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CEO brasileira da Pandora quer conquistar as massas

"Minhas portas são abertas, maravilhosas, e oferecemos descontos”, diz a CEO Rachel Maia.

Rachel Maia, da joalheria Pandora: a única CEO negra do Brasil (Germano Luders/VOCÊ S/A)

Mariana Desidério

Publicado em 25 de outubro de 2017 às 10h35.

Última atualização em 28 de março de 2018 às 17h00.

Rachel Maia não é o tipo de presidente de empresa que você encontra todos os dias.

Seu escritório no 13º andar de um típico edifício comercial envolto em vidro fumê no distrito financeiro de São Paulo é completamente zen, com tapetes felpudos, poltronas confortáveis e aroma de óleos essenciais no ar. A CEO de 46 anos está vestida com uma roupa esvoaçante, coberta de joias, com sapatos baixos, em vez dos saltos altos tão usados pelas empresárias de alto escalão. Ninguém poderia imaginar que ela está sob pressão para mostrar resultados no comando da unidade brasileira da joalheria dinamarquesa Pandora, em um momento em que o Brasil está lutando para sair de uma recessão de dois anos.

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A estratégia da Pandora se baseia em uma política de portas abertas, proporcionando um ambiente acolhedor para todos os potenciais clientes e não apenas àqueles que aparentemente poderiam gastar muito dinheiro com os conhecidos braceletes e charms da empresa. Algo como o dia de compras de Julia Roberts em “Uma linda mulher”, da década de 1990. Pode parecer antiquado nos EUA, mas acolher todos os estratos da sociedade é uma maneira de derrubar barreiras no Brasil.

“Estamos trabalhando para desmistificar o luxo no Brasil”, disse ela. “Antigamente, as lojas de joias recebiam clientes a portas fechadas. Minhas portas são abertas, maravilhosas, e oferecemos descontos.”

A Pandora, que chegou ao Brasil em uma época de expansão econômica, em 2009, viu o crescimento no país desaparecer no ano passado, deixando na saudade o crescimento anterior anual médio de 40 por cento nas vendas das mesmas lojas. A queda ocorre em um momento em que o crescimento nos EUA está enfraquecendo. Os EUA responderam por US$ 766 milhões da receita de US$ 1,02 bilhão da Pandora nas Américas no ano passado e o Brasil contribuiu com uma parcela significativa do restante.

Diversidade

Maia muitas vezes é a única mulher na sala — isso sem falar que é a única mulher negra. As iniciativas em prol da diversidade e da aceitação de mulheres executivas e empoderadas estão melhorando no Brasil, mas o progresso é lento. Nas quase 60 empresas listadas no índice de referência Ibovespa, nenhum dos CEOs é mulher ou negro.

Maia, nascida em São Paulo e ex-executiva da Tiffany, é otimista em todos os aspectos — em termos de vendas, as coisas começaram a melhorar em junho e ela prevê que a economia vai se recuperar no ano que vem, disse.

Os consumidores vêm encabeçando a recuperação econômica no Brasil, em um momento em que a inflação abaixo da meta e a queda dos juros dão impulso ao poder aquisitivo, mas a perspectiva continua nebulosa. As vendas no varejo caíram em agosto pela primeira vez em cinco meses e o cenário político não é muito mais claro. O atual governo provisório tem taxas de aprovação deploráveis e está realizando reformas polêmicas.

A Pandora precisa da recuperação do Brasil, pelo menos para deter os vendedores a descoberto, como a AQR Capital Management, que colocaram a joalheria na mira esperando que ela sofra nos EUA, onde o movimento nos shoppings está sob pressão. As ações da Pandora caíram 35 por cento neste ano, um dos piores desempenhos de 2017 no índice Stoxx Europe 600.

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