Celulares chineses atacam domínio da Apple nos EUA
As principais fabricantes de smartphones da China estão prontas para enfrentar a Apple em seu próprio território.
Mariana Desidério
Publicado em 16 de dezembro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 16 de dezembro de 2017 às 08h00.
As principais fabricantes de smartphones da China estão prontas para enfrentar a Apple em seu próprio território depois de terem derrotado a fabricante do iPhone no mercado chinês.
A Huawei Technologies e a Xiaomi estão negociando com operadoras de telefonia móvel dos EUA a venda de smartphones de ponta aos consumidores americanos já no próximo ano, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. As fabricantes estão negociando com operadoras como AT&T e Verizon Communications, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque o assunto é privado. As conversas ainda estão fluindo e é possível que nenhum acordo se materialize, disseram.
A Apple tem muito em jogo nos EUA, onde é a principal fabricante de smartphones. Nos últimos anos, a companhia se isolou da concorrência graças ao forte apoio das operadoras, que costumavam subsidiar seus caros aparelhos iPhone e diminuir o preço inicial para os clientes. Esses subsídios e descontos desapareceram à medida que as operadoras passaram a financiar aparelhos, dividindo os custos ao longo de dois anos.
A Huawei já tentou vender seu aparelho Mate 9 nos EUA através de sites de comércio eletrônico, como Amazon.com, mas trabalhar diretamente com as operadoras daria à maior fabricante de telefones da China uma presença mais ampla em todo os EUA através de lojas de varejo, sites das operadoras e comerciais de TV. A Huawei está negociando para vender uma linha de aparelhos de ponta através de operadoras dos EUA, mas a empresa chinesa também pretende vender o dispositivo Mate 10 através de canais de comércio eletrônico, disseram as pessoas.
Wang Xiang, executivo da Xiaomi, disse que a empresa pretende lançar telefones nos EUA dentro de dois anos, mas observou que o processo de trabalhar as especificações com cada operadora é demorado. A Xiaomi também analisa abrir lojas de varejo nos EUA para construir sua marca e vender seus monitores de atividades físicas, termostatos e aspiradores de pó antes de lançar um telefone, disse ele. Esses produtos já estão vendidos pela internet nos EUA. Verizon, AT&T e Huawei preferiram não comentar.
As fabricantes chinesas de celulares estão de olho no mercado americano em um momento oportuno. As operadoras dos EUA estão cortando subsídios e os consumidores cada vez mais pagam o preço total, em alguns casos, mais de US$ 1.000, por telefones de ponta. As rivais chinesas costumam vender aparelhos muito mais baratos. O modelo Mate 9, da Huawei, estava à venda na Amazon.com por US$ 400 na quinta-feira.
O mercado de telefonia dos EUA é dominado pela Apple e pela Samsung Electronics. Como a maioria dos telefones é comprada através de operadoras, é quase impossível que uma fabricante conquiste uma participação significativa no mercado sem o apoio da AT&T ou da Verizon, as duas maiores operadoras de redes sem fio dos EUA.
A Apple considera que a China é um de seus mercados mais importantes, mas as vendas têm caído nos últimos anos. A Apple vendeu 8,8 milhões de unidades de iPhone no terceiro trimestre na China, menos que Huawei, Oppo, Vivo e Xiaomi, estimou a IDC no mês passado. Isso dá à Apple pouco menos de 8 por cento do mercado chinês de smartphones, em comparação com pouco mais de 33 por cento para a Huawei e a Xiaomi combinadas, de acordo com o relatório da IDC.