grafietti.

Em 2013, os investimentos subiram 29%. Parte expressiva foi em estrutura, que inclui reformas de estádios e centros de treinamento: cresceram 59% e atingiram a marca de R$ 291 milhões. 

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