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Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2011 às 14h34.
Churrasco sem cerveja não é churrasco. Não há brasileiro que discorde disso. Pensando em faturar em cima dessa observação, cinco gaúchos da mesma família, radicados no Rio de Janeiro, resolveram seguir a sabedoria popular não só no lazer, mas no trabalho. Resultado: a rede de churrascarias da qual são sócios, o Porcão, uma das mais requintadas da cidade - e com filiais em Brasília, Recife, Miami e Lisboa --, servirá em breve sua própria marca de cerveja, já batizada como Carioca.
O plano dos sócios do Porcão, que não divulgam o faturamento da empresa, é lançar a bebida no primeiro semestre deste ano. Para isso, só falta acertar sua estratégia de lançamento, já que a cerveja está pronta. Há um ano e três meses ela é vendida, sem rótulo, em um dos restaurantes do grupo, a Galeria Gourmet, onde fica a cervejaria. A cerveja é uma forma de reter os atuais clientes e atrair outros , diz Neodi Mocellin, de 47 anos, fundador e um dos diretores do Porcão. Substituir o tradicional chope da Brahma, vendido atualmente em seus restaurantes, não o preocupa. Nosso risco é pequeno, pois a cerveja já é bem aceita , diz ele.
Mocellin acostumou-se a correr riscos antes mesmo de abrir seu negócio. Aos 16 anos, tendo apenas cursado o primário, ele saiu de sua cidade, Nova Bréscia, para tentar a sorte no Rio de Janeiro. Escolheu a cidade por sua beleza. Meu pai me dizia que estudar não trazia dinheiro , afirma. Larguei a escola e vim trabalhar como garçom.
Há 27 anos, ele e seu primo Valdir, também garçom, arriscaram suas economias na abertura da Churrascaria Riograndense, na Avenida Brasil, a principal via de entrada na cidade. Um acidente levaria, seis meses depois, à mudança do nome. Após uma tempestade, a placa do restaurante foi destruída e a loja ganhou dos clientes o apelido Porcão, inspirado na logomarca do hipermercado vizinho, a antiga Casas da Banha.
Enquanto a Casas da Banha fechava lojas Brasil afora, o Porcão abria restaurantes no Rio de Janeiro e em outras cidades do país e do mundo. Mocellin atribui esse sucesso a uma idéia que partiu de sua vivência como garçom: a diversificação do rodízio. O cliente tinha pouquíssimas opções de carnes e acompanhamentos , diz. Fomos os primeiros a oferecer um serviço mais variado. Quem vai a um Porcão observa um intenso vaivém dos garçons entre as mesas e encontra uma grande fartura de carnes, saladas, doces e até comida japonesa.
A fórmula que dá certo nas seis lojas cariocas do Porcão é reproduzida nas outras cidades sem qualquer adaptação. Nessas filiais, a empresa tem sócios (em Recife e Brasília) ou franqueados (Miami e Lisboa) que conheceram a rede como meros clientes. Eles gostaram do que viram - e, principalmente, comeram e decidiram investir no negócio. Nos últimos três anos, dezenas de pessoas quiseram seguir esse caminho. Mas não tiveram sucesso. Recebemos, em média, cinco pedidos de franquia por semana , afirma Mocellin. Todos eles são analisados e, em seguida, recusados. Para se ter uma idéia do investimento, abrir um Porcão nos Estados Unidos não custa menos de 2 milhões de dólares.
A cifra é estimada com facilidade por Mocellin, que atualmente estuda com os sócios o mercado americano. A intenção deles é abrir restaurantes próprios em Nova York, Chicago, Atlanta e Houston até 2005. No mercado interno, Belo Horizonte e Brasília devem ganhar lojas do grupo nos próximos dois anos.
A boa freqüência da loja de Miami é o maior estímulo a novos investimentos nos Estados Unidos. A legislação do país, por sua vez, é um dos desafios a superar: na terra do McDonald s, Mocellin se diz obrigado a usar carne americana. Assim, buscar fornecedores torna-se uma tarefa inevitável, à qual eles estavam desacostumados. Grande parte dos fornecedores do grupo são seus parceiros há mais de 20 anos. Cerca de 70% da carne servida no Porcão, por exemplo, é trazida da Argentina. Lá, os produtores - e fiéis fornecedores do Porcão até aceitam o pagamento em real na hora de vender sua mercadoria para o grupo.